quinta-feira, 29 de dezembro de 2016

Indagações?


Apagam-se as luzes, mais uma vez...
O que virá após?
Haverá alguma luz no final do túnel?
As indagações são mais fáceis que qualquer tentativa de adivinhação...
Sobe som!

U2 – where the streets have no name


domingo, 25 de dezembro de 2016

Adeus George


Hoje à tarde em um programa de rádio conversava com um amigo sobre a perdas no mundo da música durante 2016. Agora a pouco fui surpreendido pela notícia da morte precoce do cantor George Michael aos 53 anos de idade.

George foi um astro do pop colecionando diversos hits e muitas polêmicas. Do Wham! a carreira solo, Michael soube construir uma carreira solida, graças a beleza de sua voz e a seu carisma.

Os deuses da música devem mesmo ter escolhido 2016 para alegrar o olimpo, pois a lista de artistas talentosos que partiram neste ano é bem extensa.

Imortal, ouviremos sempre as suas músicas! 

George Michael partiu no natal, seu último e derradeiro natal. 

Que descanse em Paz!

George Michael – I Can't Make You Love Me

domingo, 18 de dezembro de 2016

Closing Time


Eu facilmente seria uma personagem de Edward Hopper
dentro de uma tela
Preso?
Livre?
Não sei ao certo,
Mas seria!

Eu tranquilamente estaria próximo de uma janela
Olhando o horizonte
O oceano
As montanhas e planícies  
Ou apenas sentando em uma cama
A segurar um livro
Talvez o da minha vida
Que vai passando
Tal qual o sax dessa melodia de Waits
Ou apenas como o vento lá fora...
Arrastando as folhas do final da primavera
Empurrando areia sobre o asfalto
Removendo aquela lágrima que eu carregava
Agora a pouco.

E a aquarela quem é que pinta?
Acho que somos nós,
Será...
Será mesmo...


Tom Waits – Closing Time

quinta-feira, 8 de dezembro de 2016

Nas Paralelas...


Em Paralelas Belchior conseguiu entregar a sua poesia urbana de maneira sensível
enredando situações que qualquer um já viveu ou provavelmente viverá...

“E no escritório em que eu trabalho
e fico rico, quanto mais eu multiplico
Diminui o meu amor”

Dá um nó sempre que penso
que me permito parar e refletir o que de fato fazemos com o sagrado ar
que respiramos diariamente...

Será que vale mesmo a pena?

O cantor canta de maneira suave a canção, fugindo um pouco de sua característica😔
mais eloquente, pois “Paralelas” parece suplicar, quase sussurrar pelo encanto sutil...

“E as paralelas dos pneus n'água das ruas
São duas estradas nuas
Em que foges do que é teu

No apartamento, oitavo andar
Abro a vidraça e grito, grito quando o carro passa
Teu infinito sou eu, sou eu, sou eu, sou eu”.

São palavras belas, combinando com a harmonia e melodia e
terminando bucólica:

“Como é perversa a juventude do meu coração
Que só entende o que é cruel, o que é paixão”...

A vida precisa de paixão, e também necessita de tempo para reflexão, poesia, música, arte,
tempo para doar aos que amamos...


Belchior – Paralelas

terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Tradução...


Parece que uma boa parte das pessoas talentosas deste planeta - após breve reunião - decidiram partir dessa neste já tristonho e desencantado 2016...

Traduzir-se (Ferreira Gullar)

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir-se uma parte
na outra parte
– que é uma questão
de vida ou morte –
será arte?


George Michael – It Doesn't Really Matter

segunda-feira, 21 de novembro de 2016

Ela







Pensando no que a morte sussurrou aos ouvidos de Leornard, Sharon e Russel...

Ela não foi a primeira a vir...
mas será a última a partir.

"Quando a primeira coisa viva
existiu, eu estava lá esperando...
Quando a última coisa viva morrer,
meu trabalho estará terminado...
Então, eu colocarei as cadeiras
sobre as mesas, apagarei as luzes,
e fecharei as portas do universo,
enquanto o deixo para trás...",
disse ela a seu irmão Sonho.

Morte acompanha a cada
mortal duas vezes na vida:
no nascimento,
ela fala nos fala, mas não lembramos
o que ela diz, não se sabe o porquê,
e na morte,
ela nos guia ao descanso eterno".

Leonard Cohen –  Dance Me to the End of Love
Leon Russell – A Song For You
Sharon Jones and the Dap-Kings  - If You Call

terça-feira, 8 de novembro de 2016

Fronteiras


Heaven knows no frontiers,
And I've seen heaven in your eyes,
Heaven knows no frontiers,
And I've seen heaven in your eyes

Como eu gostaria de dizer isso
Assim tão fácil e simples...

