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quarta-feira, 5 de novembro de 2014

Visão Embaçada


Ele confuso
Apenas ouvia frases:

Every year is getting shorter

Never seem to find the time


Porque o tempo é mercúrio-cromo
E tempo é tudo que somos


Então mais um dia,
E hoje o sol não apareceu...


Vitrola: Time – David Gilmour

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Voo Sincero



Há um relato de voz naquela voz,
tão retorcida voz, toda ela espanto.
o corpo que é voz tem um esgar
que deixa de ser corpo e é só voz.
se munch se dissesse, rediria
a voz candente, noite de gravura,
que é gravura e voz que firma a tela.
intensos tão meandros destes traços
que num itálico do grito a fala sente
o homem ser só grito, sem mais homem.

Romério Rômulo
Vitrola: Pink Floyd - Great Gig in the Sky

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Guerra e Paz



Flutuando sob as nuvens
Memorias vem para me encontrar agora
No espaço entre o paraíso
E o canto de algum campo estrangeiro
Eu tive um sonho
Eu tive um sonho


Provavelmente era um sonho de paz...

Trilha Sonora
Artista: Pink Floyd
Música: The Gunner's Dream

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

O Grito



Há um relato de voz naquela voz,
tão retorcida voz, toda ela espanto.
o corpo que é voz tem um esgar
que deixa de ser corpo e é só voz.
se munch se dissesse, rediria
a voz candente, noite de gravura,
que é gravura e voz que firma a tela.
intensos tão meandros destes traços
que num itálico do grito a fala sente
o homem ser só grito, sem mais homem.


Romério Rômulo


Trilha Sonora
Artista: Pink Floyd
Música: Great Gig in the Sky

quarta-feira, 19 de maio de 2010

Tempo...



"O tempo é um rato roedor das cousas, que as diminuí ou altera no sentido de lhes dar outro aspecto."
Machado de Assis

De relance, por entre o espelho, pela primeira vez em minha vida eu antevi o caos que denominamos de tempo. Isto me lembra o longa, “O Curioso Caso de Benjamin Button”.

Ali à minha espreita o ciclo natural da vida: pai e filho num quase close, em um plano retilíneo nem aberto e, nem fechado.

O espelho de um hospital pode revelar o quanto de humano existe, ou não, dentro de cada um de nós: “eu vi muitos cabelos brancos na fronte do artista/o tempo não pára no entanto ele nunca envelhece”.

E nessa analogia entre tempo, caos, vida e morte, estamos nós, aqui e agora.

“Algumas pessoas nascem para se sentarem à beira do rio. Algumas são atingidas por raios. Algumas tem ouvido para a música. Algumas são artistas. Algumas nadam. Algumas percebem os botões. Algumas conhecem Shakespeare. Algumas são mães. E algumas pessoas... dançam”.

Se ontem fui carregado no colo, talvez agora seja a hora de dar suporte a quem outrora me conduzia.

Trilha Sonora
Artista: Pink Floyd
Música: Time

sábado, 19 de dezembro de 2009

Levitar



E de repente me bateu uma saudade desta música. Do clima espacial, cósmico, estranho e ao mesmo tempo arrebatador que ela inspira. Queria poder ouvir novamente este sax flutuando e, então levitar por entre as notas musicais de “Us And Them”.

E, com ela dormir e sonhar... sonhar...

Trilha Sonora
Artista: Pink Floyd
Música: Us And Them

sexta-feira, 23 de outubro de 2009

A Meca e o Plebeu



Saía de casa às 4h da manhã todos os dias. Caminhava por entre a névoa da alvorada, ouvindo apenas o tremor dos próprios lábios, e seus apressados passos.

Sua primeira provação diária era aquele coletivo lotado de seres como ele, a procura do sustento e da manutenção da dura vida. Durante os quarenta minutos do percurso a sua única sensação era a saudade da infância, onde os dias eram mais ensolarados e a neblina cedia espaço para um céu azul radiante. Lembranças já perdidas no tempo e no espaço da labuta diária.

Seu destino temido se aproxima. São cinco horas de uma manhã qualquer, e naquela estação a sua face irá se unir a outras milhares, quase todas sem feições, mas repletas das marcas da vida e ostentando ainda algum esboço persistente de fé.

A cidade antes calada, vazia e preguiçosa, agora acorda fixando seus olhos no plural de sonho, tristeza, acalanto, resignação, esperança e desespero.

Nossa personagem ainda caminha, não ouve mais seus passos, não percebe mais o frio, apenas aguarda a execução da sua sentença diária.

Depois do coletivo, do trem e da caminhada, eis que avista ao longe a Meca – imponente, repressora e transgressora da sensibilidade humana – onde dali a pouco repetirá por horas centenas de vezes o mesmo movimento, a mesma cena usurpadora de ontem, de hoje e do amanhã.

São 7h de uma sexta-feira, e nesse dia nosso anti-herói decide se rebelar contra as imposições do império e da vida. Então corre para a sala de comunicação, abre caminho à base do seu soco inglês, guardado devidamente em sua marmita. Com ele alvejou dois seguranças e três colegas que tentaram impedi-lo de tomar de assalto os microfones que comandam milhares de mentes cotidianamente.

-Atenção repetidores a ordem é parar as máquinas! Parem todas as máquinas, desliguem todos computadores, quebrem os seus cartões de ponto, e saiam da Meca! Vamos sair para o pátio externo, é hora da diversão!

Atônitos, seguranças, patrões e empregados olham horrorizados aquele ser subvertendo qualquer ordem, e mais a frente o golpe final e certeiro:

- Hoje em vez das máquinas, vocês irão ouvir música, do erudito ao popular, de Bach, a Madonna, de Cartola a Villa-Lobos, eu não quero ver ninguém parado, dancem, cantem, vamos rodear e cercar Meca!

A imprensa logo surge em polvorosa ávida por uma entrevista exclusiva com o rebelde do império. A polícia sempre ao lado do poder instituído já cerca os muros de Meca, preparando sua invasão impura e violenta.

Foi quando ao som de “Another Brick In The Wall” do Pink Floyd, que João ouviu sonolento sua Maria gritando:

-Acorda João tá na hora de ir pro trabalho! Já são 4 da manhã!

Com frio, e empunhando seu guarda-chuva, João não parecia o mesmo naquele alvorecer. Despede-se de Maria como fazia todas as manhãs, e segue seu rumo em direção a Meca, com a devoção e a fé de quem necessita de um milagre por dia.

Sorria ao lembrar do seu último trailer, da projeção inconsciente dos seus maiores anseios, e cantarolava canções que naquela madrugada representavam em seu universo a plena liberdade!

João morreu na trágica tarde daquela sexta-feira de janeiro. Ele foi tragado pelo chão no metrô Pinheiros em São Paulo. Foi traído pela cobiça humana, pelo desafeto e desamor ao próximo, pela sagacidade do pequeno grupo que continua a comandar e a usurpar os trabalhadores da grande Meca!