sexta-feira, 29 de junho de 2012

Sem Surpresas



Era uma sexta-feira daquelas em que clamamos a todos os santos pela providencial chegada da segunda-feira.

Afrouxei a gravata e adentrei no elevador sem muita pressa. Ganhei o rumo da rua – um solitário sonhador em meio ao rush da Avenida Paulista, mais um na multidão, perdido na procissão dos pecadores da seis da tarde com um nó enorme preso na garganta.

Um vento frio vindo a leste batia contra o meu rosto e a garoa caía formando um balé esfumaçado junto às luzes na fria noite paulistana, enquanto meu mp3 executava “No Surprises” do Radiohead.

A cena parecia melancólica – ainda mais com o eco das buzinas de carros e motos no sentido da Consolação, mas não existe consolo algum no anonimato solitário da metrópole.

Era tudo que eu buscava naquela noite, um antidoto contra a indiferença, ante a monotonia cotidiana de nossos pequenos e colossais dilemas existenciais.

Radiohead - No Surprises

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Heaven



O cantor e compositor canadense Bryan Adams costumava fotografar nas horas vagas. Com o tempo descobriu que tinha talento para fotografia. Hoje em dia divide suas horas e meses do ano entre shows, gravações e trabalhos fotográficos.

Vale uma olhadinha em seu portfólio fotográfico. Ao som da balada Heaven degusto o sabor apurado de cada click de Mr. Adams.

Bryan Adams - Heaven - Rock in Rio Lisboa 2012

quarta-feira, 27 de junho de 2012

A Chuva e eu



The rain falls hard on a humdrum town
This town has dragged you down
Oh, the rain falls hard on a humdrum town
This town has dragged you down

And everybody's got to live their life
And God knows I've got to live mine
God knows I've got to live mine

Jonathas, Jonathas it was really nothing

The Smiths - William it was Nothing

terça-feira, 26 de junho de 2012

Favorita



Fiquei acordado até bem tarde só para ver a minha estrela favorita brilhar no céu. Talvez ela nem esteja mais por lá, mas o brilho eu sei que avistei no frio da madrugada, já valeu o novo dia.

Corinne Bailey Rae - Put Your Records On

sábado, 23 de junho de 2012

Moma



Estou em Nova Iorque, mas não estou em 2012. Aqui ainda é 1965, visito o Moma (Museu de Arte Moderna de NY) ao som do acid jazz de Mike Talbot. 

Quem dera existisse o tal túnel tempo, mas aqui no blog vale tudo, então se eu quiser ficar na década de 60 eu fico e não nasço alguns anos mais tarde e, pronto.

É isso.

Mick Talbot - That Guy Called Pumpkin

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Natureza Selvagem



"Era o modo de lutar dos lobos: atacar e recuar. Mas havia mais do que isso. Trinta ou quarenta huskies correram para o local e rodearam os lutadores em um círculo silencioso e atento. Buck não compreendia o tamanho do silêncio nem o o jeito ávido com que estavam lambendo os beiços."

Lidar com as dores, os percalços e a hostilidade do mundo. Ás vezes somos o personagem inesquecível de Jack London, Buck de o Chamado Selvagem. Noutras podemos ser James Taylor abrindo suas feridas e pequeno motim contra Deus ou a natureza, porque afinal de contas a morte afeta nossa racionalidade mais fria e desmorona qualquer tentativa de não ser humano.

Fogo e chuva, Buck e James, luz e noite, amor e ódio...

É a eterna luta com nossa natureza... humana.

James Taylor - Fire and Rain

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Faxina



Eu deveria rascunhar uma poesia para Paul Weller, afinal ele é uma das figuras mais assíduas deste blog. Por ora escutarei mais uma versão da clássica “My ever changing moods”. Às vezes é ótimo jogar um monte de coisas fora.

Nada como expurgar pesadelos.

Paul Weller - My ever changing moods

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Inverno 2012



I've been walking in the rain just to get wet on purpose
I've been forcing myself not to forget just to feel worse

I've been getting away with it all my life(getting away)

Essa foi a maneira que escolhi para adentrar o inverno.
Uma frase saborosa de Mr. Neil Tenannt (Pet Shop Boys) no projeto Eletronic ao lado de Bernad Sumner do New Order e de Johnny Marr ex-Smiths.

