quarta-feira, 31 de agosto de 2011

15 Minutos de "Fama"



Joe Strummer não foi um músico qualquer. Turco de nascimento foi uma espécie de arquiteto do movimento punk em meados dos anos 70 na Inglaterra. Sua contribuição à sonoridade punk reside na experimentação sonora que o Clash adicionou ao punk tal como elementos do reggae e do ska.

Para, além disso, Strummer era um ativista politico e social conhecido por seu comprometimento com movimentos e causas ligados a esquerda inglesa. Morreu cedo em 2002 vitima de uma doença cardíaca congênita.

Este hit em especial me traz boas recordações do dia em que a minha banda “protestante” encheu e esvaziou ao mesmo tempo um templo religioso, explico:

Era um festival “evangélico” detesto este termo, lá pelos idos de 1992. A principio o evento seria realizado em uma praça de um bairro suburbano em Fortaleza (CE), mas devido as fortes chuvas a turma da pesada resolveu que as bandas tocariam dentro da igreja local. Era uma Igreja de “bandeira” Presbiteriana.

Não deu outra. Erámos a segunda de três atrações da noite, mas depois das nossas cinco músicas, cinco rocks bem sujos com letras politizadas, ninguém mais conseguiu pensar ou falar de outra coisa. Resumo da opera: Os mais conservadores bateram em retirada, enquanto a moçada do bairro entupiu os corredores da igreja para dançar e curtir aquele som cru, e cortante.

Ainda lembro do Marcelo Shu, nosso vocalista usando uma bonita bandana na cabeça e segurando o pedestal do microfone ala Freddie Mercury, declamando uma poesia que eu acho que era do Vinicius logo no inicio da apresentação. Lá também estavam o Beto (guitarras), o César (teclados) e o Paulo (bateria), eu quebrava o galho no contrabaixo elétrico.

Nossas canções giravam em torno de temas sociais e políticos, tais como os protestos dos estudantes chineses na Praça Celestial na China em 1989 em "Primavera de Ilusões", ou as condições de vida dos catadores do lixão do Jangurussu em Fortaleza, "Cidadão Jangurussu". Havia ainda uma versão impagável para um hit do Whitesnake "Here I go again", uma baladona rock que fazia o maior sucesso e deixava um monte de gente de cabelos arrepiados.  

Foi uma noite inesquecível, os nossos quinze minutos de fama que reverberaram por todas as igrejas da cidade.

Trilha Sonora
Artista: The Clash
Música: Rock The Casbah

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Entre Muros



Às vezes eu tento participar de outra vida que não seja obrigatoriamente a minha própria. Observo, ensaio, e fica por isso mesmo. Será?

A resposta eu jamais saberei, não cabe a mim ter essa ciência. Eu sei, no entanto que muitas vezes um olhar, um gesto delicado, ou apenas e simplesmente doar um pouco de atenção já faz muita diferença.

Trilha Sonora
Artista:Oasis
Música: Wonderwall

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Dizer Adeus



Temo não mais te amar. E isso é terrível.
Preparei-me para o fim, mas não assim,
não esse, que acaba com o sonho e esvazia
a minha mente, desse todo tempo que você
foi em minha vida. Nada... Agora nada...
Ah... Um Ah prolongado e envelhecido.
Envelheci nessa insistência em amá-lo,
agora, ah... Quanta tolice... Esses versos
todos... Amontoados como ossos de uma
desova militar.

Fernanda Young

Trilha Sonora
Artista: Renato Russo
Música: Hey, thats no way to say goodbye

domingo, 28 de agosto de 2011

O Leãozinho



Zach Condon da banda Beirut já cantava “Leãozinho” em 2008 e agora em 2011 registrou definitivamente a música na coletânea Red Hot + Rio 2, disco tributo à Tropicália. É uma cover bacana, despojada, sem muito afetação da canção que Caetano fez em homenagem ao contrabaixista Dadi Carvalho.

Uma bonita e justa homenagem ao nosso baiano.

Trilha Sonora
Artista: Beirut
Música: Leãozinho (Red Hot + Rio 2)

sábado, 27 de agosto de 2011

Mundo Mágico



Ela sempre pensava em voz quase alta. Na verdade era uma mescla de rouquidão com ansiedade adolescente:

-Eu queria tanto, mais tanto, encontrar o mundo dos sonhos! (suspiros)

Saiu certa noite com as amigas e, foi nesta balada que algo estranho aconteceu. Não, ela não encontrou nenhum príncipe encantado, e também não virou gata borralheira ao toque das doze badaladas.