Falar que não existem fronteias é lindo, poético,
Mas beira o irreal.


The Corrs – No Frontiers



domingo, 6 de novembro de 2016

Ele


É bem provável que na vida
Em alguns momentos apenas e tão somente ele,
O amor
Possa nos salvar...

Ah! Se eu conseguisse te dizer
o quanto amei
e nunca soube me expressar
eu me assustei
pois tinha pressa de viver
pressa demais
de aprender como é que faz
pra chegar perto de você
e revelar
aquele brilho no olhar
aquele jeito de sorrir
ao ver o amor nascer
Ah! Se fosse fácil mergulhar
numa ilusão
e não conter à explosão
de um grande amor
de uma semente que esperou
chegar seu tempo pra brotar
e revelar
aquele brilho no olhar
aquele jeito de sorrir
ao ver o amor nascer


Guilherme Arantes – O Amor Nascer

sexta-feira, 4 de novembro de 2016

Lover Over Gold


Escorrendo como poeira por entre os meus dedos…
Assim parece ser a sina da minha vida.
Tudo o que faço, invento, crio, penso,
por mais que eu queira
Nunca atinge o ponto, sempre um quase, um talvez e pior foi horrível!
Não posso ser assim tão ruim, ou posso?
E a vida seguirá com os meus erros ou não...
Que siga então com um pouco de amor e fé,
Mesmo que nessa altura do campeonato eu mesmo não creia mais
Em um milagre.
Que pena!


Lover Over Gold – Dire Straits

Where or When


Na madrugada fria Bryan canta solitário,
mas eu estou na plateia escutando cada nota...

But I can't remember where or when
Some things that happened for the first time
Seem to be happening again
And so it seems that we have met before
And that we laughed before, also loved before
But who knows where or when…

Agora irei dormir
Já é tarde

Sonharei quem sabe com essa canção.

Boa noite!

quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Cartas para o meu filho II



Pepeu,

Eu hoje fiquei pensando como é difícil viver neste mundinho, onde o marketing manda em tudo, parece ser a única ciência “certa” deste planeta, anestesiando as mentes, endurecendo corações, e iludindo pessoas diariamente com suas falácias.

Fala-se muito em prazer e felicidade
Na busca incessante de ser feliz... é a tal tirania da felicidade.

Meu filho, se puder fuja da escravidão do prazer, não seja um idolatra ou escravo dessa falsa promessa, pois o ser humano é naturalmente confuso, está sempre meio perdido, porque enfim existem tantas coisas que não sabemos nesta vida (quase tudo), e por isso mesmo somos inseguros...

Duvide sempre de quem se diz muito bem resolvido na vida, deixe essas pessoas bem longe do alcance e interferência de sua vida... São loucos no pior sentido, lobos avarentos, ou sem escrupulos.

Ouvi palavras mais fortes hoje em uma antiga música...

“Love is the light
Scaring darkness away-yeah”

Lembrei tanto de você enquanto trabalhava, com as minhas próprias indagações atrás da orelha. 
Foi como olhar o céu à noite e avistar estrelas caindo, cruzando a imensidão dos céus.


Frankie Goes To Hollywood - The Power Of Love

sábado, 15 de outubro de 2016

Cartas para o meu filho - Carta número 1



Carta 1 – “A verdadeira desorganização do desespero”*, ou, quando a solidão doí muito...

Pequeno lord,

Aqui onde encontro-me agora, não tenho mais do que 8 metros quadrados para expandir os meus sentimentos, as minhas convicções, as minhas esperanças e tristezas. Mas veja meu filho, isso não é um lamento, ao contrário é uma forma tênue de resistir aos botes ligeiros e rasteiros que vire e mexe recebemos da vida. Se há algum proveito na dor é a compreensão de que na vida nada é em vão, e a certeza cristalina de que tudo que plantamos um dia semearemos de alguma maneira, quase sempre do modo menos esperado, diga-se.

No dia em que fui mais feliz
Eu vi um avião
Se espelhar no seu olhar até sumir”...

Passo os meus dias praticamente longe do meu pequeno apartamento, que é simples, porém já gerei um carinho por este meu canto, e tudo melhora quando eu olho para a parede à minha frente e vejo o lindo quadro que a sua mãe me presenteou no último dia dos pais, sim aqueles em que você está em diversas fotografias desde do seu primeiro dia de vida até recentemente.

De todas as fotos existe uma que me chama muita atenção, aquela de quando você estava brincando no parque do Ibirapuera com seu rostinho pintado de tigre, lembra?

Acho que foi no verão deste ano...