Fico aqui também a lembrança de alguém que sempre me sorria com simpatia e elegância, de forma gratuita.

Puxa vida Tereza vou sentir muita falta do teu sorriso... 

Você se foi muito cedo!

Electronic - Getting away with it

terça-feira, 19 de junho de 2012

Supernova



Ouço as ondas do mar chegando
há um oceano de amor escondido
enquanto no infinito espaço
uma supernova nasce após a explosão...

vamos brindar o que ainda não existe
vamos sonhar com o passado resplendente

Saúde!

Oasis – Champagne Supernova

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Too Much Rain

 

Paul,

meus olhos estão queimando
meu coração está cheio de dor
a tristeza ainda está aqui
continua chovendo em minha vida

não sei esconder muito meus sentimentos
a culpa é mesmo minha...
eu sei disso
eu sei que preciso aprender a rir mais

por favor toque mais um pouco da melodia
eu quero que a chuva cesse
lá fora e aqui dentro
preciso ter um pouquinho
de sol em minha vida.

Too Much Rain - Paul McCartney

domingo, 17 de junho de 2012

Solitários



Ah, look at all the lonely people
Ah, look at all the lonely people

Nenhuma tela touch screen
substitui o toque humano.

The Beatles – Eleanor Rigby

sábado, 16 de junho de 2012

Suspiro



Alvorada não brinque comigo
amanhã seria tarde 
para esconder-me hoje o sol
então eu suspiro
e faço-te um pedido:

cuide bem de mim... 

Queen – You Take My Breath Away

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Antes Que Chegue a Manhã



Acabada a sopa de nabos, um ferreiro cochilou por instantes junto ao fogo, depois foi deitar-se ao lado da esposa, soprou a vela e adormeceu.
Sonhou que subia em uma carruagem. Os cavalos galopavam, galopavam, e embora a noite fosse interminável, logo chegaram a uma cidade e pararam diante de uma edificação nobre e grandiosa. O ferreiro saltou, atravessou o grande umbral, subiu a escadaria de pedra. Seus pés conheciam cada degrau. Chegando ao alto, abriu a segunda de muitas portas de uma longa galeria e, apressado para não ser colhido pela manhã, despiu-se e meteu-se entre os lençóis na grande cama de dossel vermelho. O dossel ondulou de leve, sua cabeça despencou no sono.

Acordou com a primeira luz da manhã varando a janela e cortinado. Suas roupas estavam na cadeira. Vestiu-se rapidamente, abriu a porta, desceu a escadaria, e entrou na carruagem.
Os cavalos galoparam, galoparam e embora o dia parecesse não ter fim, logo era noite e chegaram a uma aldeia. Pararam diante de uma casa. O ferreiro saltou, empurrou a porta que sua mão conhecia tão bem, sentou-se à mesa e começou a comer. Acabada a sopa de nabos, cochilou por alguns minutos junto ao fogo, depois foi deitar-se com a esposa, apagou a vela como quem apaga o dia, e entregou a cabeça ao travesseiro.

Lá fora, a carruagem esperava.

*Um conto de autoria de Marina Colasanti


Guilherme Arantes – Pérolas de Neon 

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Veronika Decide Viver




Às vezes eu sou Veronika arpejando o piano
como se aquele fosse o único momento de brilho da minha existência.

Vezenquando eu também sou Veronika, mas martelando, maltratando o mesmo piano com a raiva de uma multidão enfurecida, como se aquele fosse o retrato sombrio do que poderia ter feito e não fiz...

Nos dois casos eu toco uma melodia que se tornou minha,
logo eu que não componho muito além da pálida poesia
que é meu retrato de tolices, temporais intermináveis, um peso excessivo sobre uma vida apenas mediana, quase sem sorrir...

Mas é vida cara Veronika! (falando com os botões).

Eu sou toda Veronika, porque não consigo me separar da dor, da angústia, da tristeza e da alegria que pode ser uma breve vida neste mundo tão lindo, tão apavorante, falso ou legitimo, duradouro ou fugaz...

Eu sou Veronika internada neste zoológico em que os homens fingem sorrir para sobreviver, é quando uma mentira passa ser verdade e pronto.

Pagam caro por ter ou não exercer fé...

Há uma penumbra neste quarto em que habito... preciso gritar, preciso respirar, preciso doar... sim precisamos de tudo e de nada, de Deus e do infinito – um dos deuses mais lindos!

