Mostrando postagens com marcador breakfast tiffany's. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador breakfast tiffany's. Mostrar todas as postagens

domingo, 18 de dezembro de 2011

Magia



Quando ouço aqueles acordes
alguma coisa acontece:

Há então uma explosão de cores
e de repente aquele céu nublado
fica lindo e como um passe de mágica
surge uma retumbante tarde

Canta Elton, canta essa magia.

Trilha Sonora
Artista: Elton John
Música: Moon River

quarta-feira, 3 de março de 2010

Cenas Urbanas - Trick



A Nova Iorque de “Trick” (1999) – direção Jim Fall – ainda ostenta um dos seus principais cartões postais, as Torres do World Trade Center.
Em cena uma história inspirada na obra do escritor Truman Capote “Breakfast at Tiffany's” (1958).

Gabriel (Christian Campbell) é um jovem escritor/compositor de musicais para teatro cuja vida afetiva não é lá uma Brastemp. Aqui se inicia as brincadeiras de “Trick” com seu alterego Bonequinha de Luxo (1961).

Mas a cidade de 1999 não contém mais o mesmo apelo romântico de uma das mais inesquecíveis cenas de abertura de um filme Hollywoodiano:

“O yellow cab, de manhã bem cedo, vem se aproximando pela avenida absolutamente deserta de Nova York. Traz Audrey Hepburn depois de uma noitada. O carro vai diminuindo à medida que se aproxima da loja da Tiffany.

A orquestra vai num crescendo com Moon River de Henry Mancini. Audrey desce do taxi elegantíssima com um saco de papel na mão. Caminha até a vitrine da loja e retira o lanche do saco sem tirar as luvas. Come o doce e bebe o refrigerante sem derrubar nada enquanto olha as vitrines.

A orquestra aumenta o som da belíssima Moon River, Audrey dá alguns passos, a manhã desponta radiosa em plena Nova York. E na avenida só ela, a charmosíssima Audrey Hepburn”, descreve o jornalista Gilberto Cruvinel

Em “Trick” o encanto não é mais a Quinta Avenida com a Rua 57, mas lá estão cenas urbanas pelas ruas, avenidas e, sobretudo pelas imagens metafóricas do Metrô nova-iorquino.

A questão é apenas contar quanto tempo demorará até aparecer alguém que seja o par “perfeito” para o nosso escritor à procura do amor. Não demora muito, eis que surge em cena a versão Holly Golightly, neste caso o charmoso “go-go boy”, Mark, na pele do ator John Paul Pitoc.

Então temos de um lado Gabriel (se preferir, Paul 'Fred' Varjak/George Peppard), e do outro Mark (Holly Golightly/Audrey Hepburn), que parecem prestes a sentir uma avassaladora chama interna em direção ao desejo e seus codinomes e acessórios.

Com a ajuda do destino Gabriel encontra Mark a bordo de um vagão no Metrô, e depois disso a sua insegurança parece ceder vagarosamente espaço aos seus instintos, sua delicada forma de resolver seus medos antagônicos. A intuição fala mais alto e o cérebro atende ao pedido sem pestanejar.

Entre tomadas de um céu quase alaranjado, por ruas movimentadas, a história se desenrola até seu epílogo.

A cena do beijo sobre a superfície do Mêtro, nada melhor do que um beijo entre dois homens às claras e sem subterfúgios, sem rodeios, em pleno calçada a luz do dia, certamente teria outra conotação se fosse embaixo da terra, nos subterrâneos da cidade, onde é costume a sociedade esconder aquilo que julga ser ultrajante, jogue então para debaixo do tapete.

Pois, aquele beijo levará Gabriel à lua e depois ao porão incontrolável da dúvida e da mais profunda angústia, mesmo que apenas por alguns segundos. Será que o telefone grafado em sua mão é real? Será que este sentimento que eu sinto agora existe? Será que Mark é mesmo Mark?

E se a vida emita a arte como dizem, Gabriel e Mark estão por aí fazendo uma DR (Discutindo a relação) na Nova Iorque medrosa do pós 11 de setembro e, sem o som monumental de Moon River.

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Cenas Inesquecíveis 4

Nunca houve no cinema um sorriso meigo e, doce como da belga Audrey Hepburn.

Sua elegância, seu rosto delicado, sua simpatia e carisma, são conjunções raras atualmente em Hollywood.

Ainda me lembro com detalhes do outono de 1997. Uma oportunidade rara que se transformou numa experiência inesquecível.

O extinto Cinesesc da Rua Augusta estava reprisando “Breakfast at Tiffany's”, (1961), e isso apenas por alguns dias.

Aproveitei uma folga do trabalho durante a semana e fui ao encontro de Audrey, infelizmente o único na sala escura com uma grande tela.

E o cinema de escuro não tem nada, pois ilumina um pouco da nossa escuridão cotidiana.