Ela apenas vislumbrou o luar, sentiu vontade de partir tal qual Doroth em Kansas, mas não houve tornado capaz de tirar os seus pés da pista de dança.

Trilha Sonora
Artista: Mario Biondi
Música: This Is What You Are

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Bom Dia



Bom dia mundo!
Acordei com este vídeo na mente, uma delicia que vale tanto quanto desejar bom dia as pessoas nas ruas, no trabalho, em todo lugar.
É só deixar rolar...

Trilha Sonora
Artista: The Jive Aces
Música: Bring Me Sunshine

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Ana Beatriz



Aninha
eu vi o começo de tudo
e já faz tempo
porque eu tinha apenas nove anos
Foi numa noite de terça-feira
que a sua mãe chegou neste pedaço de terra
eu acho, agora olhando para você
que aquele bebe era mesmo
bem parecida contigo.

Verei novamente os primeiros passos de alguém neste mundo
e isso me faz recordar daquela imagem do homem pisando na lua

Sim, me leva pra sempre, Beatriz
Me ensina a não andar com os pés no chão

Fiz algumas contas:

Quando você alcançar os quinze anos
cá estarei eu com os meus 57
Daqui a trinta anos
eu estarei mais preocupado em dormir tarde
para não despertar tão cedo, 72

e assim iremos em compassos diferentes
por hora o que mais conta é ver como
um pinguinho de gente mobiliza os marmanjos
como eu
seja benvinda!

Trilha Sonora
Artista: Milton Nascimento
Música: Beatriz

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A Cidade Sem Sonhos


A Grande cidade dorme
apesar do vaivém incessante
dos carros que poluem sua atmosfera
corroendo os pulmões das pessoas
que dirigem os carros
que pedalam
correm
andam
amam
odeiam
vivem
matam
nascem
ferem
uns aos outros
é o estresse
são as dores
somos nós
você e eu
que compramos carros
armas
palavras
falsos sentimentos
alheios
a importância sublime
do outro

A grande cidade nunca descansa,
e onde estão os seus sonhos?

Trilha Sonora
Artista: Never Shout Never
Música: Big City Dreams

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Poema Gelado



Eu
privado de calor
gelado
frio
quase morto
ainda assim
posso intuir
o calor
de teus olhos
a anistiar
a minha dor
derradeira...

Trilha Sonora
Artista: Jackie Lomax
Música: How The Web Was Woven

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Cada um por si



Olho no jornal alguém indignado porque o garçom trouxe a sua comida errada. Faltava um galho de alecrim, a decoração do prato descrita no menu e, depois disso o cara armou um tremendo barraco e ainda escreveu uma carta para o jornal, queria que todos soubessem do seu ‘infortúnio’ afinal de contas ele deve mesmo ser achar a pessoa mais importante deste mundo.

No mesmo espaço alguém se queixa que o banheiro do teatro municipal estava fechado durante um espetáculo, deve ser mesmo complicado assistir a uma opera apertado não?

Enquanto isso... no trash congresso nacional, meia dúzia de pilantras orquestram como tirar mais do nosso já contado dinheiro, ou seja, querem criar um pouco mais de impostos... e ninguém fala nada.

Engraçado esse jeito imbecil de ser do brasileiro médio, de medíocre mesmo. Quer saber? Acho é pouco, bem feito, continuem olhando para o próprio umbigo e vocês vão ver suas crianças cada vez mais mimadas piorando o que já é feio e ruim neste continente.

Amanhã é outro dia, quem sabe alguma coisa diferente acontece por aqui.

Trilha Sonora
Artista: Ultraje a Rigor
Música: Cada um por si

domingo, 21 de agosto de 2011

Uma Canção



And when my life is over
Remember when we were together
we were alone and i was singing my song for you
For you...

