Sinto-me tal qual um hotel Sou o provisório Já não tenho paciência Para os contos de fada É tão pouco para a ideia de imortalidade da juventude. “A vida é apenas uma ponte entre dois nadas E tenho presa”. Caio F. Abreu Adriana Calcanhoto – Naquela Estação
Ela
não se tortura mais. Apagou a vela nesta manhã, estava serena, apresentava
aquele ar dos heróis quando tombam na batalha. Nos últimos dias ouviu algumas
vezes ao longe a singular canção:
Eu
ando pelo mundo
E
os automóveis correm
Para
quê?
As
crianças correm
Para
onde?
Transito
entre dois lados
De
um lado
Eu
gosto de opostos
Exponho
o meu modo
Me mostro
Eu canto para quem?
As
letras não são mortas, suspirou em voz alta antes de adentrar em um sono leve,
discreto, que aumentava aos poucos, até não regressar mais.
Foi
assim que Dorothy Gale partiu para outra jornada, não a do herói, mas ela seguiu...
Eu
ando pelo mundo
E
meus amigos, cadê?
Minha
alegria, meu cansaço
Meu
amor cadê você?
Eu acordei
Não
tem ninguém ao lado...
Desta
vez tia Em e tio Henry não mais a achariam.
Vitrola:
Adriana Calcanhotto e Paulinho Moska - Esquadros
Eu ando pelo mundo Prestando atenção em cores Que eu não sei o nome Cores de Almodóvar Cores de Frida Kahlo Cores!
Passeio pelo escuro Eu presto muita atenção No que meu irmão ouve E como uma segunda pele Um calo, uma casca Uma cápsula protetora Ai, Eu quero chegar antes Prá sinalizar O estar de cada coisa Filtrar seus graus...
Eu ando pelo mundo Divertindo gente Chorando ao telefone E vendo doer a fome Nos meninos que têm fome...
Pela janela do quarto Pela janela do carro Pela tela, pela janela Quem é ela? Quem é ela? Eu vejo tudo enquadrado Remoto controle...
Eu ando pelo mundo E os automóveis correm Para quê? As crianças correm Para onde? Transito entre dois lados De um lado Eu gosto de opostos Exponho o meu modo Me mostro Eu canto para quem?
Pela janela do quarto Pela janela do carro Pela tela, pela janela Quem é ela? Quem é ela? Eu vejo tudo enquadrado Remoto controle...
Eu ando pelo mundo E meus amigos, cadê? Minha alegria, meu cansaço Meu amor cadê você? Eu acordei Não tem ninguém ao lado...
Pela janela do quarto Pela janela do carro Pela tela, pela janela Quem é ela? Quem é ela? Eu vejo tudo enquadrado Remoto controle...
Eu ando pelo mundo E meus amigos, cadê? Minha alegria, meu cansaço Meu amor cadê você? Eu acordei Não tem ninguém ao lado...
Pela janela do quarto Pela janela do carro Pela tela, pela janela Quem é ela? Quem é ela? Eu vejo tudo enquadrado Remoto controle...
Eu tenho uma história curiosa com "Esquadros". Na época de seu lançamento imaginava que Adriana estava interpretando uma canção de Renato Russo. Mas, então descobri que a música era de sua própria autoria.
Sempre imaginava como seria Renato cantando sua letra urgentemente social e ao mesmo tempo solitária.
Santo Youtube! Graças a ele aí está o meu sonho concretizado, os dois no Programa do músico e empresário José Maurício Machline na década de 90.
É exatamente como imaginei: Renato acentuando os tons graves - privilégio do seu potente timbre vocal -em trechos como "meu amor cadê você?/eu acordei/não tem ninguém ao lado".
Ele também está lendo a letra e, se enrola em determinado momento, mas nada que tire a beleza do encontro. A qualidade da imagem não é lá uma brastemp e, quem precisa de mais?