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quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Luzes Apagadas


As luzes foram apagadas
não restou nem a dor
nem uma fagulha capaz
de reacender aquela vela
sobre a cabeceira solitária
desta última noite
ouvindo a última vez
o derradeiro acorde
deste ano que se vai...

Então fique só 2014
pois eu preciso seguir na estrada
mesmo sem o tempo de chorar...


Vitrola: Zeca Baleiro – Não Adianta (Sérgio Sampaio)

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Nalgum Lugar


Não sei dizer o que há em ti que fecha e abre
Só uma parte de mim compreende
Que a voz dos teus olhos
É mais profunda que todas as rosas
Ninguém, nem mesmo a chuva, tem mãos tão pequenas

Nalgum lugar
ele perdido pára e olha para os lados
atrás e à frente
e como em desespero
percebe, induz, concluí:

-Não há nada neste lugar, nada além de mofo e cansativo aroma...

Suas mãos pequenas
acariciam o vácuo do tempo
apenas uma forma de dizer
que hoje está triste
cinza e mudo para o mundo
apesar do colorido arco-íris
da sensível Dorothy...


Vitrola: Zeca Baleiro – Nalgum lugar

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Sucumbiremos



Eu consumo        
tu      consomes   
ele/ela        consome    
nós    consumimos       
vós    consumis   
eles/elas     consomem

eu      consumirei
tu      consumirás
ele/ela        consumirá 
nós    consumiremos    
vós    consumireis
eles/elas     consumirão

E com tanto consumo
O mundo sucumbirá
O amor sucumbirá
A fé já sucumbiu...

O sonho de consumo é a melhor definição do fim.
Do fim de tudo que outrora foi belo.

Sucumbiremos abraçados em nossos descartáveis sonhos... sonhos...
...sonhos de consumo 
que deletarão da vida 
as nossas almas. 
 
Na vitrola: Zeca Baleiro e Kléber Albuquerque – Têve

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Carrossel



Bruno Batista é um sujeito afável, simpático e meticuloso em seu trabalho, sua arte, sabe muito bem o que quer. Fiquei contente ao ouvir o seu segundo álbum – Eu Não Sei Sofrer em Inglês – que traz criatividade para muito além do titulo. Com produção assinada por Guilherme Kastrup e Chico Salem, Eu Não Sei Sofrer em Inglês é composto por 12 faixas autorais, que permeiam o universo pop bem variado do seu jovem autor.

O novo disco traz participações afetivas de Zeca Baleiro (Acontecesse) e Tulipa Ruiz (Nossa Paz) e, revela um compositor desbravando caminhos – como os novos ares da musicalidade paulistana mescladas a sólida ponte de Caetano, Marley, Bowie, Dylan, Luiz Gonzaga, Leonardo Cohen dentre outros poetas da música popular.

Adorei a canção homônima ao titulo do disco – “Eu não sei sofrer em inglês” - porquê me lembra um carrossel em movimento – pode ser o De La Tour Eiffel em Paris, ou, qualquer outro de um parquinho do subúrbio do Rio, São Paulo ou São Luiz.

Essa sensação deliciosa não é gratuita, mas sim fruto de um arranjo pensado para ser leve, um deleite, pois no fundo a vida não deixa de ser um carrossel de emoções, alternando altos e baixos, acelerações e movimentos mais lentos.

Nuvens brincam ao redor
Roupas secam a cada sol
Peixinhos dormem
E ninguém explica
Porque eu sou assim tão só

Marley, Lennon, Bowie, Morris Albert
Jack White, Dylan e Baez
De uma vez
De uma vez
Eu não sei sofrer em inglês.

Quem quiser conferir mais detalhes pode acessar a página do artista – uma boa pedida para o feriadão.

Em sampa faz um lindo céu azul nesta manhã preguiçosa de outono e, eu, posso até vislumbrar o jovem poeta pinçando palavras e sonoridades delicadas e sensoriais para desnudar a vida. 