É o que diz a canção
pode ser assim na vida
nunca duvide das imitações da arte
nem despreze as conspirações atemporais

bem, isso já está parecendo encontro de paranormais
ou congresso de ufólogos

Trilha Sonora
Artista: Leon Russell
Música: A SONG FOR YOU (1971)

sábado, 20 de agosto de 2011

Felicidade



Eis o som retrô de Marcelo Jeneci a irradiar o meu quarto
assim como os raios solares invadem a janela nas manhãs
de inverno

Dançar na chuva quando a chuva vem...

pois tudo, ou quase tudo
foi feito mesmo pra acabar

Trilha Sonora
Artista: Marcelo Jeneci
Música: Felicidade

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Abraços



Essa história poderia ser contada assim:

No aeroporto um pai aguarda sua filha. Parece apreensivo, mistura ansiedade e saudade. Conjuga os verbos sem esquecer a emoção, para ele é um momento intenso em sua vida.

O desembarque de um aeroporto pode ser um lugar terrível, é onde as pessoas precisam de plaquinhas com nomes para serem reconhecidas, percebidas... mas pode também ser o paraíso dos exilados.

Enfim a filha chega, é fácil descobrir, pois o sorriso daquele pai não cabe em sua boca... ele não se contem de felicidade, ali naquele instante por alguns segundos eu entendi vagamente o que pode ser a tal da felicidade...

Acontece uma pausa dramática...

Um longo e afetuoso abraço, não percebo mais nada ao meu redor pois em minha mente cinematográfica tudo passou a girar em torno de um pai e de uma filha agarrados, amarrados por um imenso abraço...

Apenas chorei...  a emoção foi pra lá de contagiante.

Agora mirando os olhos de Edie Sedgwick neste vídeo adornado pela canção de Bowie na voz de Bruni, me veio uma súbita vontade de abraçar intensamente a musa de Andy Warhol, mas infelizmente ela já partiu...

If our love song
Could fly over mountains
Could laugh at the ocean
Just like the films

Trilha Sonora
Artista: Carla Bruni
Música: Absolute Beginners

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

Silence



As contradições sempre elas: Na era da informação ninguém mais pode conversar com sossego. Repare na proliferação de aparelhos de TV espalhados por restaurantes, bares e similares.

Podemos receber informações, mas não temos mais o direito de trocar figurinhas com os amigos, familiares, ou mesmo pedir aos céus por um sagrado minuto onde se possa ouvir o silêncio.

Ouvi da Marisa Orth ontem durante um bate-papo informal uma descrição acerca dos silêncios na arte, entre outras coisas ela soltou que na música do Nirvana havia aquele instante de silêncio...

O assunto versava sobre o ritmo que um ator precisa ter em cena, e isso vale para arte, da pintura ao palhaço, da ópera ao rock. Ritmo e silêncios...

Trilha Sonora
Artista: Kitaro
Música: A Drop of Silence

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Melina



Melina está em frente ao espelho
Sua face está coberta por uma maquiagem branca e espessa
Que encobre seu rosto macilento
São as marcas visíveis da doença que lhe rouba a vida sem pena
Aceleradamente 

Melina é um astro do rock prestes a morrer
Ele sabe disso
E no camarim ao encarar sua frágil aparência no espelho
Chora copiosamente
O palhaço enfim se rende a fraqueza humana
Mas por poucos momentos
Porque logo em seguida ouve na memória uma ária
Que poderia ser a sua própria tragédia
Não apenas ouve, mas senti como nunca antes na vida
Aquelas palavras
Que mais uma vez borram a sua mascara mortuária
Os palhaços também morrem um dia
Diria algum poeta desesperançado

Recitar,
enquanto tomado pelo delírio
não sei mais aquilo que digo
e aquilo que faço.

Todavia é necessário. Esforça-te! Vai!
És tu talvez um homem?
Ah! ah! ah! ah! ah!
Tu és Palhaço.

Veste o casaco
e a cara enfarinha.
O povo paga
e quer rir aqui.

E se Arlequim
te rouba a Colombina,
ri Palhaço
e cada um aplaudirá.

Muda em piadas
o espasmo e o choro,
numa careta o soluço
e a dor.

Ah! Ri Palhaço,
sobre o teu amor partido.
Ri da dor
que te envenena o coração!

*Melina era o codinome carinhoso com o qual Elton John chamava o amigo Freddie Mercury.

Trilha Sonora
Artista: Luciano Pavarotti
Música: Vesti La Giubba (Pagliacci)

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Mrs. Jones



A infidelidade pode ser um prato saboroso, dizia ela ao seu amante na noite turva enquanto lá fora uma chuva intensa despejava água ao redor.

Mas já era tarde, à meia-noite tudo retornaria ao seu devido lugar. Era algo como a fabula de Cinderela e, repito, já era bem tarde para voltar atrás.

