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segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Faca Amolada



Quando a tristeza triunfa sobre a esperança
e a claridade da manhã já não te anima mais
Quando o verão aproxima-se
mas você se sente em pleno inverno
e tudo o que consegue pensar
é em estar sozinho

É porque de fato existe um alerta no ar:
a escuridão agora parece ditar o tom,
tanto ao longo dos dias
quanto na sutileza das noites,
e a luz parece inexistir para alguém como eu...

São vozes silenciadas
olhos marejados
crianças inocentes sorrindo
sem saber que o futuro
será apenas um arremedo da liberdade
a mesma pela qual batalhamos tanto,
duramente naqueles anos passados,
Você ainda é capaz de se lembrar disso? 

“A memória é uma ilha de edição”

Pois agora
é a escuridão quem dá o tom
sim, e o verão se aproxima
mas me sinto no inverno
preferindo ficar sozinho
não quero a multidão errante
queria apenas ter a paz dos justos...

Agora não pergunto mais pra onde vai a estrada
Agora não espero mais aquela madrugada
Vai ser, vai ser, vai ter de ser, vai ser faca amolada
O brilho cego de paixão e fé, faca amolada...


U2 - There is a Light

quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Carta a um amigo


 “O Brasil é uma República Federativa cheia de árvores e gente dizendo adeus”. (Oswald de Andrade)

Sou do tempo das cartas, quando era necessário escrever de próprio punho palavras que pudessem expressar sentimentos.

As palavras de Oswald de Andrade são mais profundas do que aparentam. Falam do quanto o progresso e o mundo da indústria e do trabalho inverteram perversamente a lógica e as razões mais essenciais da vida em sociedade. Em nome desse suposto avanço aceleramos o tempo, vivemos correndo e quase nunca dizemos aos nossos pares o que mais importa.  As árvores cederam espaço ao concreto, roubaram de nossas paisagens o verde, o colorido, o frescor da natureza transformando tudo no árido concreto, erguendo prédios enormes, pintando o mundo melancolicamente de cinza. Abriram espaço para os velozes automóveis, adicionaram computadores em nossas rotinas e, aos poucos nos fizeram crêr por alguns instantes que as pessoas poderiam ser substituídas por máquinas...

Sabe lá Deus em sua infinita sabedoria o quanto esse estado de coisas nos aflige, pessoas dispostas a doar o que temos de melhor – a erguer relações em outros patamares, sem a clássica divisão patrão e empregado, pobre e rico, homem ou mulher...

Sim, eu sei meu amigo que o mundo vira as costas a todos os teimosos incuráveis, Dom Quixotes das esquinas que andam trôpegos pelas ruas e avenidas desta vida, sonhando sempre sem perder de vista que a missão é árdua, e por isso mesmo estaremos sempre atravessando desertos e encarando muitas vezes a cruel e costumas solidão.

Eis Milton cantando a beleza do amor, a paixão por River Phoenix

 Milton Nascimento/ Carta a um jovem ator



segunda-feira, 22 de agosto de 2016

Cata-vento


Noite sem lua
Chuva com vento
Cata-vento
E pela estrada vejo tanta poeira
Subindo como rastro
Dessa vida que voa ligeiro
Dissipando magia e dor como tormenta no verão...

Canta Alaíde soltando os redemoinhos do tempo
Por entre a gente...


Alaíde Costa - Catavento

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Sofro Calado


“É que Narciso acha feio o que não é espelho”...

Uma sinfonia não se escreve em apenas um dia, uma hora, quiçá alguns segundos...

O paraíso é artificial, o inferno é bem real...

Poucas palavras, tantas interpretações.



Vitrola: Milton Nascimento – Sofro Calado

domingo, 14 de junho de 2015

A Conspiração do Poeta


Há nessa noite
mais uma estrela no céu
a somar poesia e canções

e a brilhar
brilhar
brilhar...

Nossas vidas não seriam lindas
Sem a tua poesia
Faça então a travessia
Querido Brant
Até um dia.


Vitrola: Milton Nascimento – Travessia

segunda-feira, 9 de março de 2015

Tristesse


Quanta saudade brilha em mim
Se cada sonho é seu
Virou história em sua vida
Mas prá mim não morreu...


E no infinito do universo alguém ousou dizer,
Ainda estou aqui, mesmo se aquela estrela já se foi...

Vitrola: Maria Rita – Tristesse

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Como Outrora


Nada Será Como Antes
Alvoroço em meu coração
Virando aquela esquina te encontro
O tempo me faz acertos
E ao olhar mais nitidamente me vejo cercado pelos amigos

Então, venham todos...



