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domingo, 23 de dezembro de 2012

Ária pop



A canção It’s Hard a Life escrita por Freddie Mercury e lançada pela banda Queen no álbum The Works (1984) foi inspirada na bela ária de Ruggiero Leoncavallo, Vesti La Giubba.

Freddie era apaixonado pelo mundo da ópera e foi lá que conheceu a sua grande parceira musical de sua carreira, a soprano Maria de Montserrat Viviana Concepción Caballé i Folc, conhecida como Montserrat Caballé.

Aos 1:59 do vídeo começa o pequeno trecho da ária ao qual Mercury incorporou a sua bela I’ts Hard Life (ouça aqui a canção).

Erudito e pop andam juntos hoje em dia muito graças à coragem e ousadia do senhor Mercury, o próprio Pavarotti a principio não aprovou a junção de Mercury e Caballé que gravaram um lindo disco juntos em 1988 intitulado, Barcelona, nome da cidade natal da soprano espanhola. 

Na década seguinte no entanto Luciano Pavaroti participou de diversos projetos mesclando erudito ao pop, gravando com artistas como U2, Jon Bon Jovi, Brian Adams, Mariah Carey, entre outros.


Vitrola: Pavarotti - Vesti La Giubba

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Melina



Melina está em frente ao espelho
Sua face está coberta por uma maquiagem branca e espessa
Que encobre seu rosto macilento
São as marcas visíveis da doença que lhe rouba a vida sem pena
Aceleradamente 

Melina é um astro do rock prestes a morrer
Ele sabe disso
E no camarim ao encarar sua frágil aparência no espelho
Chora copiosamente
O palhaço enfim se rende a fraqueza humana
Mas por poucos momentos
Porque logo em seguida ouve na memória uma ária
Que poderia ser a sua própria tragédia
Não apenas ouve, mas senti como nunca antes na vida
Aquelas palavras
Que mais uma vez borram a sua mascara mortuária
Os palhaços também morrem um dia
Diria algum poeta desesperançado

Recitar,
enquanto tomado pelo delírio
não sei mais aquilo que digo
e aquilo que faço.

Todavia é necessário. Esforça-te! Vai!
És tu talvez um homem?
Ah! ah! ah! ah! ah!
Tu és Palhaço.

Veste o casaco
e a cara enfarinha.
O povo paga
e quer rir aqui.

E se Arlequim
te rouba a Colombina,
ri Palhaço
e cada um aplaudirá.

Muda em piadas
o espasmo e o choro,
numa careta o soluço
e a dor.

Ah! Ri Palhaço,
sobre o teu amor partido.
Ri da dor
que te envenena o coração!

*Melina era o codinome carinhoso com o qual Elton John chamava o amigo Freddie Mercury.

Trilha Sonora
Artista: Luciano Pavarotti
Música: Vesti La Giubba (Pagliacci)

quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Tempo Para Recomeçar



Aconteceu quando eu trabalhava em uma cia.aérea no aeroporto de Guarulhos durante os anos 90. Eu fazia o translado por dentro da pista de passageiros vindos de países da América do Sul que não podiam desembarcar em São Paulo, pois estavam apenas realizando uma conexão por estas bandas.

Certa vez encontrei uma passageira Bósnia vinda da Argentina, estava realizando a sua viagem de volta para Sarajevo após a guerra.

Então perguntei a ela o que esperava encontrar em sua cidade. (acho que foi uma pergunta infeliz para aquele momento). Ela apenas olhou para mim, sorriu enquanto seus olhos enchiam d’água. Não precisava dizer mais nada. O que vi através dos seus olhos era um misto de tristeza, revolta e muita esperança por dias melhores. Ela contou que havia perdido diversos amigos e parentes durante o conflito, mesmo assim era a sua terra natal, continuava amando incondicionalmente seu povo, apesar da guerra.

Toda guerra é estúpida, brutal e insana. Esta canção do U2 me faz recordar daquela noite, daqueles quinze minutos em que conversei com alguém que havia vivido a pior experiência possível sobre o que é uma guerra, sobre o tempo de recomeçar das ruínas.

