segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Despedida



Numa noite dessas eu me peguei sonhando... De repente alguém me pediu para cantar “The Universal” do Blur, então peguei o meu violão e simplesmente cantei... cantei desafinado e quase chorando...

Cantava com a alma leve, serena, diluída na madrugada poética com direito no final a uma lágrima que simbolizava algo mais que a pura emoção...

Foi mais um ano, melhor termina-lo agora ouvindo a multidão cantarolando os versos da canção,

Well it really really really could happen
Yes it really really really could happen
When the days they seem to fall through you

Just let them go

Just let them go

Just let them go

Vitrola: Blur – The Universal (Live)

domingo, 30 de dezembro de 2012

I Want You Too




Eu fico cá pensando com os meus botões: O que direi ao meu filho quando ele nascer? Poderia dizer tantas coisas, mas...

Talvez eu diga exatamente isso:

- After the first embrace from you I want you too

Mas posso dizer isso agora mesmo, afinal ele já é o meu filho!

Gustavo, papai está aprendendo a ser um doador incondicional de amor, suporte, carinho, afeto e de todas as coisas boas que podem exalar de um ser humano falível e imperfeito...

Venha logo, não demore muito, estou te esperando... 

Vitrola: JON and VANGELIS -I Hear You Now

sábado, 29 de dezembro de 2012

Reggae Night




Sacudindo um pouco a deprê, afinal um novo ano está chegando... Ops! entrei para o coro dos contentes! (rsrs).... Será?????

Claro que não, mas parece melhor enfrentar certas barras com um pouquinho de alegria, mesmo que ela (alegria) não esteja muito presente... Então vou fingir um pouco para quem sabe colher sorrisos em 2013!

Bem... isso por um simples motivo eu sei que acontecerá e, em breve.

Essa canção do Jimmy Cliff me faz voltar no tempo lá pelos idos dos 80's... Eu era um office boy descobrindo as ruas e avenidas paulistanas no final do verão de 1984. Bons tempos!

Finalizando alfinetando os otimistas de carteirinha:

É melhor um Jimmy Cliff na mão do que duas baianas enjoadas te enchendo a paciência...

Quem sabe escolher música para sua vida já têm meio caminho andado, já o contrário... Xiiiiiiiii!!!!!

Vitrola: Jimmy Cliff - Reggae Night

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Azul ou Amarelo?



Não saberia distinguir a cor da tristeza
nem decodificar o caminho do fracasso
ou da solidão
os erros nem sempre são ruins...

Não tente me fazer feliz
existe o céu e existe o mar
existe também a lua
e ainda assim eu choro todos os dias
na solidão...

So I'm colouring my face
While I am here with you
Imagining the landscape of your sorrow
Is it yellow or blue?

Agora me resta olhar o infinito
contar com as estrelas em meu caminho
talvez a tristeza seja mesmo amarela
mas hoje eu sonho
com o azul...

Vitrola: Yael Naim – Lonely

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Desastre



Amanheceu um novo dia na terra da mesmice
eu antevi o desastre que iria acontecer
não entendi aquela manifestação
querem ter direito ao vale sofrimento?

Então escutei a rádio tv avisando:

a mulher de sessenta e um anos
deu a luz a um casal de gêmeos
foi lá em Santos... Foi lá em Santos!

Ainda somos fraternais quando olhamos lá dentro
dos olhos e d’alma
não adianta fingir muito
a mascara está prestes a cair
abram as janelas a chuva precisa entrar

Não assisti
tampouco entendi aquela encenação toda
nenhum Joaquim é santo
não sejam tolos
as mascaras irão derreter

é apenas questão de tempo
olha o desastre que nos cerca...
olha o desastre que nos cerca...

Vitrola: Brett Anderson – Crash About To Happen

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

Presente



Um sonho pode ser eterno
e ainda assim será um sonho...