Você estava reflexivo, quieto e compenetrado, a sua beleza é ainda mais notada por esses pequenos detalhes, você não poderia ser alguém diferente, desde cedo apresenta uma certa maturidade para uma criança de três anos e meio, isso sem deixar de ser um moleque safado e muito alegre e desenvolto em suas relações com o seu pequeno grande universo.

Ao retornar do meu trabalho eu quase sempre chego feliz, pois mais um dia foi vencido, apesar dos problemas – que continuarão a existir – se não fosse assim não o chamaríamos de trabalho, não é verdade!

Um dia você compreenderá melhor do que falo agora.

Quando aqui cheguei era inverno e de certo modo eu vivia um autêntico cá dentro de meu ser. Os primeiros dias e as primeiras semanas não foram exatamente o que denominamos de fácil, no entanto foi importante manter a serenidade e a vontade de tentar compreender por quê a minha vida estava passando por essa mudança drástica e de forma inesperada...

“De lá pra cá não sei 
Caminho ao longo do canal
Faço longas cartas pra ninguém
E o inverno em Itapetininga é quase glacial” (licença poética)

Certo mesmo é que aos poucos a vida vai querendo me dizer algo sobre a tempestade, e nunca se esqueça que só temos bonança quando atravessamos um temporal daqueles devastadores. Tenho tido tempo para voltar a escrever algumas linhas caóticas, dentro do meu estilo sem padrão definido, e retornei ao meu prazer de pesquisar música, tendo escutado muitas músicas antigas e novas, o que me move a bons sentimentos.

Nesse momento está tocando um clássico da música francesa, sim a França da Torre Eiffel que você tão lindamente diz querer conhecer um dia, a canção é Aline gravada pelo cantor Cristophe em 1965. Essa música aparece em uma cena muito bacana do filme “Praia do Futuro” (BRA, 2012) dirigido pelo cineasta cearense Karim Aïnouz e estrelado pelo ótimo ator Wagner Moura, talvez o nosso melhor ator da atualidade por sua capacidade tácita de encarnar suas personagens com profundidade, sempre deixando uma porta entreaberta ao público para ser curioso a respeito de sua atuação, isso é no mínimo fantástico para um ator que não teme a exposição dentro de cena, certamente um dos elos fortes na carreira do Wagner.

Meu pequeno anjinho, foi pensando no verso da música de Adriana Calcanhoto e Antônio Cicero – o filósofo que também é irmão da cantora Marina Lima – que seu pai percebeu que poderia escrever longas cartas para você durante este período de exílio forçado, é preciso entender que o nosso país vive uma grave crise de liberdade, aqui a palavra exílio não é usada de maneira vã. 

Enfim achei bem prático e de certo modo poético a ideia, e um dia se você desejar poderá lê-las.
Termino essa primeira carta com um poema do Ferreira Gullar que nasceu no estado da sua querida mãe, espero que você goste do poema do Gullar e depois do pequeno trecho que compus para fechar a narrativa.

Retratos

“Amigos morrem,
as ruas morrem,
as casas morrem.
Os homens se amparam em retratos.
Ou no coração dos outros homens”.

Ferreira Gullar

Piazolla me faz chorar copiosamente,
a vida me faz chorar de tristeza e alegria
porque lá no fundo
sem essa dor
eu não reconheceria
o milagre da paz.

Jonathas Nascimento

Fique em paz meu pequeno tesouro, brinque bastante e logo estaremos juntos novamente.

Um beijo com amor do seu papai.

*Nome de peça inédita escrita por Renato Russo




quarta-feira, 12 de outubro de 2016

20 Anos


Lá fora os trovões a escuridão e um súbito vento anunciam a tempestade...

Duas décadas atrás Renato Russo partia deste plano,
deixando como legado uma coleção indispensável de canções.

Aqui uma mostra de que sua obra ainda permanece atual e importante, já que novos artistas ainda sentem prazer em revisitar as suas músicas e letras...

Os dias por aqui Renato estão sombrios, e só posso dizer que você nos faz muita falta!

Saudades velho camarada!

Plutão Já Foi Planeta – Por Enquanto


quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Carta a um amigo


 “O Brasil é uma República Federativa cheia de árvores e gente dizendo adeus”. (Oswald de Andrade)

Sou do tempo das cartas, quando era necessário escrever de próprio punho palavras que pudessem expressar sentimentos.