Em “Breakfast at Tiffany's”, direção de Blake Edwards, roteiro de George Axelrod, baseado no conto do escritor Truman Capote, Audrey é Holly Goolightly, uma prostituta que mora em Nova Iorque após um envolvimento com um gangster. Em sua rotina efêmera um vizinho, Paul Varjak (George Peppard), um escritor tentando alcançar reconhecimento para seu talento, irá alterar seus planos.

O maior sonho de Holly é casar-se com um milionário. Eis que surge então o brasileiro José da Silva Pereira (José Luis de Villalonga), um fazendeiro rico do Brasil.

A seqüência final revela o quanto Holly tentou fugir do inesperado, do amor. Embora tenha um ar bem clichê hollywoodiano, a cena possuí em seu diálogo e, fora dele, a essência do romance de Capote.

PAUL – Lá se foi a América do Sul. Bom, você não foi feita para ser a rainha dos pampas, mesmo. (Para o taxista) Hotel Clayton.

HOLLY – Idlewild.

PAUL – O quê?

HOLLY – O avião sai às 12 e pretendo estar a bordo.

PAUL – Holly, você não pode.

HOLLY – Et pouquoi pas? Não vou atrás do José, se é isso o que está pensando. Na minha opinião, ele é o futuro presidente de lugar nenhum. Porque deveria desperdiçar a passagem? Além do mais, nunca fui ao Brasil.

Ele a observa em silêncio.

HOLLY – Por favor, querido, não me olhe assim. Eu vou de qualquer jeito. Tudo o que querem de mim é que eu deponha contra Sally. Ninguém tem a mínima intenção de me processar. Eles nem têm a mínima chance. Esta cidade acabou para mim, pelo menos por enquanto. Às vezes, a fama pode arruinar a pele de uma mulher. Devem ter montado forcas para mim em toda a cidade. Sabe o que pode fazer por mim? Telefone para o New York Times. Quero que me envie uma lista dos 50 homens mais ricos do Brasil. Os 50 mais ricos!

PAUL – Holly, não vou permitir isso.

HOLLY – Não vai permitir?

PAUL – Holly, estou apaixonado por você.

HOLLY – E daí?

PAUL – “E daí”? Isso chega. Eu a amo. Você me pertence.

HOLLY – Não. As pessoas não se pertencem.

PAUL – Claro que sim.

HOLLY – Ninguém vai me pôr numa jaula.

PAUL – Não quero colocar você numa jaula. Quero amar você.

HOLLY – É a mesma coisa.

PAUL – Não é, não, Holly.

HOLLY – Não sou Holly! Não sou nem Lula Mae! Não sei quem sou! Sou como o Gato, somos dois coitados sem nome! Não temos dono, nós nem pertencemos um ao outro! (para o taxista) Pare o táxi!

O carro para na entrada de um beco, enquanto cai uma chuva torrencial. Ela abre a porta.

HOLLY – (Para o Gato) O que acha? Parece ser o lugar certo para um cara durão como você! Latas de lixo, ratos por toda a parte… Suma! Disse para ir embora! Se manda! (Bota o Gato para fora e fecha a porta) Vamos!

Paul não acredita no que aconteceu. Tira uma nota do bolso.

PAUL – Motorista, pare aqui.

O carro para e ele sai, mas antes de fechar a porta e ir embora, se vira para Holly.

PAUL – Sabe qual é o seu problema, “senhorita Seja-lá-quem-for”? Você é covarde. Você não tem coragem. Tem medo de encarar a realidade e dizer: “Ok, a vida é um fato. As pessoas se apaixonam”. As pessoas pertencem umas às outras porque é a única chance que têm de serem realmente felizes. Você acha que tem um espírito livre e selvagem e morre de medo de ser enjaulada. Bem, querida, você está na jaula que você mesma construiu. E não só em Tulip, Texas, ou na Somália: estará sempre nela. Não importa para onde corra, estará sempre trombando consigo mesma! (Tira do bolso uma caixinha) Pegue. Tenho carregado isso comigo há meses. Não quero mais.

Ele joga a caixinha no colo dela e vai embora. Ela abre a caixa e chora quando vê o conteúdo: um anel, simples brinde de uma caixa de biscoitos, no qual ele tinha mandado gravar as iniciais de ambos na joalheria Tiffany’s.

Quando as palavras “The End” decretaram o final da exibição, eu, que estava sentado bem à frente, olhei para trás e, presenciei um pouco da simbologia do cinema na vida das pessoas.

Era sem dúvida alguma o mais jovem felizardo naquela sala. Vi homens e mulheres de cabeças grisalhas e de feições enrugadas chorando, emocionados pela breve redenção de suas vidas, ou, apenas pelas lembranças já quase inatingíveis pela ação do tempo (sempre ele), instaurados naqueles minutos de plenitude.

Chorei junto, não havia nada mais belo a ser visto por alguém ainda inexperiente na arte de viver e amar.