Talvez
daqui um tempo seja isso que eu vou dizer ao meu filho(a)...
O
que mais me causa apreensão neste momento é a percepção de um mundo em constante
transformação, isso não representa obrigatoriamente algo bom, pode bem ser
exatamente o contrário... O mundo anda um bocado complicado vamos combinar, não
faço parte do coro dos contentes, não acredito nesta ditadura da “felicidade”
vendida de maneira asquerosa pela publicidade. Então sei bem que educar um
filho para a vida hoje em dia passa por essa compreensão e seus dilemas filosóficos.
Mas
ainda é cedo para sofrer pelo futuro breve, ainda preciso aprender a trocar
fraldas, dar banho no bebê, segurá-lo com firmeza e carinho... Isso tudo é
muito poético e real para mim...
Don't go changing, trying to please me You never let me down before I don't imagine you're too familiar And I don't see you anymore
I wouldn't leave you in times of trouble We never could have come this far I took the good times, I'll take the bad times I'll take you just the way you are
Eu não cairia no jogo fácil da adulação.
Mas vejo que muitas pessoas pensam que só assim preservam uma relação. De tantas versões para “Just the way you are” essa de Billy Joel é muito boa.
Trilha Sonora Artista: Billy Joel Música: Just the way you are (Live 1977)
Durante um tempo em minha vida era assim: um bar, uma dose de uísque e, outra de Campari. Um homem ao piano solfejando canções para mexer com as dores do passado e do presente.
Na noite conhecemos a fundo a decrepitude humana, não se engane, aquele cara com boa pinta, dinheiro, um carrão e rodeado de mulheres está ali pagando todas porquê é alguém infeliz.
‘Esqueceu’ sua mulher em casa, trancafiou suas irritações e frustrações em algum canto da angústia de que tanto foge. Bem... os filhos... Ah, os filhos estão por aí.
Ele maltrata os garçons, fala alto, gesticula, parece ser o centro das atenções daquele recinto fechado. A noite avança, a temperatura sobe e, antes que seja tarde demais suas garotas lhe avisam:
-Já está na hora! Peça a conta por favor.
O homem ao piano está cansado, os garçons já não servem mais nada, o salão está vazio, mas ele ainda gesticula e fala bem alto.
Foi embora enfim, e a casa ficará fechada até a noite seguinte quando um outro clone como ele ressurgirá para brindar a farsa da sociedade civilizada.
Aquele cara é a escória que tanta gente bajula em troca de algum favor, de alguma compensação material.
O homem do piano traga seu último cigarro, fecha o instrumento e ganha a rua.
Esta era a minha ciranda noite após noite, até a noite em que cansei. Deu no saco. Era uma espécie de experimento das vaidades humanas: fala a fala, gesto a gesto, cartão de crédito sobre cartão de crédito, uma senhora rotina massacrante para os olhos do poeta.
Billy Joel então resolveu ficcionar a realidade...
It's nine o'clock on a Saturday The regular crowd shuffles in There's an old man sitting next to me Making love to his tonic and gin
Trilha Sonora Artista: Billy Joel Música: Piano Man