Eles estão chegando. Teremos uma overdose de U2 nos próximos dias. Não sei ao certo o que quero ouvir dia 13 no Morumbi. Das canções antigas talvez realmente eu queira ouvir Bad, Even Better than the Real Thing, e certamente as belas Ultraviolet (Light My Way), e Love is Blindness que eu adoro.
É... parece que eu já sei qual seria mais ou menos um set bacana para este show, mas surpresas virão, resta esperar.
E o poeta adverte:
A fotografia
nos dá a versão fotográfica do real.
Há outras versões.
Os gravadores
inventam o real
e nem por isso sua versão do real
será menos real.
Por isso também
pode-se dizer
que há um real que só Rubem Grilo inventa
-Um real cuja essência é gráfica
e de tal intensidade
que suas formas
limpas de falso afeto
nos cortam como lâminas.
Ferreira Gullar
Trilha Sonora
Artista: U2
Música: Love is Blindness and Can't Help Falling In Love
Uma das melhores covers de “Suspicious Minds” de Elvis. Anos 80 e esta é a turma do Fine Young Cannibals, uma banda versátil, dançante e acima de tudo inspirada.
O vocalista Roland Gift de certa forma comprova a tese de que Elvis era um branco de voz negra. Os metais da canção, tanto faz a versão original quanto essa são lindíssimos e, soam como poesia aos ouvidos.
Eterna, talvez a melhor definição para “Suspicious Minds”.
Richard é isso. Um híbrido entre Elvis – pode ser o Presley, ou, o Costello, e ainda a figura de Roy Orbison passeando por entre sua voz. Suas canções podem ser doces como esta “Tonight The Streets Are Ours” que adoro ouvir quando vou deitar.
Sidney 1993. A Zoo TV do U2 chegava ao final com todas as suas novidades tecnológicas.
Bono encarnava um alter-ego, Mr. MacPhisto, terno dourado rosto maquiado, lábios com batons assiste a banda introduzir a climática balada “Love is Blindness” composta em homenagem a diva Billie Holiday.
A canção e a turnê encabeçavam o antológico álbum Achtung Baby (1991), uma das vezes em que a banda reinventou sua carreira, talvez a principal delas.
No disco a canção passou batida, mas no show não havia como deixar de perceber a beleza da atmosfera da canção, além do comovente solo de guitarra de The Edge.
Pronto. É a deixa para uma linda garota australiana subir ao palco e dançar lentamente com Bono, a cena é divina, enquanto The Edge arrasa corações com sua guitarra...
Eu já não saberia se sonho com a música, com a garota, com Bono ou The Edge, até que ecoam os acordes da última canção do espetáculo...
Elvis paira sobre o palco, nos falsetes majestosos de Bono, eis a romântica “Can't Help Falling In Love” fechando com elegância e muita emoção um dos melhores shows da longa carreira da banda irlandesa.
Vale o sonho, vale o registro da memória musical, de uma noite histórica e inesquecível.
Trilha Sonora
Artista:U2
Música: Love Is Blindness e Can't Help Falling In Love
Mas foi num especial para TV norte-americana NBC em 3 de dezembro de 1968 que o rei do rock alcançou o auge.
Elvis havia conquistado tudo o que a vida ‘material’ das estrelas do recém nascido pop poderia lhe oferecer: grana, mulheres, fama, status, uma vida de “sonhos”... e não há sonhos sem pesadelos...
Aqui a personagem, Elvis Presley, formatada para render milhões de dólares a empresários inescrupulosos encontrava a sua mais perfeita tradução. Era um show artístico cativante.
Elvis dera enfim um basta para os filmes água com açúcar que lhe renderam fama em todo o mundo, e já entediado de trabalhar em projetos tão ruins, encarava o especial da NBC como uma maneira de dizer:
-Pessoal, eu ainda sei cantar rock’n’roll!
E como sabia!
É o auge da sua beleza física, de sua linda voz, da sua postura naturalmente sexy, do seu carisma. É a plena forma de algo que dali em diante faria apenas decair.
O que torna este especial de TV importante é exatamente a sensação de que não só Elvis, mas todos nós um dia alcançaremos o nosso auge e depois teremos que lhe dar com todas as letras – uma a uma -da expressão decrepitude. O homem no escuro tateando um caminho amargo que tem um destino irremediável.
O retrato da juventude está congelado neste especial de Elvis para a TV, é como se Elvis jamais tivesse envelhecido, o que torna absolutamente verdadeira a frase:
Um Estranho Chamado Elvis, uma cena encantadora, assim como era sedutora a persona de Elvis sobre o palco no auge de sua carreira. O ator Harvey Keitel vai para a galeria das cenas sonoras do blog com louvor.