Saio no intervalo e a cantina está fechada. É segunda-feira cedo, estou com fome. Atravesso a rua encontro uma senhora e o seu carrinho de cachorro-quente. Enquanto devoro o hot dog, pessoas passam e a cumprimentam:
-Olá Dona Flor, tudo bem com a senhora?
Durante os poucos minutos em que fiquei ali foram pelo três transeuntes que seguiram o ritual.
Engraçado. Porque estava pensando exatamente na paz que aquela senhora tão simples e simpática me passou durante aquele rápido lanche.
Flor! Ela realmente não poderia ter outro nome.
Por que será que algumas pessoas nos transmitem uma paz reconfortante enquanto outras sugam toda a nossa energia? Céu ou inferno, às vezes não existe meio termo.
Dona Flor essa é pra senhora com carinho e, que aquelas palavras tão delicadas sejam triplicadas em sua vida, em seu jardim.
Confesso que não gostei muito do primeiro disco solo do Marcelo, mas amei este segundo “Toque Dela”. Harmonias bacanas, vocais bem talhados, canções melodiosas, simples e ao mesmo tempo com certo toque de sofisticação. É um álbum mais solar, menos nublado, com se pode ouvir nos metais de “Ôô” uma das faixas do novo disco do carioca, que cada vez mais vai fincando os pés na Paulicéia desvairada.
Não sou eu a pessoa mais indicada a reivindicar um carnaval. Em mil anos haverá no mundo um turbilhão de arruaceiros, todos com seus chips devidamente incorporados em suas almas, e cada qual sambando conforme a música.
Aquela garota lá da esquina me convidou para desfilar na avenida. Me disse pra entrar fantasiado de arlequim e, que ela seria a minha Afrodite. Disse também que o convite era irrecusável, pois a noite seria um sonho, breve, mas ainda assim um sonho.
Mas como disse anteriormente, daqui a pouco, em mil anos luz, uma trupe de seres quase humanos mezzo Blade Runner, mezzo Inteligência Artificial, herdará um carnaval intergaláctico – repleto de enredos aparentemente banais – e então o amor de Afrodite já não será tão delicado, sensual e tampouco irrecusável.
A banalidade reside na automação de todos os sentimentos. O carnaval esta aí basta olhar ao redor, todos fantasiados, zombando da vida, faça sol ou faça chuva.
Descobri com lagrimas que fevereiro/março é todo dia, toda hora, toda noite na avenida, esteja ela cheia ou vazia.
A espuma do mar desvanece e o arlequim não faz nada além do que chorar.
Falar de amor pode até ser clichê, mas em “Apenas o Fim” (2009) o amor é quase um atestado de idoneidade entre dois jovens universitários da classe média carioca.
Em plena faculdade Antônio (Gregório Duvivier) é procurado por sua namorada (Erika Mader), que lhe avisa que pretende fugir de casa e recomeçar a vida em outro local. Ele tenta convencê-la do contrário, sem sucesso. Os dois concordam em passar a próxima hora juntos, relembrando momentos do passado e imaginando o futuro.
Primeiro filme dirigido por Matheus Souza, “Apenas o Fim” é composto pela simplicidade. Uma única locação, o campus da PUC no Rio de Janeiro, pouco dinheiro investido para um longa, boas idéias e longos e divertidos diálogos que podem esconder aspirações maiores que apenas entreter o público em uma sala de projeção de cinema.
Cheio de referências ao universo pop de uma geração, como "Cavaleiros do Zodíaco", "Power Rangers" e Backstreet Boys, o cineasta e roteirista afirma que o filme é para ser visto por todos.
E lá pelas tantas quando parece que o filme vai murchar, surgem frases que comprovam a estirpe de um bom roteiro:
- Você é uma fraude, sabia? Uma fraude!
Bem bonitinha, mas uma fraude.
- Você foi feliz comigo de verdade?
- Não. Mas a culpa é minha!
- O que você mais gosta de mim?
- Eu gosto do jeito que você toca flauta com o nariz.
- Você não é tão diferente assim, preciso te informar isso.