Vitrola: Nada Será Como Antes -Milton Nascimento e Lô Borges

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Fundo da Noite



Andas sozinha
mesmo quando me calo naquela esquina
perambula pelos meus cinco continentes
por meus mares bravios
nas fronteiras dessa terra estrangeira
meu caminho solitário de verão
e lá do fundo da noite partiu
você, sim, ouvi
minha voz...
Vitrola: "Clube da Esquina" – Renato Braz

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

Estação Vida


O meu pai completou setenta anos!
Meu filho está com dez meses
Eu me aproximo dos 45
E o trem vai seguindo
Sem dia certo para chegar ou partir...

“é a vida desse meu lugar,
é a vida!”.

Adeus a Nelson Ned e ao jogador português Eusébio...

Vitrola: Milton Nascimento – Encontros e despedidas

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Miltons


Não sou daqui meu companheiro
isso aqui é apenas uma travessia curta
meu caminho é de pedra como posso sonhar?

Olha o vento
olha o céu
olha o mar

eles são sonhos nos olhos de uma criança
de um infante sonhador...

Vitrola: Milton Nascimento – Travessia


quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Esperança e Glória...


E disse Deus: Cante Milton…

No principio eram os sonhos
planos mirabolantes, amores impossíveis, cavaleiros e motoqueiros
Era um roteiro de cinema a cada dia
porque esse é o sonho, a esperança, a juventude e a fé!

Milton é a voz do Deus nesta terra estropiada e repleta de zumbis perdidos, massacrados e desiludidos...

Obrigado Deus!


Vitrola: Milton Nascimento – Coração de Estudante

sábado, 17 de agosto de 2013

Curvas


“E lá se vai mais um dia…”

Assusta-me não saber o que vem depois daquela curva cega...
Ainda assim tenho que prosseguir.

Vitrola: Clube da Esquina 2 - Milton Nascimento


quarta-feira, 10 de julho de 2013

Paciência


Enquanto todo mundo
Espera a cura do mal
E a loucura finge
Que isso tudo é normal
Eu finjo ter paciência...

E a vida é tão rara...

Vitrola: Paciência Lenine e Milton

sábado, 22 de setembro de 2012

Nos Bailes...



"Com a roupa encharcada e a alma
repleta de chão
todo artista tem de ir aonde o povo está
se foi assim, assim será
cantando me disfarço e não me canso
de viver nem de cantar..."

Reinventar-se a cada alvorecer
essa é a minha prece.

Vitrola: Milton Nascimento e Paulinho Moska – Nos Bailes da Vida

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Nada Será Como Antes



Nada será como antes
uma imensa luz me cerca agora
há um súbito alvoroço em meu coração
uma semente de esperança
brotou, irá crescer
e no próximo outono
esta poesia fará ainda mais sentido

Na vitrola: John Lennon - Beautiful Boy

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Novo Mundo



"Ó, nem o tempo, amigo
Nem a força bruta pode um sonho apagar".


Teus olhos estarão sempre sorrindo...

Milton Nascimento – Canção do Novo Mundo


segunda-feira, 2 de abril de 2012

40 anos de Clube



O Clube da Esquina completa este ano 40 anos. Milton Nascimento, os irmãos Lô, Marcio e Marilton Borges, e depois juntaram-se a estes os fãs dos Beatles Toninho Horta, Flávio Venturini, Vermelho, Tavinho Moura, Beto Guedes, Ronaldo Bastos e o letrista Fernand Brant.

O Brasil é mesmo um país de ritmos sem igual, e isso se deve a sua cultura hibrida que permite que sons rurais típicos de Minas Gerais encontrem harmonia com o rock europeu dos Beatles.

Li no jornal uma matéria onde se questionava o porquê dos mineiros não terem alcançado tanta repercussão internacional quanto, por exemplo, a Bossa Nova e o Tropicalismo. Neste caso, acredito que a questão seja irrelevante já que o som do Clube da Esquina ainda hoje continue a influenciar artistas brasileiros, como a banda mineira Skank e os cariocas dos Los Hermanos.

A trupe do Jipe “Manuel – O Audaz” construiu com maestria uma estética musical com aromas e paisagens da geografia montanhosa de Minas Gerais.

Nas letras havia uma nítida preocupação de se registrar um espirito da época, destacando os anseios dos jovens brasileiros das grandes cidades brasileiras no inicio da década de 70 através de uma poesia elaborada que fugia de letras clichês de apelo romântico fácil.   

Milton Nascimento rodou o mundo com sua voz inigualável, e os outros integrantes criaram ao longo dos últimos quarenta anos bons sons em diversos projetos que só puderam existir graças ao Clube mais famoso de Belo Horizonte.  


Clube da Esquina - Tudo Que Você Podia Ser


quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Idade do Ouro



Já nem lembrava mais desta colaboração entre os ingleses do Duran Duran e o brazuca Milton Nascimento. Ela aconteceu no ano de 1993, a canção “Breath After Breath” traz na produção além dos artistas envolvidos, o pitaco sempre salutar de Peter Gabriel. Não deixa de ser uma produção globalizada – Inglaterra/Brasil/Argentina (locação escolhida para ambientar o videoclipe/As cataratas do lado dos hermanos).