Mas sua dor aumentava quando o domingo se aproximava do fim, o lar já não era, digamos, uma casa tolerável.

Amantes, vivem assim, tristes e sozinhos com seus respectivos maridos e mulheres, são tristes sim. Suas opções nunca coincidem com algo mais plausível...

Me and Mrs. Jones
We got a thing going on
We both know that it's wrong
But it's much too strong
To let it go now

É a trilha da infidelidade.

Trilha Sonora
Artista: Michael Bublé
Música: Me and Mrs. Jones

domingo, 14 de agosto de 2011

Melancolia



Certamente Lars Von Trier não é daqueles diretores que gosta de facilitar os conteúdos de seus filmes ao espectador, essa coisa de esmiuçar, colocar na boca e mastigar enredos, cenas ao 'consumidor' está longe de ser sua predileção em relação a arte, e eu fico feliz por isso. Seu mais recente longa metragem, Melancholia (2011) é resultado de sua filmografia, por vezes polemica, cruel, mas acima de tudo sempre uma inebriante obra de arte.

O prologo do longa é de uma beleza arrebatadora, deixa a sala de projeção muda, quieta, em transe frente a cena esteticamente tão bem trabalhada e ao mesmo tempo angustiante. O elenco encabeçado pelas musas Kirsten Dunst, e Charlotte Gainsbourg confere peso e profundidade a película, trazendo ainda uma boa atuação do versátil Kiefer Sutherland, sim ele, o Jack Bauer de 24 horas.

Dividido em duas partes, dois pontos de vista para a vida, talvez, Justine e Claire, as irmãs, os pontos de observação do tarado humanista Lars Von Trier. Melancholia é um incomodo visual rodeado pela beleza, ao mesmo tempo em que anuncia o fim deste mundo, desta vida, deste plano incerto que mescla a depressão genética de Justine e a tensão aparentemente fria e posteriormente desesperada de Claire.

Em dias de farta informação, eu diria uma generalização do piloto automático ‘cultural’, sair da sala escura quase imóvel traduz que o cinema ainda pode ser tratado de maneira adulta, sem a infantilização do espectador, cada vez mais mimado pela indústria do entretenimento. 

Neste aspecto pouco importa por quem o diretor dinamarquês nutre ou não, simpatia. Com Melancholia Lars Von Trier confirma que sua cinematografia é impar e infelizmente por diversos motivos ainda para poucos.

sábado, 13 de agosto de 2011

Nova



Senhoras e senhores
Trago boas novas
Eu vi a cara da morte
E ela estava viva
Eu vi a cara da morte
E ela estava viva - viva!

Cazuza

E nem adianta tentar fingir de que nada aconteceu, pois quando ascende uma luz logo esquecemos a escuridão.

Trilha Sonora
Artista: The Smiths
Música: Reel Around The Fountain

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Bandeira Branca



Estendi uma bandeira branca
assim que senti o meu chão afundar
mas temo ser tarde demais
tudo agoniza ao meu redor
até o seu incansável otimismo
caiu por terra

Trilha Sonora
Artista: Dido
Música White Flag

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Rotas Alteradas



Nada poderá justificar tamanha estupidez, nenhum argumento terá o impacto de ‘litle boy’ naquelas comunidades japonesas. Hiroshima e Nagasaki são testemunhas de quanto o homem pode ser cruel, insano, egoísta, tirano...

A esperança... bem, não sei se é possível falar sobre a espera quando em segundos tudo é varrido do mapa.

Trilha Sonora
Artista: Secos e Molhados
Música: Rosa de Hiroshima

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Na Pista...



Resolvi misturar Raulzito com Status Quo porque a letra de Raul é instigante (a música da letra idem) mas me deu vontade de ouvir ao fundo os ‘velhinhos’ do Status floreando um rock’n’roll.

Se você acha que tem pouca sorte
Se lhe preocupa a doença ou a morte
Se você sente receio do inferno
Do fogo eterno, de deus, do mal

Eu sou estrela no abismo do espaço
O que eu quero é o que eu penso e o que eu faço
Onde eu tô não há bicho-papão
Eu vou sempre avante no nada infinito
Flamejando meu rock, o meu grito

Minha espada é a guitarra na mão
Se o que você quer em sua vida é só paz
Muitas doçuras, seu nome em cartaz
E fica arretado se o açúcar demora
E você chora, cê reza, cê pede... implora...