As palavras de Oswald de Andrade são mais profundas do que aparentam. Falam do quanto o progresso e o mundo da indústria e do trabalho inverteram perversamente a lógica e as razões mais essenciais da vida em sociedade. Em nome desse suposto avanço aceleramos o tempo, vivemos correndo e quase nunca dizemos aos nossos pares o que mais importa.  As árvores cederam espaço ao concreto, roubaram de nossas paisagens o verde, o colorido, o frescor da natureza transformando tudo no árido concreto, erguendo prédios enormes, pintando o mundo melancolicamente de cinza. Abriram espaço para os velozes automóveis, adicionaram computadores em nossas rotinas e, aos poucos nos fizeram crêr por alguns instantes que as pessoas poderiam ser substituídas por máquinas...

Sabe lá Deus em sua infinita sabedoria o quanto esse estado de coisas nos aflige, pessoas dispostas a doar o que temos de melhor – a erguer relações em outros patamares, sem a clássica divisão patrão e empregado, pobre e rico, homem ou mulher...

Sim, eu sei meu amigo que o mundo vira as costas a todos os teimosos incuráveis, Dom Quixotes das esquinas que andam trôpegos pelas ruas e avenidas desta vida, sonhando sempre sem perder de vista que a missão é árdua, e por isso mesmo estaremos sempre atravessando desertos e encarando muitas vezes a cruel e costumas solidão.

Eis Milton cantando a beleza do amor, a paixão por River Phoenix

 Milton Nascimento/ Carta a um jovem ator



quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Flores


“When you're near, there's such an air of spring about it...”

Então hoje você está muito perto, pois amanheceu a primavera.


Ella Fitzgerald –  Ev'ry Time We Say Goodbye

segunda-feira, 19 de setembro de 2016

Alone



 

Final de tarde. Num balcão empoeirado de um antigo bar ela ouviu uma voz, a mexer e remexer sentimentos com a intensidade de uma garota adolescente. Sozinha sob o olhar petrificado de um barman ela apenas bebia seu drink, deixando claro que aquele era um ritual de retiro de seu espirito e alma. Um abajur à meia-luz, o som da chuva vindo da porta e o poder daquela voz contando uma história que poderia ser a sua.  

 

Será que ninguém nunca se sentiu assim antes?

 

Veio um suspiro e o último pedido:

 

-Mais um drink e a minha conta, por gentileza.

 

Não houve uma lágrima sequer a macular aquele happening, porque uma frase povoava sua mente:

 

É preciso coragem para dizer não!

 

Sade - Kiss of Life

quarta-feira, 14 de setembro de 2016

Coleção de Poemas para a Sobrevivência


LÁPIDE 1

epitáfio para o corpo (Paulo Leminski)

Aqui jaz um grande poeta.
Nada deixou escrito.
Este silêncio, acredito,
são suas obras completas.


LÁPIDE 2

epitáfio para a alma (Paulo Leminski)

aqui jaz um artista
mestre em desastres

viver
com a intensidade da arte
levou-o ao infarte

deus tenha pena
dos seus disfarces


E assim vou sobrevivendo
às vezes olhando o retrovisor 
em outras apenas apreciando o que os meus olhos enxergam...


Kings Of Convenience - Cayman Islands





segunda-feira, 29 de agosto de 2016

Gene Wilder


Gene Wilder partiu hoje, deixando este plano ainda mais sem graça e com menos humor (se é que isso é possível). Gene foi um ator inesquecível para toda uma geração em papeis como Willy Wonka da primeira versão de "A Fantástica Fábrica de Chocolates", ou mesmo o atrapalhado Theodore Pierce de “A Dama de Vermelho”, apenas para citar duas de suas inúmeras personagens cômicas.

A cena abaixo é nostálgica e permanece lúdica e bela, e a canção virou um hino cult.


Gene Wilder – "Pure Imagination"


segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Cata-vento


Noite sem lua
Chuva com vento
Cata-vento
E pela estrada vejo tanta poeira
Subindo como rastro
Dessa vida que voa ligeiro
Dissipando magia e dor como tormenta no verão...

Canta Alaíde soltando os redemoinhos do tempo
Por entre a gente...


Alaíde Costa - Catavento

domingo, 7 de agosto de 2016

Domingo sem sol


E hoje é domingo novamente! 

Amigos e amigas arregalem os olhos e sintam que o ar até parece mais leve na cidade poluída e suja...

Pelas calçadas jovens e anciões passeiam, enquanto a criança corre solta pela avenida fechada para os automóveis. Acho que até consegui ver alguém sorrindo, foi discreto mas existiu.
E logo mais à noite todos estarão felizes pelo breve sentimento de liberdade.

Cante Moz para todos nós enquanto a chuva avizinha-se pela janela da sala de estar.