Quando os meus olhos estão cerrados
então tudo que eu consigo enxergar
são os sonhos
e sabe de uma coisa?
você sempre aparece neles
no meio de paisagens deslumbrantes
cercada por pássaros
nuvens
colinas
montanhas
num fim de tarde alaranjado e sereno

Quando eu abro os meus olhos
eu percebo o vazio da realidade
eu procuro por ti
em cada recanto desta imensa cidade

O que posso eu então desejar?
a não ser que a noite logo caia
e com ela se abram novos sonhos
e fantasias que alimentem
a minha vida inútil
pelo menos por mais uma longa noite
de sonhos

Vitrola: Brian Ferry – Where or when

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Um Rio



Vai chegando o Natal,
E estão cortando árvores.
Preparando as renas
E cantando canções de alegria e paz,
Ah, como eu queria ter um rio pelo qual eu pudesse patinar.

Aqui não neva,
Fica sempre bem verde.
Eu vou juntar uma boa grana
E sumir desse lugar maluco.
Ah, como eu queria ter um rio pelo qual eu pudesse patinar.

Eu queria ter um rio tão comprido,
Queria ensinar meus pés a voarem.
Ah, como eu queria ter um rio pelo qual eu pudesse patinar.
Eu fiz o meu amor chorar.

Você fez de tudo pra me ajudar,
Me deixou à vontade.
Você me amou de um jeito tão louco,
Que me fez tremer nas bases.
Ah, como eu queria ter um rio pelo qual eu pudesse patinar.

Eu sou tão difícil de lidar,
Sou egoísta e deprimida.
Agora eu perdi o maior amor
Que eu já tive.
Ah, como eu queria ter um rio pelo qual eu pudesse patinar.

Eu queria ter um rio tão comprido,
Queria ensinar meus pés a voarem.
Ah, como eu queria ter um rio pelo qual eu pudesse patinar.
Eu fiz o meu amor chorar.

Vai chegando o Natal,
E estão cortando árvores.
Preparando as renas
E cantando canções de alegria e paz,
Ah, como eu queria ter um rio pelo qual eu pudesse patinar.

Vitrola: Joni Mitchell – River

domingo, 23 de dezembro de 2012

Ária pop



A canção It’s Hard a Life escrita por Freddie Mercury e lançada pela banda Queen no álbum The Works (1984) foi inspirada na bela ária de Ruggiero Leoncavallo, Vesti La Giubba.

Freddie era apaixonado pelo mundo da ópera e foi lá que conheceu a sua grande parceira musical de sua carreira, a soprano Maria de Montserrat Viviana Concepción Caballé i Folc, conhecida como Montserrat Caballé.

Aos 1:59 do vídeo começa o pequeno trecho da ária ao qual Mercury incorporou a sua bela I’ts Hard Life (ouça aqui a canção).

Erudito e pop andam juntos hoje em dia muito graças à coragem e ousadia do senhor Mercury, o próprio Pavarotti a principio não aprovou a junção de Mercury e Caballé que gravaram um lindo disco juntos em 1988 intitulado, Barcelona, nome da cidade natal da soprano espanhola. 

Na década seguinte no entanto Luciano Pavaroti participou de diversos projetos mesclando erudito ao pop, gravando com artistas como U2, Jon Bon Jovi, Brian Adams, Mariah Carey, entre outros.


Vitrola: Pavarotti - Vesti La Giubba

sábado, 22 de dezembro de 2012

Ressaca



Existem pessoas nesta vida que de fato parecem não enxergar um palmo à frente. Envelhecer com dignidade vai muito além de ter saúde, dinheiro ou status, no entanto vejo gente que confunde alhos com bugalhos e não sabe medir suas atitudes nem no final da própria vida. Mas o que esperar dessa gente que já na juventude era mesquinha, ridícula e patética? Criminosos em potencial diga-se!

Pior é ver gente jovem que defende essa corja e suas atitudes...

Sabe de uma coisa: no fim das contas não importa se você é jovem ou não, mas sim como você enxerga a vida, se tu és libertário ou castrador, se é arejado ou violento.  

 Prefiro mesmo ouvir o som delicioso e jovial do ‘velho’ e bom Carlos Santana.

Vitrola: Carlos Santana – Stormy


sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

Fim?



‘É o fim do mundo como nós conhecemos’...

Se alguém escapou do fim do mundo e está lendo estas breves palavras, é porque no fim das contas o mundo ainda não acabou! (que novidade...)

Seria estranho se acabasse tal qual um passe de mágica. Seria estupido se acabasse sem que pelos menos todos nós pudéssemos nos despedir dele com alguma ternura, com alguma misera esperança de um futuro mesmo que remoto entre a natureza, os animais e os irresponsáveis administradores deste planeta água, o qual teimamos em chamar de terra.