Enquanto eu provo sempre o vinagre e o vinho
Eu quero é ter tentação no caminho
Pois o homem é o exercício que faz
Eu sei... sei que o mais puro gosto do mel
É apenas defeito do fel

E que a guerra é produto da paz
O que eu como a prato pleno
Bem pode ser o seu veneno
Mas como vai você saber... sem tentar?

Se você acha o que eu digo fascista
Mista, simplista ou antissocialista

Eu admito, você tá na pista
Eu sou ista, eu sou ego
Eu sou ista, eu sou ego
Eu sou egoísta, eu sou,
Eu sou egoísta, eu sou,
Por que não...

Raul Seixas

Trilha Sonora
Artista: Status Quo
Música: Rockin' All Over The World

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Playback



Fico pensando para onde irei quando tudo acabar. Minha rotina eu descontruo a cada 24 horas e, isso me liberta de possessões. Eu toparia sumir do mapa por alguns dias, não é fuga, é bloqueio criativo.

Porque sou ingênuo, acredito que todo o restante do globo também pensa do mesmo modo (sic). Pessoas carregadas deveriam ser banidas da minha frente vez por outra, detesto ser sugado, vilipendiado por quem não quer compreender que esta vida é apenas um rito de passagem.

Vamos de Style Council, cantando com playback, a imagem é boa, o som também, mas o Paul Weller não gosta de playbacks...

E nem eu!

Trilha Sonora
Artista: The Style Council
Música: How She Threw It All Away

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Abrigo



“Você parece comigo
Nenhum senhor te acompanha
Você também se dá um beijo dá abrigo”.

Eu necessito de um abrigo
que me abrace sem perguntas
eu clamo por ternura sem intenções maiores
minhas expectativas não são auspiciosas
minha conta bancária não me pertence
meu conhecimento é o desapego
eu aprendi a nadar contra a forte correnteza
não me afoguei no inferno
não afundarei no paraíso
mas...
o teu olhar me acalma
isso importa muito mais
que a vil aparência
pálida
desfigurada
de uma família feliz

Eu necessito de um abrigo
aquela arvore
me cabe tão bem
que adormecerei sob à sua sombra
eternamente

A natureza do amor
me abriga

Trilha Sonora
Artista: Renato Braz e Boca Livre
Música: Cruzada

domingo, 7 de agosto de 2011

A Juventude



“A gente acaba sendo, basicamente, o que viveu na juventude”.

“Nada é imóvel no tempo”.

Wild Horses couldn't drag me away
Wild, wild horses, we'll ride them someday

Trilha Sonora
Artista: Charlotte Martin
Música: Wild Horses

sábado, 6 de agosto de 2011

O Pedido


Nas minhas conversas com Deus certo dia eu me virei em sua direção e lhe disse:

-Tenho apenas um pedido a fazer e entendo que não sou merecedor de resposta, mas seja lá qual for a minha morada eterna, permita-me Senhor ouvir uma vez ao dia a voz de Sharon Jones.

Trilha Sonora
Artista: Sharon Jones
Música: Tell Me

sexta-feira, 5 de agosto de 2011

Poética


De manhã escureço
De dia tardo
De tarde anoiteço
De noite ardo

A oeste a morte
Contra quem vivo
Do sul cativo
O este é meu norte

Outros que contem
Passo por passo:
Eu morro ontem

Nasço amanhã
Ando onde há espaço:
- Meu tempo é quando.

Ps: Talvez, é provável, não sei, quem sabe, mas U2 e Vinicius de Moraes podem até não combinar. Mas este blog vive do cotidiano, de um pouco das minhas observações, reais e ficcionais, logo, U2 e Vinicius passam a ser uma dupla esteticamente fascinante.

Trilha Sonora
Artista: U2
Música: One

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Eu sei, mas não devia...



Eu sei que a gente se acostuma. Mas não devia.

A gente se acostuma a morar em apartamentos de fundos e a não ter outra vista que não as janelas ao redor. E, porque não tem vista, logo se acostuma a não olhar para fora. E, porque não olha para fora, logo se acostuma a não abrir de todo as cortinas. E, porque não abre as cortinas, logo se acostuma a acender mais cedo a luz. E, à medida que se acostuma, esquece o sol, esquece o ar, esquece a amplidão.