Morrissey - Everyday Is Like Sunday

quarta-feira, 3 de agosto de 2016

Eu Ouço


Essa não é a postagem
Que o Temer lê durante a noite
na véspera do impeachment

Esse não é o texto
De cabeceira dos censuradores covardes
E nem de juízes mediáticos e dissimulados

This is not the music
This is not


Mundo Livre S.A – As músicas que os loucos ouvem

segunda-feira, 1 de agosto de 2016

Mais um dia...


Há na vida momentos de revolta, incompreensão e dos questionamentos sobre porque precisamos atravessar tantas dores neste mundo. Porém e, contudo, existem certezas que ninguém consegue arrancar de dentro de nossas almas, e isso de uma forma ou de outra nos movem a seguir adiante...
Assistindo ao vídeo acima sobre os 40 anos do terrível acidente sofrido pelo piloto Niki Lauda no GP da Alemanha de 1976 me veio à mente um certo conforto, pois eu também sou feito de carne e osso, assim como o Niki, o cara que me fez gostar de automobilismo.

Vou morar em outra cidade, minha vida ficou de ponta cabeça de uma hora para outra, é claro que a crise econômica é apontada como a responsável, azar de quem acredita que isso seja motivo o suficiente para ferrar com as pessoas e as tratarem como um objeto que você muda de lugar a qualquer hora e a seu bel prazer. Não reclamo, ainda estou empregado e vou sobreviver a tudo na maior alegria, mas fico mesmo é pensando nas pessoas que estão com suas vidas meio que paradas pelos erros dos políticos e empresários do país. Não é fácil para ninguém, mas vamos recomeçando a cada não que a vida nos diz...

O Lauda se apegou ao fato de não ter morrido naquele carro em chamas, está vivo até hoje, carrega consigo as marcas da sua tragédia pessoal, eu carregarei as minhas sempre, mas o afeto e o amor ainda continuam a ser mais importantes, eles sim nos fazem acreditar que podemos sempre oferecer o melhor para o mundo, mesmo que ele (o mundo) não esteja nem aí pra gente.



The Cure – One More Time

quarta-feira, 13 de julho de 2016

Naquela Noite - Reprise



E naquela noite de estrelas miúdas e céu de brigadeiro ouviu-se ao longe uma melancólica balada...

Ele que nunca mais atravessou a avenida das ilusões, visivelmente segurou as lágrimas em seus olhos ao ouvir os acordes do piano...

Porque a tristeza não é um momento, mas um estado de coisas que aos poucos vai acumulando e

batendo, batendo como água em pedra até quebrar...

A esperança se esvai e um arsenal de acontecimentos lamentáveis tomarão conta de sua alma,

pelo menos até o próximo domingo, solitário de verão... 



Vitrola: Marina Lima – Dois Durões

segunda-feira, 27 de junho de 2016

As Montanhas de Salzburgo



Quando Julie Elizabeth Andrews surgiu cantando The Sound Of Music pelas belas montanhas de Salzburgo, na Áustria, ninguém imaginaria que 50 anos depois aquelas memoráveis cenas fossem recordadas pela própria indústria cinematográfica.

Esse longa lançado em 1965 continua encantando crianças e adultos, e suas adaptações para o teatro continuam ganhando novas versões a cada nova temporada.


Aqui a justa homenagem durante a cerimônia do Oscar de 2015, que curiosamente foi apresentada pela musa deste blog.

The Sound Of Music - Lady Gaga

sábado, 11 de junho de 2016

Sobrevivente









Os navios estão a salvo nos portos, mas não foi para ficar ancorados que eles foram criados...

Todo dia é um novo dia, é mais um na coleção daquilo que convencionamos chamar de vida,
caminho, estrada. Olhando as duas capas de Face Value do artista Phil Collins, a primeira de 1981 – seu primeiro disco solo, e a segunda de 2015, que marca seu retorno a tal estrada depois de alguns anos recluso, solitário, vivendo depressivo inclusive, remasterizando seu próprio trabalho, não pude me esquivar: quantas vezes em nossas vidas não desejamos refazer algo, remasterizar nossos pensamentos, sentimentos, atitudes, etc. É perfeitamente compreensível, pois revisitar o passado retornar a aquilo que foi “sucesso” e também ao nossos “fracassos” faz parte de um processo natural da vida e,  de um jeito, ou de outro isso poderá nos trazer uma sensação  de vivacidade.

As fotografias de Phil me fizeram lembrar de algumas coisinhas, umas fúteis de menor importância e outras mais densas e dignas de reflexão neste 11 de junho. Sempre gostei muito dessa capa, pois ela humaniza o artista, expõe sua face, sua feição, suas alegrias, seus sofrimentos, suas frustrações. Mas não imaginaria que Collins refaria a capa um dia, o que apenas me fez admira-lo por sua coragem em dobro.

