sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Trilhos e Vãos


Meu vagão descarrilhou
me sinto a própria ferrovia
repleta de curvas sinuosas na descida da serra
nessa hora o melhor é mesmo
rir de si próprio
é o que me sobra...

Canta Morrissey, não é para mim, mas fica sendo...

Haven't had a dream in a long time
See, the life I've had
Can make a good man
Bad


Vitrola: The Smiths - Please Please Please Let Me Get What I Want

sábado, 19 de setembro de 2015

To You


Cenas de “Emotional Maturity” (1957) ao som de “I Know It's Over” dos “The Smiths”.

A Você

Estranho! se, ao passar, você me encontrar e desejar falar comigo, por que não falar comigo?
E por que eu não falaria com você?

To You

Stranger! if you, passing, meet me, and desire to speak to me, why should you not speak to me?
And why should I not speak to you?

Walt Whitman


 Vitrola: The Smiths - I Know It's Over

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Garoa


“Procuro à noite,
Um sinal de ti.
Espero à noite,
Por quem não esqueci.

Eu peço à noite,
Um sinal de ti.
Quem eu não esqueci...”

Por quem ele procura na noite fria da cidade?

Sujeitos sem rumo perambulam pelo centro por entre ruas estreitas e escuras
enquanto ele resolve deitar sob a marquise de um prédio antigo que servirá de abrigo para a longa noite.  

Não há muito o que escolher nessa situação: nem amigos, nem rostos conhecidos, nem mimos...

É apenas o frio, a garoa, a noite e ele.

Vitrola: Sétima Legião –  Por Quem Não Esqueci



quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Show +


Julho de 1985 o Queen faz de sua participação no Live Aid algo simplesmente
arrebatador...

Vitrola: Queen – Live AID - 1985



segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Tender


No documetário “No Distance Left To Run” do Blur – algumas histórias da banda e do chamado Brit Pop dos anos 90 aparecem como pano de fundo para enredar a história dessa banda inglesa, e daquele movimento espontâneo que terminou por capitular a Grã-Bretanha naquele período. 

No vídeo acima uma das canções mais bonitas do Blur é cantada em um concerto beneficente e, lá estão juntos além Damon (vocais) e Graham (guitarras), Noel do Oasis – a banda que rivalizou com o Blur durante os anos 90, (hoje todos são amigos), além de Paul Weller (da segunda geração de astros britânicos do final dos anos 70) brincando na bateria.

Tender é um gospel lançado no belo álbum “13” um dos melhores do Blur em 1999, o canto do cisne da agitada década de 90.

Vale conferir!

Vitrola: Noel Gallagher, Paul Weller & Blur - Tender


quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Apenas Dor


A aurora quase triunfal
Um dia após a batalha
Como sorrir após a vitória
Enquanto caminho por um campo
Passando por sobre homens mortos
Imaginando que suas famílias agora
Estão despedaçadas
Então
Não existe a vitória
Apenas a dor...

A Sinfonia n°2 de, Gustav Mahler, intitulada – Ressurreição - é uma jóia rara. Nela Mahler Faz uso de grande orquestra, inclusive de músicos nos bastidores, fora do palco, algo não usual.

Nesta sinfonia, a escrita contrapontística de Mahler é um fato que nos prende, hipnotiza. Muitas vezes, o compositor pensa de forma polifônica e é possível seguir a linha de cada conjunto de instrumentos: cada linha é independente, tem um sentido e é indispensável para o todo.

Aqui um pequeno trecho da sinfonia regida pelo Maestro Leonard Bernstein.

Nunca ouvi nada antes mais próximo do que seja uma ressurreição. Malher conseguiu intuir, trouxe uma mensagem poderosa, magnífica sobre o poder da vida e o desespero da ausência dela.

A condução de Leonard Bernstein também é rica, digna da mais pura lágrima, talvez a melhor tradução ao sublime espetáculo da ressurreição de Gustav Mahler.

Vitrola: Bernstein conducting Mahler's 2nd



terça-feira, 8 de setembro de 2015

Romance


Eu hoje amanheci esquálido
beirando o abandono
exalando o tal perfume da solidão
e quando olhei o meu retrovisor
nada enxerguei
além dos pingos da chuva
batendo ferozmente
no meu para-brisas
ouvindo Nei sussurrando
aquelas belas palavras
em forma de balada...

“Todas as bobagens que eu já disse
Dariam pra encher um caminhão
Mesmo assim encontro no caminho
Milhares mais otários do que eu

Por isso meu amor
Não leve tão a sério
Nem o que eu digo nem o que eu deixo de esconder
Não vai ter graça o dia
Em que bater na porta
E você não abrir pra responder

Todas as pessoas que eu conheço
Cabem bem juntinhas na palma da mão
Pra você guardei um universo
Quando falta espaço eu faço verso e durmo na canção

Por isso meu amor não pense que é brinquedo
Eu tenho medo e morro de paixão
Não vai ter graça o dia
Em que eu abrir a porta
E a tua mão vazia disser não

Por isso meu amor
Não leve tão a sério
Se eu morro de medo
Brinco de paixão
Não vai ter graça o dia
Em que eu te ver na porta
E não souber se entro
Ou faço uma canção...”.

Vitrola: Nei Lisboa – Romance


sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Poema para Aylan Kurdi

Aquela foto de um pequeno imigrante
estirado à beira do oceano
não traduzirá jamais
a sua alegria em viver...

