Roberta canta Sofia Coppola na bela ‘Mais Alguém’. Impossível dissociar sua letra da viagem de Charlotte e Bob Harris, de Scarlett Johansson e Bill Murray em Lost in Translation (2003).
E num hotel lá no Japão / Vi o amor vencer o tédio / Por isso a hora é de vibrar /Mais um romance tem remédio”.
“Não deixe idéia de não ou talvez / Que talvez atrapalha”.
“O amor é um descanso / Quando a gente chega lá / Não há perigo no mundo / Que te impeça de chegar”. E ainda, “Caminhando sem receio / Vou brincar no seu jardim / De virada desço o queixo / E rio amarelo”.
Cade vez mais no clima de viagem.
Trilha Sonora Artista: Roberta Sá Música: Mais Alguém
Eu tenho uma tese um tanto quanto absurda. Às vezes me parece quase nítido que o melhor momento de uma viagem acontece extamente durante seus derradeiros preparativos. Teses estão aí para serem provadas ou não, é bem simples.
Então hoje adentro a esse ambiente de ansiedade antes de conhecer o desconhecido, afinal viagens são quase sempre uma busca interior que de algum modo iremos exteriorizar. Mas isso já está parecendo autoajuda, e todos já sabem que eu ODEIO isso... (risos).
Escolhi para o dia Regina Spektor e sua intrigante “Us” enquanto começo a tentar arrumar a minha mala. E arrumar mala é paradoxalmente muito legal e ao mesmo tempo terrivelmente complicado, pelo menos para mim.
Meus gatos me aguardavam na porta e me olharam com espanto.
Não, não estava vestido de papai noel... Eles me aguardam todos os dias, faça sol, chuva, o dólar suba ou desça, uma hecatombe abale o mundo ou não, ou simplesmente o que desejo traduzir: eles me amam!!!!
Pequenos prazeres, pequenas gentilezas que a vida me proporciona.
Dia cool para ouvir Nina acarinhando os nossos ouvidos, meu, seu, o de Bob e Fedora.
Alguém pergunta qual é a voz do natal que eu desejo cantar em 2011. Não sei, não faço muito ideia.
A dos anjos, a dos profetas, a de Maria, a de José? E quem sabe...
Talvez prefira apenas escutar Bowie e Crosby neste encontro tão bonito, singelo e fraterno de gerações diferentes entrelaçadas pela arte. O natal é uma ocasião triste, por muitos motivos, mas me alegra ouvir vozes errantes, cantando a simplicidade e, talvez isso resgate sim, a integridade de um nome pouco dito em nossos natais recentes: Jesus.
E Cee Lo Green me convida para dançar. Não sei se vou, estou de férias e por isso mesmo não sei se vou. Talvez ela tenha razão, eu sou alguém complicado, mas e daí? Isso não muda nada, ainda é sexta-feira e eu não quero sair para dançar, irei dançar aqui mesmo à minha maneira.
E depois amanhã é sábado, natal, não sei quem sabe amanhã a noite me baixa o Tony Manero e, então eu me esbalde de tanto dançar...
Às seis da manhã a noite terminou. Para ele a vida dava o seu último suspiro, sem nenhuma gloriosa despedida, nem sequer lágrimas de remorso, ou dores por seu passado de amarguras.
Dias antes o último adeus. Ciente da proximidade inevitável do fim juntou suas derradeiras forças para ir de encontro ao seu cofre particular em um renomado banco.
Resgatou dele um objeto guardando no bolso direito de seu casaco de couro. Ao chegar em casa discou para o número desejado e deixou um recado na secretaria eletrônica, era uma espécie inconsolável de dizer adeus.
Partiu sem vê-lo, nem mesmo ao longe. Sentiu apenas o perfume cítrico que costumava inalar quando o encontrava secretamente em noites e dias inesquecíveis.
As cinco e vinte daquela madrugada pediu ao seu enfermeiro que colocasse a sua canção predileta no Cd Player instalado propositalmente ao lado de seu leito:
Toque repetidamente até o raiar do dia, ou até cessar a minha respiração. Foi enfático, mesmo agonizando, o corpo, a alma, o coração.
And if a double-decker bus
Crashes into us
To die by your side
Such a heavenly way to die
And if a ten-ton truck
Kills the both of us
To die by your side
Well, the pleasure and the privilege is mine
No silêncio da manhã sobre o móvel do quarto - já vazio - o misterioso objeto: um porta retrato guardado como troféu, nele a imagem que carregou consigo para a eternidade.
A sonoridade do inglês mais brasileiro do pedaço é pontual. Ritchie possuí um talento nato para composições simples, porém belas. Nasceu na mesma cidade de David Bowie e Peter Frampton, Beckenham. Aqui uma parceria sua com o poeta Arnaldo Antunes a balada Outra Vez.
E pensar que no passado chamavam o Ritchie de ‘brega’ como se o brega fosse algo ruim. Na verdade o que falta hoje é estética e, conteúdo sobre qualquer assunto artístico. Então como devo chamar o “artista mais influente” do país (uma revista teve a pachorra de escrever isso) sobre o tal Luan Santana. Que piada! Fim de feira, um horror!
Lobão escreveu a canção em quinze minutos enquanto esperava a sua mulher, pensava, jurava que iria morrer em breve. Com as pistas fica fácil entender o tom urgente de suas palavras.