Existem coisas que nem mesmo o fim poderá determinar o desaparecimento, a dissolução o esquecimento...

Aumenta o som, estamos vivos e nosso planeta ainda respira!

Vitrola: R.E.M. - It's The End Of The World

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

Antes do Fim



E antes que o mundo acabe
eu queria ouvir pela última vez a canção
que diz que você não pode esperar,
não pode esperar
ouvi-la e sonhar com cada verso que escrevi pra você
sim,
cada palavra que transporta até ti
um sentido,
seja alegria, tristeza, esperança, saudade...
irei ouvir a despedida
esperando por mais uma manhã
antes do fim.

Vitrola: Fourplay & Phil Collins - Why Can't It Wait Till Morning

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Unthanks



O mundo às vezes bem que poderia ser mais encantado, ‘tipo assim’ a música dos The Unthanks... Seria tudo mais fácil, ou se preferir menos complicado.

Vitrola: The Unthanks – Lucky Gilchrist

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Inocentes



Há um lugar neste mundo em que as pessoas ficam horrorizadas porque seus filhos são chacinados, geralmente dentro das próprias escolas.

Há um lugar no mundo em que existem leis para proteger as crianças do trânsito agressivo do século 21; leis para mandar para cadeia pedófilos. Há um lugar no mundo em que se prega a liberdade, a democracia, as virtudes do capitalismo e o consumismo desenfreado.

Nos EUA existem mais armas de fogo do que habitantes, só não consigo digerir o espanto hipócrita de um país que adora viver um bang bang real, seja em casa, seja do outro lado do Atlântico. Um país talhado para gerar guerras, e matar inocentes em nome de leis, de ideias religiosas, de suposta segurança, que eles próprios tratam de sabotar alimentando os assassinos da indústria da morte alheia.

Até quando as crianças continuarão a ser sacrificadas?

“O senhor da guerra não gosta de crianças”.

Vitrola: Legião Urbana – A canção do senhor da guerra

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Sacolejo



A jornalista Mônica Bergamo cravou em sua coluna de hoje no jornal Folha de São Paulo:

As duas maiores paixões dos homens brasileiros são futebol (82%) e cerveja (36%). Mulher aparece só depois, em terceiro lugar, com 33% dos votos, segundo pesquisa do Ibope feita com 2.000 pessoas de todo o país com idade acima de 18 anos.

NA LAJE

A pesquisa também mostra que, para 20% dos entrevistados, o churrasco é uma paixão-à frente de praia (13%), cachaça (10%) e da própria família (9%). Em último lugar, com 1% das respostas, estão dinheiro e trabalho. As respostas eram espontâneas.

Meu comentário sobre o tema: Que tédio! Estamos fodidos!

Contra o tédio uma dose calibrada do som de Maxwell. O resto é pesquisa pra boi dormir!

Vitrola: Maxwell - Sumthin' Sumthin'

domingo, 16 de dezembro de 2012

Preto no Branco



Caras como eu estão ficando raros...

O mundo hoje não está cinzento... mas em preto e branco!


Vitrola: Titãs - Caras como eu


quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Afogado



“Quem faz um poema salva um afogado”

Mário Quintana



Vitrola: Paralamas do Sucesso e Djavan – Lanterna dos Afogados                                  

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

O Primeiro Homem



Numa Vila choça africana um repórter pergunta ao ancião da etnia (o homem mais velho da vila com seus sessenta anos):

-Como é viver aqui já que o mundo mudou tanto? Vocês não sentem falta de alguma coisa?

O homem vira-se para o jornalista e dispara:

- O mundo não mudou não... O sol continua nascendo lá e se pondo aqui. A maré eu sei a hora que ela sobe e a hora que ela desce todos os dias. O vento eu sei quando ele vem de lá pra cá, ou daqui prá lá. O que eu planto eu sei qual é a melhor época do ano para plantar.

O homem aí “fora”, vocês, é que mudaram muito. O mundo continua o mesmo meu caro!