A gente se acostuma a acordar de manhã sobressaltado porque está na hora. A tomar o café correndo porque está atrasado. A ler o jornal no ônibus porque não pode perder o tempo da viagem. A comer sanduíche porque não dá para almoçar. A sair do trabalho porque já é noite. A cochilar no ônibus porque está cansado. A deitar cedo e dormir pesado sem ter vivido o dia.

A gente se acostuma a abrir o jornal e a ler sobre a guerra. E, aceitando a guerra, aceita os mortos e que haja números para os mortos. E, aceitando os números, aceita não acreditar nas negociações de paz. E, não acreditando nas negociações de paz, aceita ler todo dia da guerra, dos números, da longa duração.

A gente se acostuma a esperar o dia inteiro e ouvir no telefone: hoje não posso ir. A sorrir para as pessoas sem receber um sorriso de volta. A ser ignorado quando precisava tanto ser visto.

A gente se acostuma a pagar por tudo o que deseja e o de que necessita. E a lutar para ganhar o dinheiro com que pagar. E a ganhar menos do que precisa. E a fazer fila para pagar. E a pagar mais do que as coisas valem. E a saber que cada vez pagar mais. E a procurar mais trabalho, para ganhar mais dinheiro, para ter com que pagar nas filas em que se cobra.

A gente se acostuma a andar na rua e ver cartazes. A abrir as revistas e ver anúncios. A ligar a televisão e assistir a comerciais. A ir ao cinema e engolir publicidade. A ser instigado, conduzido, desnorteado, lançado na infindável catarata dos produtos.

A gente se acostuma à poluição. Às salas fechadas de ar condicionado e cheiro de cigarro. À luz artificial de ligeiro tremor. Ao choque que os olhos levam na luz natural. Às bactérias da água potável. À contaminação da água do mar. À lenta morte dos rios. Se acostuma a não ouvir passarinho, a não ter galo de madrugada, a temer a hidrofobia dos cães, a não colher fruta no pé, a não ter sequer uma planta.

A gente se acostuma a coisas demais, para não sofrer. Em doses pequenas, tentando não perceber, vai afastando uma dor aqui, um ressentimento ali, uma revolta acolá. Se o cinema está cheio, a gente senta na primeira fila e torce um pouco o pescoço. Se a praia está contaminada, a gente molha só os pés e sua no resto do corpo. Se o trabalho está duro, a gente se consola pensando no fim de semana. E se no fim de semana não há muito o que fazer a gente vai dormir cedo e ainda fica satisfeito porque tem sempre sono atrasado.

A gente se acostuma para não se ralar na aspereza, para preservar a pele. Se acostuma para evitar feridas, sangramentos, para esquivar-se de faca e baioneta, para poupar o peito. A gente se acostuma para poupar a vida. Que aos poucos se gasta, e que, gasta de tanto acostumar, se perde de si mesma.

(1972)

Trilha Sonora
Artista: Paul Williams
Música: Rainy Days And Mondays

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Mr. Ferrão



Numa noite vazia
Dessas que o som de um saxofone quase aplaca
A solidão enorme de um pequeno quarto de hotel
Recebi a visita de Mr. Sting e sua trupe.
Então, não pude deixar de abrir um sorriso maroto
Já era o fim da noite
Yeah! Um brinde!
Saúde!

Trilha Sonora
Artista: Sting
Música: If You Love Somebody Set Them Free

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Simplesmente Não



NÃO me pergunte por que às vezes tudo fica cinza comigo
o tempo fecha e logo aquelas nuvens carregadas
desembocam numa grande tempestade
NÃO me pergunte se eu gosto de achar algo sobre tudo nesta vida
porquê de em vez quando eu prefiro simplesmente ficar mudo
Contemplativo
Discreto
Sereno e bem distante

Sabe o refrão daquela antiga canção
Pode valer neste caso:

Don't answer me, don't break the silence
Don't let me win
Don't anwer me, stay on your island
Don't let me in

Os publicitários logo dirão
que tudo aqui está errado
pois comecei os versos com um sonoro NÃO

Mas o que importa
NÃO quero me vender
Nem te comprar

Apenas ouça a canção que diz,

Don't answer me, don't break the silence
Don't let me win
Don't anwer me, stay on your island
Don't let me in

Trilha Sonora
Artista: Alan Parsons Project
Música: Don't Answer Me