Já nem lembrava mais desta colaboração entre os ingleses do Duran Duran e o brazuca Milton Nascimento. Ela aconteceu no ano de 1993, a canção “Breath After Breath” traz na produção além dos artistas envolvidos, o pitaco sempre salutar de Peter Gabriel. Não deixa de ser uma produção globalizada – Inglaterra/Brasil/Argentina (locação escolhida para ambientar o videoclipe/As cataratas do lado dos hermanos).
O Duran Duran está chegando ao Brasil para participar do Festival SWU, e o faz em ótimo momento artístico, não franza a sua testa, é verdade. Envelhecer com sabedoria é para poucos, e os ingleses provaram isso nos últimos anos, principalmente com seu último disco de estúdio “All You Need Is Now” (2011) uma aula de pop elegante atual com auto referência.
Enquanto o país perde seu tempo discutindo a relação entre uma dupla chinfrim "sertaneja", eu prefiro respirar alento com os eternos garotos ingleses e o nosso Bituca. Talento neste caso não falta, sobra.
Conheci alguém e o seu nome é Peter. Ele me conduziu até uma rua chamada piedade e mostrou-me um bando de homens e mulheres chorando. A rua da piedade era bem sórdida, um mau cheiro de ralo de esgoto exalava por todos os cantos, mas ninguém ali parecia incomodar-se com isso. Era um mundo tão real...
Alguns lamentavam coisas sobre o amor, a falta de irmandade do mundo atual e de como o sexo e as drogas acabaram com seus sentimentos, tal qual um câncer a destruir alguém em poucas semanas.
Havia outros tantos que tão somente, incessantemente, apenas choravam, compulsivamente só faziam chorar.
Foi então que Peter olhou para cima e, como numa tremenda mágica daquelas que ninguém compreende nada, saímos daquele beco – literalmente sem saída e – em instantes alcançamos um novo cenário.
Ao vislumbrar o horizonte mal pude crer que logo ali a minha frente estava o mar. Foi bem estranho e de repente Peter começou a cantar uma delicada canção, uma poesia musicada com todo o sentimento daquelas pessoas presas naquele beco, a rua da piedade...
mercy, mercy, looking for mercy
Foi a última vez que estive com Peter, dizem que ele nunca existiu. Será?