Dici che il fiume
Trova la via al mare
E come il fiume
Giungerai a me
Oltre i confini
E le terre assetate
Dici che come fiume
Come fiume...
L'amore giungerà
L'amore...
E non so più pregare
E nell'amore non so più sperare
E quell'amore non so più aspettare
Is there a time for tying ribbons
A time for Christmas trees
Is there a time for laying tables
And the night is set to freeze

Trilha Sonora
Artista: U2 Feat. Luciano Pavarotti
Música: Miss Sarajevo

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Uma Tarde de Ópera Pop no Ipiranga








Andréa Bocelli, 50, não é exatamente um tenor ortodoxo. Anteontem, 21 de abril, o italiano acompanhado da Orquestra Filarmônica do Paraná, sob a regência do maestro, Eugene Kohn e, do Coral Philarmonia, levou cerca de 25 mil pessoal ao Parque da Independência na zona sul de São Paulo.

O concerto patrocinado por um grande banco transnacional foi obviamente fartamente divulgado pela grande mídia. Para organização do evento uma nota zero com louvor por dois motivos:

1° Não havia nenhum planejamento decente para receber o grande público, que, penso eu, nem mesmo a organizadora do evento acreditava que apareceria na tarde do feriado de Tiradentes.

2º Por que manter o único portão que receberia 25 mil pessoas fechado durante toda a manhã? (O portão só foi aberto às 14 horas).

Como resultado assisti a cenas dantescas de um país já acostumado a balbúrdia cívica. Filas imensas que não começavam e, nem terminavam. Pessoas desorientadas, por total ausência de comunicação da organização do evento. O público foi mais uma vez tratado como “rebanho de gado”, ao longo das ruas frias e molhadas ao redor do imponente Museu do Ipiranga.

Mas, como ouvido de jornalista é sempre maior do que deveria ser, ouvi frases curiosas e divertidas durante o purgatório da fila, coisa do tipo: “Maldito Faustão! É nisso que dá divulgar um evento desses na TV do povão”. Cada um tem a TV que merece!

Então vamos ao que interessa. O “Concerto Incanto”, nome homônimo do mais recente álbum do tenor, não foi exatamente uma Brastemp.

Eram exatamente 16h10 quando os primeiros acordes de “O Barbeiro de Sevilha”, de Rossini, foram executados pela Orquestra Filarmônica do Paraná.

Em seguida surgiu Bocelli, que um dia já foi apenas e tão somente um músico de piano bar, conduzido ao palco para desfilar com firmeza, mas sem muito brilho, durante uma hora e meia árias e baladas que o conduziram dos pequenos bares às grandes arenas de concertos pelo mundo afora.

O tenor foi acompanhado durante o espetáculo pela soprano Olivia Gorra, o barítono Gianfranco Montresor, e o flautista Andrea Griminelli, cada um desempenhando muito bem a sua respectiva função.

No repertório clássicos eruditos e folclóricos italianos como “Mamma”, “Sole Mio”, “Funiculi Funiculá”, cantada em uníssono pela multidão, além da sua mais famosa balada “Con Te Partirò”.

A “surpresa” foram as participações especiais de Toquinho na versão em italiano de “Aquarela” e, Ivete Sangalo unindo-se ao duo, em “L’Appuntamento” versão italiana para “Sentado à beira do Caminho” de Roberto e Erasmo e, “Garota de Ipanema” do maestro Tom Jobim. Mas essa parte do show será deletada facilmente da memória de quem assistiu ao concerto.

Ao final, Andrea Bocelli premiou a minha paciência de ficar dando passagem a incautos que não cansavam de ir e vir durante o concerto (a educação no Brasil é sempre um problema de base) – cantando com emoção a belíssima “Nessun Dorma” de Giacomo Puccini. Nesse instante me lembrei da voz suprema de Luciano Pavarotti e, da sombra de Alessandro Valente, mas ali à minha frente estava apenas o esforçado e competente Andrea Bocelli.