Para suportar o cotidiano repleto de zumbis no metro, nos trens, nas ruas, nos carros, no trabalho, onde você também existe e convive comigo e com outros animais expostos a radioatividade humana.

Eu sou Veronika acreditando que o meu tempo de vida está diminuindo a cada nova tempestade, a espera do diluvio final, o eterno mito da destruição em massa, da purificação do mundo.

Seja primavera, outono, verão ou inverno... sou eu e mais ninguém.

Mas sou Veronika tentando enxergar o brilho laranja do sol da madrugada fria raiando e aquecendo-me com seu fraco calor,

Sou a prova e a contraprova avassaladora da existência divina...

Veronika Decides To Die Piano Piece/Song

domingo, 10 de junho de 2012

Rio 43



A beleza do Rio é comovente. Por aqui não pode haver mal humor, nada justificará cara feia, porque é simples: Abra a janela e olhe o esplendor da natureza, isso basta!

Rio + 20, mas estou aqui por outro número = 43.

O meu evento então é Rio 43!!!

Danilo Caymmi – Samba do Avião

sábado, 9 de junho de 2012

Superstar



Loneliness is such a sad affair, and I can hardly wait
to be with you again.
What to say, to make you come again?
Come back to me again, and play your sad guitar…

Uma versão sombria para a linda canção dos irmãos Carpenters.

Não deixa de ser comovente.

Sonic Youth - Superstar

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Major Tom e as Cinzas



Aqui é o inicio ao retorno
é apenas um dos ciclos da vida

e faz tempo que eu não ouço falar do Major Tom
e faz tempo que David não aparece com um disco novo
e faz tempo que o camaleão Bowie não nos manda um sinal
e faz tempo que eu pareço não sair do lugar
andando em círculos, perdido com o Major Tom e Bowie,
e faz tempo que eu tento evitar amar... amar, 
fazer amor fazer sentido.

Das cinzas
estou retornando para as cinzas...

Tears For Fears - Ashes To Ashes

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Poderoso



Não poderia, não ficaria, não diria, não cantaria...

Passado. Este som é lindo, renova as forças e, a alma que anda meio capenga com os efeitos de tanta energia negativa (observe o inicio do texto). Enganei a todos, tô me lixando se comecei o rabisco com quatro nãos...(hahaha)

Ah! Publicitários infames... hoje é feriado gastem suas ladainhas longe, bem longe daqui, por favor sumam dos canais que por ventura eu for zapear, se é que vou assistir a telinha medíocre hoje.

Naomi seu som é poderoso! Por ora é isso que importa!

Naomi Shelton & the Gospel Queens – What Have You Done

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Proteção?



E a gente vai levando... às vezes fingindo não ver certas situações, tentando poupar as pessoas pelas quais temos alguma admiração, mas quer saber...

Eu olho as manchetes dos jornais, eu ouço as conversas nos bares e restaurantes –apesar de que hoje em dia ninguém mais conversa em público... é só o celular na mão e o dedo digitando mensagem de texto, conversar pra quê né?

Ninguém sabe de mais nada, somos reféns em nosso próprio mundinho consumista:

- ah! não sei se deixo a minha filha andar sozinha nesta cidade tão hostil, vou comprar um carro blindado pra ela ir pra faculdade pública (gratuita diga-se para os endinheirados que podem se dar o luxo de blindar um monte de lata), assim eu fico mais tranquila... Assim eu vou pra Londres mais leve! Que fofo não?

Eu também quero me blindar, mas é da ignorância, da pequenez de horizontes, da insensibilidade social, da maldita mídia ilusionista da realidade concreta, dos afortunados de plantão, dos fariseus prateados, dos corruptos que criticam os políticos e os colocam lá porque são iguais ou piores que os pilantras de Brasília...

Só não quero me blindar do amor! Amor ao mundo, aos que precisam de alento, de real proteção, de uma fração de esperança diária para sobreviver na selva, na carnificina de sofrer exploração econômica, social, histórica, e ser esfolado de todas as maneira possíveis é desumano, sempre.

Em Ruanda no ano de 1994 a ONU (ela mesmo, a “guardiã dos direitos humanos) negou proteção a milhares de pessoas da etnia tutsis e hutus moderados, que foram massacrados por extremistas da etnia hutus entre 6 de abril e 4 de julho daquele ano. Morreram mais de 500.000 pessoas, isso mesmo, perto de 800.000 pessoas que foram exterminadas apenas por pertencer a uma etnia... e ninguém fez nada, ou quase nada.