Vitrola: Ismael Lö - L Amour a Tous Les Droits

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Come on Home



Então eu acho que a partir de agora
eu deveria anotar no calendário
novamente aquele dia

é como o dia de natal
mas sem comércio
com afeto e essência
calor e carinho
não há preço a pagar ou a receber

A minha moeda de troca
é a imaginação
e nela tudo se torna possível
acredite, tudo mesmo...

E Tracey Thorn em meu nome suplica,

Come on home, come on home, come on home
Baby come on home…

Vitrola: Everything but the girl - Come on home


segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Marola



É um domingo à tarde
e tudo o que eu mais desejo
é olhar para o mar
pisar na areia
tocar as águas
deste oceano
ora turbulento,
ora sereno,
ora um sonho

É a minha última visão do paraíso
a minha fuga derradeira
o meu feriado vencido

É domingo e a tarde já cai
não gostaria de sentir o frio
longe de você

Então olho para o mar
ele vem e vai
enquanto
tudo acalma
aqui
dentro...

Vitrola: O Mar

domingo, 9 de dezembro de 2012

Sutilezas



Conheço esta canção de um filme intitulado “Grace Is Gone” (EUA, 2007). Isso me lembra das sutilezas que a vida nos guarda e de repente acontece algo imprevisível, fora da rota planejada racionalmente, como se fosse possível prever o que irá acontecer daqui a dois minutos, quanto mais 10, 20, 30 anos.

É nesse reverso que a vida me pega de jeito e ao mesmo tempo me sinto no fio da navalha em 90% do tempo.

É uma linda balada para um dia de domingo e sei lá o que poderá me acontecer logo mais, então faço o que devo fazer: Sigo em frente!

Vitrola: Sheryl Crow - Lullaby For Wyatt

sábado, 8 de dezembro de 2012

Luzes



Para todos os meus amigos belgas e australianos…

O som de Gotye para acalmar o sábado à noite, uma canção para toda a horda que esta parada no transito da avenida Paulista em busca das luzes de natal...

E haja luz e gasolina...

Vitrola: Gotye - Somebody That I Used To Know

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Miopia



Dias de calor, dias sem inspiração, dias nublados, dias chuvosos...

Os pais ‘mudernos’ precisam trabalhar ‘80’ horas por dia para sustentar o estilo de vida fake e supérfluo que o capitalismo nojento prega, e empurra goela abaixo dessa sociedade insaciável... Que não se roga em aceitar essa ‘cruz’ para depois ficar queixando-se da ‘falta’ de tempo com os filhos, do custo de vida absurdo, etc e tal... Todo mundo é cliente ‘prejudicado’, só que na vida a coisa é nua e crua: Você colhe o que planta e ponto.

Ora, ninguém é obrigado a aceitar essa merda que nos empurram como ‘normal’, rotineira, a exigência para uma vida de ‘sucesso’ e aparências é claro... sempre ela...

Mas precisamos ralar para ganhar a vida e dar o melhor aos nossos filhos... Um monte de abobrinhas ditas sem nenhuma reflexão filosófica plausível... (quem quiser pode me xingar, só falo o que penso).

A consequência é que diretores, supervisores, etc e tal que deveriam cuidar das criancinhas ‘desamparadas’ pelos pais ‘mudernos’ e ‘espertos’ que apenas se preocupam com quantidade (esquecem-se da qualidade do tempo, de que escola de fato poderá educar e construir um cidadão, e não apenas reproduzir o padrão do consumidor voraz do futuro.

Ando um pouco cansado do mais do mesmo, das noticias descontruídas para desviar o foco dos Homers Simpsons da vida real, da falta de atitude dessa sociedade babaca, hipócrita e consumista até a alma, literalmente...

Vou de R.E.M enquanto os filhos abandonados estão sendo espancados nas escolas e descartados em seus próprios lares por pais e mães omissos e míopes. Vivas as babás! Viva as creches! Ninguém quer mudar de estilo de vida para não correr tais riscos... Isso sim é grave!

Vitrola: R.E.M. – All The Way To Reno (You're Gonna Be A Star)

quarta-feira, 5 de dezembro de 2012

Cinza Cor



Eu queria ter nascido com aquele céu azul límpido
desenhado, tatuado e inserido na minha face, no meu espirito.
Eu penso que comigo nasceu o cinza do outono
A chuva do inverno parisiense, a paisagem desolada do jardim de Luxemburgo às 8 da manhã.
E foi daqui de dentro que brotaram a garoa e os ventos gélidos à margem do Sena em plena segunda-feira à noite,
Eu me sinto tal um barco pairando pela noite do rio
Sem destino e sem obrigação de ser colorido.