Fico aqui pensando
Que você poderia ser o meu pequeno filho
O meu sangue
O meu coração
A minha única riqueza neste mundo
Que sacrifica crianças
Por interesses vergonhosos

Daí surgem as diferenças
Que vão matando milhares
Em cenas que nos lembram
Um passado triste e tenebroso
Da humanidade
Ou,
Melhor falando
Da ausência de humanidade

São Inocentes como você
Querido Aylan
Que estão morrendo
De verdade
Não apenas nas fotografias
Deste pobre mundo rico

Minhas lágrimas não servirão de nada
Pois, você se foi
Com suas pequenas asinhas
Voar em outras paragens
Conhecer oceanos mais limpos
Quem sabe existirá
No lugar que te recebe agora
O que nos falta neste mundo
Sorrisos autênticos e mãos estendidas...

Perdoe-nos a nossa falta de humanidade.





quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Roxy Music


Eis a banda que influenciou nove entre dez bandas que produziram rock em terras inglesas no início dos anos 80 do século 20.

Roxy Music (1972)

(Revista Bizz edição 15,Outubro de 1986)

"Muita gente descordará de que o Roxy Music tenha definido os anos 70; ao contrário, todos estarão de acordo com que a importância dos Beatles para os anos 60 tenha sido básica e radical. Não devemos estranhar. Os 60 foram anos de esperança, os 70, de confusão. Os 60, anos de unidades; os 70, anos de dispersão."
Como Ramón de España - que o enunciou em um interessante livrinho sobre a banda (Ediciones Jucar, Madri, 82) -, acho que essa é a chave da compreensão da importância do Roxy Music para o rock contemporâneo. O conceito Roxy, tal como foi formulado por Bryan Ferry, ataca o nó cultural daquela década obscura em muitas das suas variantes: consumo versus arte, melodia versus ruído, saída pessoal versus solução coletiva.
Bryan andou metido em uma escola de artes (foi aluno do pintor David Hamilton) antes de decidir que o rock era um suporte mais adequado para as suas aspirações estéticas. Descobriu isso por acaso - ele era crooner, por hobby, em uma banda soul de Newcastle, Inglaterra, por volta de 67. E sabia tocar o "bife", ou pouco mais, ao piano. Mudou para Londres. Comprou um piano (!). Suas exposições de pintura não foram muito bem-sucedidas, mas em 70 ele já tinha diversas composições, competentes o suficiente para não escandalizarem Andy Mackay, um novo amigo, saxofonista com trânsito na música experimental.
Com Mackay e um velho parceiro do grupo de soul, o baixista Graham Simpson, trabalharam o repertório enquanto experimentavam colaboradores: Dexter Lloyd; depois Paul Thompson na bateria, David OÕList (ex-Nice), depois Phil Manzanera para a guitarra. Mas o achado foi um jovem vanguardista, apaixonado pela eletrônica, que além do mais era a única pessoa conhecida capaz de tocar o sintetizador ("Meu Deus, o que é isso?!") que Mackay tinha comprado: Brian Eno.
Eis que, em 72, a EG Records e o letrista/produtor Peter Sinfield, recém-rompido com o King Crimson, resolvem lançá-los. Nesse meio tempo, as primárias canções de Ferry foram rearranjadas, reagindo magnificamente com suas letras cultas, entre o surreal, o irônico e o romântico. Da parte interna da capa do primeiro LP (por fora a modelo Kari-Ann se espalha numa colcha de cetim, sem um apelo sexual) cinco figuras exóticas, topetes pontudos, óculos de homem-mosca, jaquetas de oncinha, lançavam seu manifesto: re-faça, re-modele.
"Re-Make/Re-Model", a primeira faixa, começa com ruídos de festa. É esse o sentido da exuberância dos rapazes: celebração, e não bichice. O som evoca, freqüentemente, o rock dos anos 50. Mas este é um disco de idéias, mais do que música. O primeiro compacto, com a faixa "Virginia Plain", já tinha posto a banda em evidência. Os trinados de Ferry tratavam de uma de suas obsessões, o glamour do cinema hollywoodiano ("o real e confiável/é que Baby Jane está em Acapulco/e todos estamos voando para o Rio"), de um jeito provocador (Baby Jane Holzer foi estrela em alguns filmes underground de Andy Warhol). Sintetizador, sax e guitarra festejavam.
No LP, esses motivos estão expandidos. Além da profusão de efeitos eletrônicos futuristas, o trabalho de Eno no sintetizador amplia a noção de textura, até então pouco presente no rock. Os timbres de teclados, guitarras, sax (e oboé, o outro instrumento de Mackay) se combinam em camadas, se distribuem em solos rápidos, num certo sentido de música visual, gráfica.
Mas sobretudo é Mr. Ferry derramando-se em charme, ao piano, nos vocais brincalhões ou ressentidos, nas letras ricas em images, apaixonadas e apaixonantes - não fosse o nome Roxy inspirado naquelas salas de cinema onde se assistiam aos doces encontros e desencontros do amor. "Parece que foi ontem/que te vi pela primeira vezÉ/Como podia esquecer um dia assim?"

Alex Antunes


Vitrola: Roxy Music – Re-Make/Re-Model

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Coletivos


Compra coletiva de estupidez
Compra coletiva de cinismo
Compra coletiva de descaso
Compra coletiva de falta de caráter
Compra coletiva de corruptos
Compra coletiva de corruptores
Compra coletiva de futilidade
Compra coletiva de mau gosto
Compra coletiva de insanidade
Compra coletiva de atitudes (fakes)
Compra coletiva de cansaço
Compras
Compras
Compras...

Eis o mundo atual...


Vitrola: Eric Clapton - While my guitar gently weeps (Concert for George)