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segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Amores


Sua mãe apenas observava. Era uma cena comovente e, ao mesmo tempo, preocupava a genitora que entre a cozinha e a biblioteca desfilava sua elegância europeia por entre os corredores da mansão dinamarquesa.

Ao final do preludio resolveu intervir:

-Minha filha, quando uma garota de sua idade resolve ouvir Wagner “Tristão e Isolda” em vez de Foo Fighters é porque algo está muito errado...

Sobre as dores do amor a filha preferiu somente dizer:

- Não se preocupe mamãe. “Eu sei que o amor é bom demais, mas dói demais sentir”.

Vitrola: Richard Wagner - "Tristan und Isolde", Prelude


segunda-feira, 22 de outubro de 2012

Melancholia



Perderia a essência sem olhar aquele céu
De uma melancolia dolorosa
Rosa e azul
Cor de carmesim
numa manhã de sentimentos devastadores...

Pode um começo soar tanto com o fim?
Pode uma música anunciar o desencontro de uma vida inteira?

Passa pelos meus olhos agora a amargura
Que a finitude nos traz
Chega aos meus ouvidos o som funesto
Da ferrugem de uma alma sem alegria
O prologo de todo grande amor...

Morrer, morrer, desencantado sem fé
Morrer ferido pelo olhar irradiado da paixão
Que um dia cederá ao tempo
Perecerá sem sequer alcançar o auge
A explosão dos planetas
A ruína do amor
A desesperança do encontro tardio.

Vitrola: Proloque (Tristan and Isolde)

domingo, 14 de agosto de 2011

Melancolia



Certamente Lars Von Trier não é daqueles diretores que gosta de facilitar os conteúdos de seus filmes ao espectador, essa coisa de esmiuçar, colocar na boca e mastigar enredos, cenas ao 'consumidor' está longe de ser sua predileção em relação a arte, e eu fico feliz por isso. Seu mais recente longa metragem, Melancholia (2011) é resultado de sua filmografia, por vezes polemica, cruel, mas acima de tudo sempre uma inebriante obra de arte.

O prologo do longa é de uma beleza arrebatadora, deixa a sala de projeção muda, quieta, em transe frente a cena esteticamente tão bem trabalhada e ao mesmo tempo angustiante. O elenco encabeçado pelas musas Kirsten Dunst, e Charlotte Gainsbourg confere peso e profundidade a película, trazendo ainda uma boa atuação do versátil Kiefer Sutherland, sim ele, o Jack Bauer de 24 horas.

Dividido em duas partes, dois pontos de vista para a vida, talvez, Justine e Claire, as irmãs, os pontos de observação do tarado humanista Lars Von Trier. Melancholia é um incomodo visual rodeado pela beleza, ao mesmo tempo em que anuncia o fim deste mundo, desta vida, deste plano incerto que mescla a depressão genética de Justine e a tensão aparentemente fria e posteriormente desesperada de Claire.

Em dias de farta informação, eu diria uma generalização do piloto automático ‘cultural’, sair da sala escura quase imóvel traduz que o cinema ainda pode ser tratado de maneira adulta, sem a infantilização do espectador, cada vez mais mimado pela indústria do entretenimento. 

Neste aspecto pouco importa por quem o diretor dinamarquês nutre ou não, simpatia. Com Melancholia Lars Von Trier confirma que sua cinematografia é impar e infelizmente por diversos motivos ainda para poucos.