Um dia de despedidas. Partiram hoje artistas que marcaram sua existência com trabalhos delicados, pujantes e densos.
Calou-se uma das mais belas vozes da atualidade, Cesaria Évora aos 70 anos no Cabo Verde. Era chamada carinhosamente como a 'diva dos pés descalços', por sua origem simples. Carregou consigo mundo afora os sons de sua terra, mornas, fados, e nunca se esquecia de casa. Ouvir a voz de Évora era sempre comovente.
No Brasil ficamos órfãos de um dos baluartes do Teatro. Sérgio Britto morreu no Rio de Janeiro aos 88 anos. Levou consigo arte, amor ao teatro, inquietações e muito, mas muito talento.
O carnavalesco Joãosinho Trinta morreu neste sábado aos 78 anos em São Luís. Seus enredos de carnavais sempre rendiam algo surpreendente, ou se preferirem, extremamente humano.
O trabalho “Ratos e urubus, larguem a minha fantasia” criou polêmica com a Igreja Católica por colocar na Sapucaí um carro alegórico com o Cristo Redentor vestido como mendigo, em 1989. A imagem foi censurada e, sem perder a criatividade, Joãosinho Trinta resolveu cobrir o Cristo com plástico preto e a inscrição: “Mesmo proibido, olhai por nós.”
Imagino duas avenidas: Chove e faz frio numa, chove e faz calor na outra. Vejo pessoas andando pelas calçadas, algumas com passos curtos e apressados, algumas sorrindo, outras apenas compenetradas focando o chão, o calçamento adiante.
Numa das avenidas é fácil encontrar nas mãos dos transeuntes doces gelados (sorvetes), pouca roupa, óculos escuros para proteger os olhos, um clima de veraneio, mesmo distante da praia.
Na avenida do frio e da chuva o que eu consigo avistar são guarda-chuvas abertos que esbarram pelo caminho, muitos agasalhos, expressões faciais contraídas diante do vento gélido.
Noite e dia. Amor e ódio, calor e frio, são diferenças que marcadamente estamos expostos em nosso cotidiano. Como lhe damos com isso é outra história, às vezes de letra, noutras com muito barulho e algum destempero, mas sempre me veem a mente o toque humano. Um polonês que infelizmente já partiu criou com tenacidade e muita sensibilidade a trilogia humana, baseada nas cores:
A liberdade é azul, A Igualdade é Branca e A Fraternidade é Vermelha!
Nossos erros e falhas são parte essencial para que sejamos sempre, ainda por mais algumas gerações, pessoas andando pelas calçadas no frio ou calor, alegres ou tristes, desesperadas ou irritantemente felizes, mas acima de tudo longe do desejo insano de um dia parecermos com robôs.
Eu poderia estar aqui esculhambando a Adele, afinal de contas que vestidinho feio este aí no clipe, que na verdade é um DVD de um show lançando este ano. A canção é uma regravação, gosto da versão original de George Michael, mas não muito desta da cantora 'sensação'. Acho que não gosto muito dos arranjos de suas canções, ela possuí uma linda voz, e eu sou chato.
Por hora dou um tempo e vou ouvindo, mas os vestidinho preto é de lascar...
Essa vai para o “magrão” um revolucionário nato que talvez um dia este país possa entender a sua grandeza e generosidade.
Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, o Doutor, resolveu sair de cena na madrugada do último domingo, dia em que o seu Corinthians festejaria um título, porém a imagem do dia foi à homenagem dos jogadores e torcedores corintianos no Pacaembu erguendo seus braços antes do inicio da partida.
Perguntaram a ele quando ainda treinava no Botafogo de Ribeirão Preto:
-O que você faz na vida além de jogar bola?
-Eu estudo medicina.
-Que pena meu filho, pois o mundo poderia ver um dos maiores jogadores de todos os tempos...
Mesmo assim o Doutor encantou nos gramados e principalmente fora deles com sua postura firme, fosse contra quem fosse.
Quando morre um contestador, morre um pouco da minha alma inquieta. John Lennon e Sócrates, apenas para que eu nunca esqueça que na vida – ser você mesmo ainda é a melhor maneira de dizer SIM aos seus sonhos e inquietações.
Eu realmente não nasci para fazer parte do ‘coro dos contentes’, e como tem gente neste mundo que possuí um otimismo que beira a demência.
Ok, também existem os chatos como eu, e daí né? Cada um no seu quadrado...
O escambau! Eu nasci pra encher o saco dessa gente que acha graça em tudo, desde que possam lucrar com algo é claro.
Check up para carro... hahahaha, ou, ho, ho, hooo!
Carro não é gente, embora alguns sejam melhor companhia do que muitos seres humanos. Ihhh! Será que eu me encaixo nesta descrição? (Talvez).
Pois é, achei graça e fotografei... A publicidade produz coisas esdrúxulas e, os caras ainda recebem dinheiro por isso.
No dia em que o meu carro me convencer que ele é alguém digno de um check up eu o levarei ao Sírio Libanês.
Será que ele poderá ficar em um quarto particular? Conseguirá ele passar no teste ergométrico? É melhor o Kassab não ler esse texto, pois poderá criar um novo imposto. O Check up car.