- Boa parte desse monstro que sou hoje é culpa sua.
- Eu sou aquela vontade que dá, de repente, de tomar Fanta Uva.
- Você é o Menthos.
- Qual o homem mais bonito do mundo pra você?
- Chico e o Johnny Depp.
- Não pode ser outro?
- Você vê filmes demais. Vai acabar me amando pra sempre.
- A gente se perdeu no momento em que a gente se encontrou.
- Vocês mulheres tem uma visão completamente equivocada do que nós pensamos sobre as mulheres. Qual a mulher que a gente mais respeita? Não é a nossa mãe que mostra o peito pra gente logo no primeiro encontro?
- Descobrir que a vovó Mafalda era homem
foi traumático para toda uma geração.
- Eu vou sentir falta das suas mãos quentinhas.
- E eu do seus pés, sempre gelados.
- Você acha que iria gostar de mim se eu não fosse tão complicada?
- Acho. Gostaria sim.
- A única diferença entre a arte e a terapia
é que se eu deixar de escrever um dia, não pago a sessão.
- Você é meu chicletinho mastigado.
- O único lado bom de morrer de amor
é que você continua vivo.
- Você acredita em Deus?
- O problema não é saber se ele existe ou não.
É saber quando ele tá blefando.
- Desculpe. Eu não sei o que é ficar cansado de você.
- O que você acha mais importante: amor ou sexo?
- A primeira opção. Mas qual foi mesmo a primeira coisa que você falou?
- Se você ficasse eu faria de tudo para eliminar todos os meus defeitos,
mesmo não sabendo direito quais são.
E já no final do filme uma revelação devastadora:
- Isso é só o fim. O que importa já foi feito.
- E agora? Agora é o resto das nossas vidas.
Daí sobe a música dos Los Hermanos, Antônio então senta-se e assisti a namorada partir enquanto a melancolia vira arte.
Pois é...
-Você me ama?
- Falar sobre amor é clichê.
- Falar que falar sobre amor é clichê é que é clichê.
Na dúvida é melhor assistir de novo, porque em "Apenas o Fim" Matheus Souza conseguiu ir além do mero entretenimento.
Trilha Sonora Artista: Los Hermanos Música: Pois é
Falar de amor pode até ser clichê, mas em “Apenas o Fim” (2009) o amor é quase um atestado de idoneidade entre dois jovens universitários da classe média carioca.
Em plena faculdade Antônio (Gregório Duvivier) é procurado por sua namorada (Erika Mader), que lhe avisa que pretende fugir de casa e recomeçar a vida em outro local. Ele tenta convencê-la do contrário, sem sucesso. Os dois concordam em passar a próxima hora juntos, relembrando momentos do passado e imaginando o futuro.
Primeiro filme dirigido por Matheus Souza, “Apenas o Fim” é composto pela simplicidade. Uma única locação, o campus da PUC no Rio de Janeiro, pouco dinheiro investido para um longa, boas idéias e longos e divertidos diálogos que podem esconder aspirações maiores que apenas entreter o público em uma sala de projeção de cinema.
Cheio de referências ao universo pop de uma geração, como "Cavaleiros do Zodíaco", "Power Rangers" e Backstreet Boys, o cineasta e roteirista afirma que o filme é para ser visto por todos.
E lá pelas tantas quando parece que o filme vai murchar, surgem frases que comprovam a estirpe de um bom roteiro:
- Você é uma fraude, sabia? Uma fraude!
Bem bonitinha, mas uma fraude.
- Você foi feliz comigo de verdade?
- Não. Mas a culpa é minha!
- O que você mais gosta de mim?
- Eu gosto do jeito que você toca flauta com o nariz.
- Você não é tão diferente assim, preciso te informar isso.
- Boa parte desse monstro que sou hoje é culpa sua.
- Eu sou aquela vontade que dá, de repente, de tomar Fanta Uva.
- Você é o Menthos.
- Qual o homem mais bonito do mundo pra você?
- Chico e o Johnny Depp.
- Não pode ser outro?
- Você vê filmes demais. Vai acabar me amando pra sempre.