Quando lançou Face Value em 1981, o cantor, compositor, baterista e pianista tinha exatos 30 anos de idade, ao relançar o disco em 2015 Collins estava com seus 64. Certa vez uma querida amiga me disse que nossas marcas de expressão são o que temos de mais significativo para expor em nosso rosto e, se pensarmos que hoje em dia muita gente prefere esconder suas linhas, ejetando química, ouro ou outras drogas para disfarçar a idade, vamos logo pensar que o ser humano é mesmo um fingidor, muitas vezes teimando em esconder o melhor que tem a oferecer. Fato é que mesmo remasterizando aquela música, não a tocaremos como outrora, simplesmente porque não somos mais os mesmos, o tempo passa e as experiências nos ensinam alguns atalhos, alguns truques, isso chama-se reinvenção. Reinventar a si próprio dia após dia, anos a fio, é certamente difícil, então muita gente tenta se esconder atrás de uma aparência mais jovem, mas a juventude que é bela sem dúvida alguma também é uma fase de inconvenientes, angústias bestiais, exageros, ansiedade, dramas superficiais por vezes e certa complacência consigo mesmo, na juventude os outros sempre estão errados! 

Olhando os olhos do meu filho e depois para os meus próprios olhos – eu tendo a sentir que a vida – essa constante alternância de altos e baixos sempre valeu a pena, e pensar o futuro agora é bem diferente de outrora, provavelmente pela existência dessa pequena vida que abrigo sobre o meu próprio teto, me forçando a ser criança novamente, a brincar com tudo que faz referência a sua vida, a seu pequeno grande e ainda inexplorado mundo. Assisto o seu crescimento na primeira fila, ali no gargarejo porque ser pai é bem isso, sempre que acontece alguma apresentação na escolinha, lá está o Gustavo procurando instantaneamente pelo pai e pela mãe, pois ele precisa de segurança, de aceitação, desse amor incondicional.

Não sei se hoje eu sou melhor, ou pior do que antes, mas o que sinto é que não tenho mais tempo e nem disposição de gastar energia reclamando, achando que aquilo ou isso poderia ser diferente, sabe existem fatores mais essenciais e que não precisam de tratamento dramático, quanto mais simples melhor, embora viver não seja exatamente tão simples assim.

E de repente me lembro de uma canção do Beto Guedes intitulada Cruzada:

Não sei andar sozinho
Por essas ruas
Sei do perigo que nos rodeia
Pelos caminhos
Não há sinal de sol
Mas tudo me acalma no seu olhar
Não quero ter mais sangue
Morto nas veias
Quero o abrigo do teu abraço
Que me incendeia
Não há sinal de cais
Mas tudo me acalma no seu olhar

Você parece comigo
Nenhum senhor te acompanha
Você também se dá um beijo dá abrigo
Flor nas janelas da casa
Olho no seu inimigo
Você também se dá um beijo dá abrigo
Se dá um riso dá um tiro

Não quero ter mais sangue
Morto na veia
Quero o abrigo do teu abraço
Que me incendeia
Não há sinal de paz
E tudo me acalma no seu olhar

Você parece comigo
Nenhum senhor te acompanha
Você também se dá um beijo dá abrigo
Flor nas janelas da casa
Olho no seu inimigo
Você também se dá um beijo dá abrigo
Se dá um riso dá um tiro

E assim, 47 anos atrás alguém muito parecido comigo nascia na pequenina Loanda, e de lá pra cá foram tantas histórias por esses caminhos do meu deus, e se de alguma coisa eu sei neste mundo é apenas a desconfiança de desejar e dizer ao Guti: faça sua vida valer a pena diariamente, sonhe o quanto puder sonhar, nunca desista daquilo que julga ser importante, corra atrás enquanto for jovem e depois se permita reinventar-se um pouquinho a cada novo dia e, por fim, nunca tenha medo de se olhar com honestidade no espelho e nas suas fotografias, assim como bem fez o Phil Collins.

Eu continuo sendo um sobrevivente de mim mesmo...

O homem que a dor não educou será sempre uma criança...



Vitrola: Phil Collins If Leaving Me Is Easy (Live) 2015 e Beto Guedes – Cruzada

quinta-feira, 9 de junho de 2016

O Amor é um Artifício


No tumulto das horas
na ausência do tempo de abstração
de nutrir-se

alma
corpo
espirito

A vida enfim!

Ele ouviu por acaso uma voz
que provocou uma atmosfera densa
e de repente o tempo sofreu blecaute

A música em sua vida
ainda é uma válvula de escape potente
será assim até o final...