Tiros em Ruanda é um filme que conta um pouco da história do genocídio ocorrido na Escola Técnica Oficial de Kigali em 1994, e talvez fosse um ótimo antidoto para ricos neuróticos que juram que seus ‘pobres’ filhos estão totalmente vulneráveis em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. Tadinhos... tão indefesos!

Perigo mesmo é não enxergar a realidade pelo menos com alguma paixão (compaixão) por quem de fato não tem nada, muito menos proteção contra coisa alguma. 

Pessoas por favor: procurem uma lupa, é impossível viver no reino da Disney a vida inteira. 

A gente vai levando...

Lily Allen - The Fear

terça-feira, 5 de junho de 2012

Chuva



Eu vou na balada da chuva que não dá trégua lá fora.. Ah! Eu adoro chuva, terra molhada, ar limpo, respiro melhor, fico manso, mansinho ouvindo a bela Julie London.

Não quero falar de assuntos pesados, hoje quero ouvir Julie e a chuva. Mais nada.


Julie London – Cry Me River

Music and Me



Havia um garoto
sentado na calçada
de cabeça baixa
feição em tom grave
machucado profundamente
sozinho no final da tarde
olhando distante para o céu
a procura de um arco-íris
talvez assim encontrasse o sorrir
era apenas ele e a música

Em seus sonhos
o dia era iluminado
as flores coloridas
exalavam um perfume agradável
existia diversão em seu lar
a vida era mais suave
sem tantos espinhos
sem a estranha bajulação
mas nunca foram além dos sonhos...

Aquele era um homem
com alma de garoto
ainda sem sorrir
ele nunca cresceu
desagradou a si mesmo
arrancou sorrisos alheios
aplausos
multidões
fama
sucesso
dinheiro
às custas
de muita... muita... dor...

Era apenas ele e a música
E por breves momentos
aquele garoto foi
quase um garoto feliz

Michael Jackson - Music and Me

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Único Take



Primeiro single da carreira de Marisa Monte “Bem que se quis”. O interessante aqui é observar que o videoclipe produzido para ser veiculado no Fantástico, foi rodado em um único take, uma ousadia naquele momento onde os clipes passaram a ditar uma nova linguagem audiovisual, picotada, repletas de cortes e edições sobrepostas. 

A direção foi de Nelsinho Motta (produtor do disco debute de Marisa em 1989), que teve um rápido affair com ela na época e assina também essa versão da canção “E Po' Che Fa do” de autoria do compositor italiano Pino Daniele.

Já faz um tempo...

Marisa Monte – Bem que se quis

domingo, 3 de junho de 2012

Aquela Garota



Aquela garota que servia mesas no bar e ouvia impropérios de clientes sem calibre educacional. Aquela garota que sonhava com um dia melhor, com amores e carinhos, com afeto e escolhas de vida.

Aquela garota hoje está no palco,
no seu próprio teatro
o da vida,
menos sofrimento e mais sorrisos
porque quem tem um sonho não dança
nunca... nunca... jamais.


Lee Fields - You're The Kind Of Girl

sábado, 2 de junho de 2012

Começando no Fim



Um corpo quer outro corpo.
Uma alma quer outra alma e seu corpo.
Este excesso de realidade me confunde.
Jonathan falando:
parece que estou num filme
Se eu lhe dissesse você é estúpido ele diria sou mesmo.
Se ele dissesse vamos comigo ao inferno passear
eu iria.


Adélia Prado

Diana Krall – A Case of You

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Honestidade...



Honestidade é artigo raro neste nosso mundo. Tudo bem, até porque o seu caráter não depende da ausência do caráter alheio. Missão é missão, sempre ouvi isso e hoje sinto na pele a dura realidade de ser um servo, alguém que NÃO irá salvar o mundo, NEM melhorar o caráter de ninguém, mas... sim, os sonhos, isso é perfeitamente possível, chegar e dizer no deserto:

-Olha pessoas, vocês podem sonhar com uma realidade diferente, será difícil é uma casinha, tijolo por tijolo, sonho e esperança são construídos assim, dia após dia...

Honestidade, virou palavra obsoleta em todas as esferas. Azar.


The Bravery - An Honest Mistake