Não faz mal
amanhã é outro dia,
provavelmente igual ao de hoje
cinza... não tem jeito...

eu sou cinza!

E daí?
Alguém encontrou aquelas canetinhas coloridas das décadas de 70 e 80 por aí?

Eu gastei todas as tintas na minha infância, se alguém acha-las, por favor, me empreste, é que eu queria apenas desenhar uma casinha, uma arvore e uma pessoa com um bocadinho de cor.

Obrigado.

Vitrola: Whitney Houston – Run To You

terça-feira, 4 de dezembro de 2012

Aqui




Não dá pra dizer que estou solitário ouvindo essa canção. Sabe Kate, dá para ver e ouvir anjos pairando, dançando, subindo e descendo, numa espécie rara de Ballet celestial, uma ode a vida.

Você despeja sua voz, sua afetação, sua beleza - enquanto eu apenas alimento-me de sua arte.

Não, eu não estou só.

Vitrola: Kate Bush - Wuthering Heights

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Dia Especial



“Eu sei que não é sempre que a gente encontra
Alguém que faça bem e nos leve desse temporal
O amor é maior que tudo
Do que todos até a dor se vai”

O nascimento é um milagre. Nascer com sorte é ter uma mãe que sempre que necessário te leve pra longe desse temporal revolto que para muitos é a vida...

Hoje é o teu dia, obrigado por me trazido a esta tempestade! Acho que valeu não é?

Vitrola: Pouca Vogal – Dia Especial

domingo, 2 de dezembro de 2012

Para-Raios



A angústia persistente, irremissível da solidão. A melancolia que faz brotar a observação sobre as relações humanas.
Ou simplesmente a própria dor da incompreensão da vida cotidiana em massa.  

“Eu tive um péssimo sonho/que durou vinte anos, sete meses e vinte e sete dias/nunca jamais tive outro”.

Sorria! Afinal você acaba de descobrir que hoje será mais um domingo de lasanha em seu cardápio. Anime-se, pois sua vizinha ao banho solta a voz e cantarola um lamento pop descartável qualquer, poderia ser bem pior caso fosse uma toada ‘sertaneja’ de oitava categoria.

Agradeça aos céus por amanhã já ser segunda e, então todos os zumbis estarão novamente desfilando seus desejos natalinos pela avenida dos desgarrados.

Alguém na TV deseja paz e luz no ano novo... A paz eu não sei, mas se ela pretende luz que fique agarrada a um para-raios desses que avisto daqui da janela na hora do temporal do fim de tarde. É batata!
Corrigindo: é luz em correntes elétricas...

Agora eu compreendo você Moz nesta linda canção.

Vitrola: The Smiths – Never Had No One Ever

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

Indiferença



A cena bucólica não descola da minha mente...

Andando pela Paulista como alguém que paga suas penitencias em pleno rush, percebo ao lado alguém falando ao telefone. O caminho é longo e a minha impressão é que estou em plena sessão de terapia:

-Estamos dormindo em camas e quartos separados, só eu sei como foi difícil este final de semana! Ainda não contei para a mamãe, vai ser duro, mas é vida...

E a cada quadra o drama parece aumentar, tento fugir apressando os passos, mas o semáforo fecha e logo a voz reaparece:

-Não deu certo, apenas isso, não sei explicar, não tentarei agora compreender nada, nós temos um filho e com certeza ele será o mais afetado nisso tudo...

Nem mesmo o barulho dos automóveis, das vozes ecoando pela avenida, nada me impede de ouvir o drama. Enquanto isso olhando a frente assisto ao ballet de pés e pernas apressados configurando uma dança impetuosa de beleza e desprezo.

Então a voz cala-se, não chega ao começo da avenida, tombou no percurso, sucumbiu em meio à indiferença latente das relações humanas do mundo digital, da tecnologia do afastamento, do não envolver-se, do desapego fatal. Foi como ouvir o lamento de um blues, ou a cronica de um bom country. 

Vitrola: Rolling Stones - Far away Eyes