O amor é um mar difícil
Tão fácil de se ver e admirar
Todo amor tem um artifício
Que não acaba e ninguém pode mudar

Guardo tanto tempo em mim
Tudo só pra te mostrar
Que vai valer a pena de verdade

Guardo tanto tempo em mim
Tudo só pra te mostrar
Que o amor é tudo que me interessa


Vitrola: Mahmundi - Sentimento





domingo, 5 de junho de 2016

Andrew Beckett e Maria Callas - Cenas e Sons de nossas vidas


Cena do longa de Jonathan Demme “Filadélfia” (1993), e música cantada pela voz imortal de Maria Callas, a combinação não poderia dar em outra coisa, a não ser em uma cena memorável. 

Abaixo uma resenha assinada por Bia Abramo em 1994.

"Filadélfia" combate preconceito com didatismo e honestidade
BIA ABRAMO
DA REDAÇÃO


"Filadélfia" não foi levado muito a sério pela crítica quando entrou em circuito comercial. Foi agraciado com adjetivos como convencional e preconceituoso.
O grande mérito do filme tem origem justamente no que foi apontado com seu defeito principal. Jonathan Demme acertou na mosca em fazer um filme "careta", que tem como recurso dramático básico uma das formas mais caras e consagradas do cinema americano –o filme de tribunal. O fato é que "Filadélfia" consegue tratar com justiça e de forma didática um assunto espinhoso.
A luta do advogado homossexual Andrew Beckett (Tom Hanks, Oscar de melhor ator em 93) para provar que foi demitido por ser soropositivo expõe os preconceitos em relação aos gays, mostra o estigma relacionado a Aids e revela as dificuldades que as minorias enfrentam para garantir os seus direitos básicos.

O didatismo –por cálculo ou por limitação estética–, funciona para atrair e seduzir um público avesso ou mesmo simplesmente envergonhado. O segundo lugar na pesquisa Datafolha (veja quadro nesta página) parece confirmar essa hipótese –retirar um vídeo na locadora é um ato mais anônimo do que ir ao cinema para assistir um filme que pode ser considerado "gay" no senso comum.
Outro truque eficiente de Demme foi a escolha de um ator negro (Denzel Washington) para interpretar o advogado de defesa Joe Miller. É de sua boca que saem algumas das frases mais duras (e uma das piadas mais bem-humoradas também) sobre a opção sexual de Beckett. Só um negro –ou seja, também membro de uma minoria– pode ser tão politicamente incorreto no país que inventou as patrulhas da correção.

Claro que exibir uma pessoa (neste caso, o ator-símbolo do homem comum americano) definhando de uma doença tão devastadora como a Aids proporciona terreno fértil para pieguice e Demme não faz esforço combate isso. Mas é menos importante do que a honestidade de mostrar.
Detalhe: a trilha sonora, com "Streets of Philadelphia", de Bruce Springsteen (Oscar de canção), e por uma belíssima música de Neil Young é de primeira.

Filme: Filadélfia
Produção: EUA, 1993
Direção: Jonathan Demme
Elenco: Tom Hanks, Denzel Washington, Jason Robards

Vitrola: Maria Callas - La Mamma Morta (Philadelphia - 1993)

quinta-feira, 2 de junho de 2016

Feito Estrelas Perdidas


Ela tentou não pensar nas estrelas
sim, naquelas estrelinhas perdidas pelo espaço
a vagar sem destino
tal qual ela naquele vagão insalubre
 do metrô às seis da manhã
O que mais fez então foi cantarolar bem baixinho
em sincronia com seu par de fones de ouvido...

But are we all lost stars
Trying to light up the dark


Vitrola: Adam Levine – Lost Stars

sábado, 28 de maio de 2016

Não Matarás


Eu apenas tentei fugir
Com meus irmãos
Empurrando eles em um carrinho
Sobrevivemos ao horror que nenhuma criança deveria presenciar
Pedir?
Não esqueçam o mau que o homem é capaz de cometer a seu semelhante,
Nunca deixe de sonhar com algo parecido com a paz...


Vitrola: Casita Nuestra | Take Me Down (Smashing Pumpkins Cover)

sexta-feira, 27 de maio de 2016

Registro Raro


Reza a lenda que esse registro de Renato Russo e a sua Legião Urbana aconteceu durante a passagem de som da banda para o show em Volta Redonda no Rio de Janeiro em 1990, após uma chuva torrencial que quase ameaçou a realização do show. Então durante a passagem de som Renato decide fazer um agrado ao público que já estava por ali e não desistira apesar da chuva e manda a belíssima “A Whiter shade of Pale”...

Ficou legal e até então eu não conhecia esse registro.


