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sexta-feira, 20 de março de 2015

Outono


Um olhar uma luz ou um par de pérolas...

O que é a pressa se não a ausência da calma, o atropelamento da paz, o não ouvir os cantos dos pássaros, nem sequer olhar a luz do dia...

Que o outono traga menos velocidade a tudo aquilo que mais importa nesta vida...


Vitrola: Djavan – Outono 

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Afogado



“Quem faz um poema salva um afogado”

Mário Quintana



Vitrola: Paralamas do Sucesso e Djavan – Lanterna dos Afogados                                  

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Berliner Mauer



Já era noite naquele 9 de novembro do ano da graça de 1989.
Estava em Berlim como alguém que ver cristalizar à sua frente um antigo sonho:

Caía o muro da vergonha, o muro da discórdia.
Era o fim dos blocos, da divisão Leste/Oeste, de um mundo configurado à base da força do pós-guerra.

Muro no Aurélio = parede forte que veda ou protege um recinto ou separa um lugar do outro.

Ruiu o monumento da tirania, uma separação anacrônica comparada somente à idade média. Enfim após 28 anos de cisma acontecia a reunificação da Alemanha.

A multidão festejava junto ao Portão de Brandeburgo o fim de uma era truculenta. Pais e mães pudiam finalmente reencontrar seus filhos e, familiares, até então meros estranhos eram apresentados depois de 28 anos de separação forçada.

O muro naquela noite e nos dias subsequentes transformou-se em uma autêntica passarela de carnaval. Todos dançavam, cantavam e batucavam em cima do que restara da intolerância materializada.

A Berlim de Jesse Owens, atleta medalhista de quatro medalhas de ouro nas olimpíadas de 1936 em plena vigência do regime hitlerista.

A Berlim das Asas do Desejo, “Der Himmel über Berlin” (1987) do cineasta Wim Wenders em seu duelo poético entre o divino e o efêmero.

A cidade de arquitetura arrojada, avenidas largas, prédios consistentes e maciços, atrativos culturais e, esportivos.

A Berlim de “Good Bye, Lenin!” (2003) dirigido por Wolfgang Becker, esta cidade e os seus moradores do leste e oeste martelaram aquele embuste à humanidade até o chão.
Eu imagino Berlim como uma espécie de Oz – colorida o suficiente para quebrar o monocromático de algum resquício de um passado tenebroso.

Imagino a minha Berlim como uma cena de cinema onde um personagem olha o espelho e diz a si mesmo:

-Eu sou alguém livre, preso apenas ao meu próprio vagar.

-Sou um amante sereno, um amigo afável e também difícil.

- Sou ocioso por vocação e sonhador por natureza.

-Sou contemplativo na medida do olhar – e não consigo enxergar Berlim (e a vida) sem a existência da poesia.

Pois lá está Berlim e já posso avista - lá:

William Shakespeare em pé sobre o Portão de Brandemburgo, o nosso guardião dos conceitos universais espia a multidão célere no seu vai-e- vem tresloucado.

Viro a rua e dou de cara com Clarice Lispector sentada no Café da Esquina.

Vou a um jogo do Hertha Berlin no Estádio Olímpico, e encontro com Nelson Rodrigues na arquibancada. Furioso, polêmico e intempestivo como sempre:

-Falta arte, falta sexo neste gramado verde!
Diria ele indignado com o futebol contemporâneo.

Kremlin, Berlim
Só pra te ver
E poder rir
Luzes, jasmim
Meu coração, vaso quebrado
Ilusão, fugir...

Nos meus sonhos Djavan surgiria cantando Topázio em meio ao inverno, da bela Berlim.