Trilha Sonora
Artista: Bruno Batista
Música: Eu não sei sofrer em inglês

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Eu não tenho tempo



Eu não tenho tempo
Eu não sei voar
Dias passam como nuvens
Em brancas nuvens
Eu não vou passar
Eu não tenho medo
Eu não tenho tempo
Eu não sei voar
Eu tenho um sapato
Eu tenho um sapato branco
Eu tenho um cavalo
Eu tenho um cavalo branco
E um riso, um riso amarelo

Eu não tenho medo
Eu não tenho tempo
De me ouvir cantar
Eu não tenho medo
Eu não tenho tempo
De me ver chorar
Eu não tenho medo
Eu não tenho tempo
E eu não sei voar

E o tempo voa como um solo de guitarra...

Trilha Sonora
Artista: Zeca Baleiro/Fagner
Música: Não Tenho Tempo

quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Cinza



A cinza das horas
No desencanto com a luz
Na ausência de cores vivas
Pelas ruas
Alamedas
Avenidas
Casas
e jardins

Amanheceu cinza
O meu peito vazio
De amores eternos
Que sempre flutuam
Longe,
Para bem longe
Do meu alcance...
Inexato abraço
Que só os amores
Proibidos
Sabem calcular

Insistindo numa conta
Que nunca Fecha
Em seu final.

Trilha Sonora
Artista: Zeca Baleiro
Música: Mais um dia cinza em São Paulo

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

150mg de afeto



Eu não quero ver você cuspindo ódio
Eu não quero ver você fumando ópio, pra sarar a dor
Eu não quero ver você chorar veneno
Não quero beber o teu café pequeno
Eu não quero isso seja lá o que isso for

Final de tarde nas ruas do Itaim Bibi. Carros bacanas circulam por entre casas e prédios, restaurantes e, hotéis de luxo. Tudo soa meio blasé pelas bandas do Itaim.

E quem são as pessoas que passeiam no Itaim?

Só sei que não são de outro mundo.

Um sorriso atraente, um olhar penetrante – azul da cor do mar – impossível resistir, e negar uma observação mais detalhada, apenas ‘pleno exercício de direito’ diriam alguns advogados.

Pelos cantos assisto ao desfile de meninos e meninas poeticamente perfeitos.

E como é linda a juventude!

Ouço da boca de alguém acostumada a lhe dar com a ponta oposta da pirâmide etária, o que torna a frase solta mais valiosa.

Na balada da hora, liberto pelo tempo e espaço ‘soft’ do Itaim, quase sem querer ouço uma conversa ríspida via celular entre um Apolo e seu pai Zeus:

-O senhor nunca me deixa falar, externar, aquilo que penso e sinto. Você me expulsou da sua casa, agora também vai me expurgar da sua vida? Eu ainda sou o seu filho, será que você se esqueceu disso?

A tristeza de Apolo comove, ele parece apenas reivindicar com aquela vontade de viver tão pertinente aos jovens, um canal mais eficaz e sincero de comunicação. É como se ele quisesse dizer: O que eu quero é honestidade Zeus!

Pai e mãe separados – qual a casa que esse mancebo chamará de lar?

Manoel Carlos diria que o Itaim é uma sucursal do Leblon – de fato daria um bom enredo de novela.

A noite cai e as luzes dos carros borram a minha visão junto com a chuva que cai sobre o Itaim, talvez as lágrimas do nosso Apolo, incompreendido e, empurrado tão cedo para a lacuna vazia do desamparo familiar, cada vez mais comum nessa sociedade viciada no consumo.

No final das contas quero intuir que Apolo fala através da sua rebeldia:

-Por favor, me deem pelo menos 150mg de afeto incondicional! Pai Zeus não me expulse do Olimpo, eu quero me apaixonar novamente por você!

-Apenas uma pílula de afeto, é tudo o que eu te peço!