- A gente se perdeu no momento em que a gente se encontrou.
- Vocês mulheres tem uma visão completamente equivocada do que nós pensamos sobre as mulheres. Qual a mulher que a gente mais respeita? Não é a nossa mãe que mostra o peito pra gente logo no primeiro encontro?
- Descobrir que a vovó Mafalda era homem
foi traumático para toda uma geração.
- Eu vou sentir falta das suas mãos quentinhas.
- E eu do seus pés, sempre gelados.
- Você acha que iria gostar de mim se eu não fosse tão complicada?
- Acho. Gostaria sim.
- A única diferença entre a arte e a terapia
é que se eu deixar de escrever um dia, não pago a sessão.
- Você é meu chicletinho mastigado.
- O único lado bom de morrer de amor
é que você continua vivo.
- Você acredita em Deus?
- O problema não é saber se ele existe ou não.
É saber quando ele tá blefando.
- Desculpe. Eu não sei o que é ficar cansado de você.
- O que você acha mais importante: amor ou sexo?
- A primeira opção. Mas qual foi mesmo a primeira coisa que você falou?
- Se você ficasse eu faria de tudo para eliminar todos os meus defeitos,
mesmo não sabendo direito quais são.
E já no final do filme uma revelação devastadora:
- Isso é só o fim. O que importa já foi feito.
- E agora? Agora é o resto das nossas vidas.
Daí sobe a música dos Los Hermanos, Antônio então senta-se e assisti a namorada partir enquanto a melancolia vira arte.
Pois é...
-Você me ama?
- Falar sobre amor é clichê.
- Falar que falar sobre amor é clichê é que é clichê.
Na dúvida é melhor assistir de novo, porque em "Apenas o Fim" Matheus Souza conseguiu ir além do mero entretenimento.
Olhou para a TV e franziu a testa, então deu as costas e saiu.
Ganhou às ruas, avistou um taxi e acenou para o chofer.
-Boa noite! Daqui pro Méier por obséquio e, de preferência na manha do gato.
Foi quando o "sobrenatural de Almeida" o visitou antes da meia-noite.
Seus olhos já cansados pelas turbulências da vida olharam de relance para alguém de áurea cintilante, olhar meigo e fixo, sedutor e determinado. Ele não resistiu à tentação:
-Alô... qual o nome da belezura?
Deu para ouvir o silêncio em toda a Guanabara – segundos de intenso suspense...
-Idalina. Ao seu dispor cavalheiro.
Naquele duplo Ás entre a sedução e a fantasia, a cartada final parecia ter hora certa para chegar.
Bebidas e copos sobre a mesa enquanto o sol já queria dizer bom dia.
Saíram da boate entrelaçados pelas mãos, embora soubessem que o jogo estava perto do seu fim.
Deu empate no tempo final de jogo! Mas tal qual um clássico que se preze – aquele não teria sido o encontro derradeiro, os ventos carregavam um perfume diferente pelo ar.
Novidade é seu nome quando acontece de repente.
Em sua roda de amigos as únicas palavras concretas foram: Enfim! Paulo conheceu o amor!
Parece ter encontrado aquilo que nunca teve na vida, um romance.
PS: Sobrenatural de Almeida foi uma expressão cunhada por Nelson Rodrigues em suas crônicas esportivas
Sem troféu, apenas para desafiar as articulações, as rugas e os cabelos brancos?
Quem torce pela dignidade e honestidade do Rubens Barrichello, sem dar ouvidos a `massa` acéfala que teima em desdenhar do rapaz?
Quem ainda ousa torcer pelo finlandês que não dá bola pro joguinho medíocre de bussiness da F1 e, que por hora está desempregado graças a um mau caráter espanhol chamado Fernando?
Quem adora filmes em preto e branco, livros de Saramago, biografias de musicos e filmes de Wood Allen quando tudo que vemos nas prateleiras e nas salas escuras são blockbuster vazios e, rasos de conteúdo?
Quem em sã consiência ouve um samba-canção pós moderno dos Los Hermanos acreditando ser uma aversão ao bate-estaca reinante do mundo globalizado?