Vitrola: Legião Urbana- A Whiter shade of Pale

quinta-feira, 26 de maio de 2016

Sofia



Ele descobriu algo de novo: o amor. Aos treze anos pela primeira vez sentia aquilo que faz a vida valer a pena.

Como um passe de mágica experimentou o aroma da fragrância do Jasmim e, percebeu que era o mesmo que exalava no caminho para a casa de sua Julieta. Mas Julieta na verdade chamava-se Sofia e, era uma jovem vinda de outra cidade para passar as férias daquele verão.

Era um verão escaldante, sol a pino, temperaturas causticantes. Tudo corria como outrora até que numa bela tarde seus olhos conheceram aquela garota loira, de olhos levemente esverdeados, esguia, com sardas, extremamente charmosa, corpo desenhado e de lábios bem carnudos. Seria a bela da tarde de Buñuel?

Essa foi a primeira imagem de Sofia que ele congelou em sua retina.

Ele não sabia muito bem como dizer – ou se – era realmente necessário converter aquela sensação trepidante em palavras. Seria possível traduzir um sentimento avassalador?

Passou os primeiros dias travando um embate surdo consigo mesmo. Seu maior adversário: a sua própria timidez.

No fundo sabia que era correspondido, pois o olhar perdido e, o sorriso radiante de Sofia não disfarçava que ali entre ambos havia um desejo mútuo.

Passaram três semanas em uma casa de veraneio junto a uma multidão de jovens e adultos. Naquela atmosfera às vezes febril era certo encontrá-los próximos fosse brincando, jogando conversa fora ou, até mesmo brigando por pequenas tolices da idade. A provocação e a sedução eram recíprocas.

Acordavam cedo e logo estavam seguindo o trajeto entre a casa e a praia. Os dois transformavam aquele trivial instante em uma espécie de jornada, uma autêntica exploração sensorial.

Durante as noites na hora de dormir a luz que irradiava da rua, iluminava os olhos dos dois apaixonados. Em seus sonhos aquele era o momento perfeito, quem sabe ali o primeiro e eterno beijo de amor.

As férias terminaram e Sofia retornou para sua cidade. A distância motivava aquele romance velado não consumado (será mesmo?).

Foram cartas e mais cartas meses a fio – enquanto “a realidade mais delicada e mais difícil, menos visível a olho nu” batia à porta dos dois jovens enamorados.

Assim como uma tela de Cézanne perdida em algum sótão empoeirado e ordinário, onde sua beleza não podia ser apreciada, o tempo tratou de estancar aquela irresistível aventura.

Após anos sem noticias ele a reencontrou em uma viagem a sua cidade. Sofia estava casada e era mãe de três filhos.

Observou que a sua juventude continuava quase intacta, e por alguns instantes não hesitou em colocar-se no lugar do seu marido, mas preferiu guardar as boas recordações de uma década e meia atrás.

Sofia era a lembrança mais gratificante de um verão em sua juventude, talvez o melhor verão da sua vida.

Trilha Sonora
Artista: Elvis Costello
Música: She

quarta-feira, 25 de maio de 2016

sábado, 21 de maio de 2016

Vencendo o quê?


É assim que me sinto
Vencendo pequenas batalhas diárias
Porém, ciente que a derrota no final será inevitável...
Eu vejo olhares perdidos
Eu percebo os espasmos que as pessoas sentem
às seis da tarde dentro daquele vagão
indo para casa depois de um dia inteiro de anulação pessoal
de dizer sim para tantas coisas que na verdade desejariam soltar
um sonoro Não,
depois de tanta falta de respeito com à sua
maneira de acreditar nessa bosta de mundo...
todo mundo passando por cima da sua individualidade
de sua privacidade, de seus sentimentos e dignidade
tudo em nome do poder, do dinheiro, de egos e vaidades...

Eu olho e percebo que o desespero está ali
Tomando conta dos trilhos da esperança
Ou será do túnel da desesperança?

E eu quase posso tocar aquela dor
No semblante da moça que chora copiosamente
Sozinha no banco azul, 
e nem quem está ao lado lhe estende um lenço
ao menos algum consolo, mas nem isso...

Eu sei somos entorpecidos pelo papinho do trabalho
Da importância dessa merda toda em nossas vidas,
Mas quer saber, quando você estiver morrendo não irá
Sequer lembrar disso,
Lembrará de tudo o que realmente valeu a pena,
não do seu maldito trabalho..

Amor, gratidão, pessoas que lhe fizeram feliz, esse tipo de coisa
Que no trabalho todos finge não existir...


Vitrola: Kings of convenience - Winning a battle, losing the war