O Duran Duran está chegando ao Brasil para participar do Festival SWU, e o faz em ótimo momento artístico, não franza a sua testa, é verdade. Envelhecer com sabedoria é para poucos, e os ingleses provaram isso nos últimos anos, principalmente com seu último disco de estúdio “All You Need Is Now” (2011) uma aula de pop elegante atual com auto referência.

Enquanto o país perde seu tempo discutindo a relação entre uma dupla chinfrim "sertaneja", eu prefiro respirar alento com os eternos garotos ingleses e o nosso Bituca. Talento neste caso não falta, sobra.

Trilha Sonora
Artista: Duran Duran/Milton Nascimento
Música: Breath After Breath

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

A Voz do Coração



Hoje me bateu uma sensação de desolação. Não sei ao certo o motivo, ou, motivos. Não estou deprimido, longe disso. A auto-observação traz por vezes esse sentimento, esse mistério entranhado lá dentro de nós.

Pensei em duas coisas que não estão obrigatoriamente entrelaçadas. Lembrei de Isak Borg, personagem do diretor sueco Ingmar Bergman em “Morangos Silvestres” (1957). Na película o professor de medicina revive suas memorias ao reencontrar sua antiga casa na estrada entre Estocolmo e Lund, aliás, dia desses fiz um ‘download’ da minha infância neste blog.

Foi aí que percebi que já fui muito, muito mais rígido comigo mesmo, porém hoje em dia tento ter uma atitude mais ‘relax’. Para quem tem um monte de palavras ali à espreita, fica difícil não se ‘envenenar’ de poesia, de dores, alegrias, sorrisos e lágrimas de escritores, poetas, cineastas, músicos, compositores... e isso tudo todos nós sentimos, mesmo aqueles que negam e fazem aquela pose fake de durão.

Não sou indiferente e, esse é o lado positivo. Ninguém quer ter a sensação de envelhecer mais rápido do que esperava, ninguém quer pensar seriamente no rito de passagem, ou de retorno, o Raul Seixas já dizia que antes de nascermos estávamos mortos, e pra lá voltaremos...

Até o Steve Jobs morre e, ontem foi o dia dele partir.

A segunda lembrança me veio através da leitura de uma carta do Caio Fernando Abreu para seus pais. Fui à lona, nocaute certeiro. Fiquei comovido pela sinceridade e coragem, e penso o quanto deve ter sido sofrido para ele - um escritor – que se sentia impotente, um observador compulsivo da vida que passava ali por seus olhos fixos em uma janela.

São Paulo, 12 de agosto de 1987

Querida mãe, querido pai,


Não sei mais conviver com as pessoas. Tenho medo de uma casa cheia de pais e mães e irmãos e sobrinhos e cunhados e cunhadas. Tenho vivido tão só durante tantos – quase 40 – anos. Devo estar acostumado.

Dormir 24 horas foi a maneira mais delicada que encontrei de não perturbar o equilíbrio de vocês – que é muito delicado. E também de não perturbar o meu próprio equilíbrio – que é tão ou mais delicado.


Estou me transformando aos poucos num ser humano meio viciado em solidão. E que só sabe escrever. Não sei mais falar, abraçar, dar beijos, dizer coisas aparentemente simples como “eu gosto de você”. Gosto de mim. Acho que é o destino dos escritores. E tenho pensado que, mais do que qualquer outra coisa, sou um escritor. Uma pessoa que escreve sobre a vida – como quem olha de uma janela – mas não consegue vivê-la.

Amo vocês como quem escreve para uma ficção: sem conseguir dizer nem mostrar isso. O que sobra é o áspero do gesto, a secura da palavra. Por trás disso, há muito amor. Amor louco – todas as pessoas são loucas, inclusive nós; amor encabulado – nós, da fronteira com a Argentina, somos especialmente encabulados. Mas amor de verdade. Perdoem o silêncio, o sono, a rispidez, a solidão. Está ficando tarde, e eu tenho medo de ter desaprendido o jeito. É muito difícil ficar adulto.

Amo vocês, seu filho,
Caio

O que importa é ouvir a voz que vem do coração...

Trilha Sonora
Artista: Milton Nascimento
Música: Canção da América

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Ana Beatriz



Aninha
eu vi o começo de tudo
e já faz tempo
porque eu tinha apenas nove anos
Foi numa noite de terça-feira
que a sua mãe chegou neste pedaço de terra
eu acho, agora olhando para você
que aquele bebe era mesmo
bem parecida contigo.

Verei novamente os primeiros passos de alguém neste mundo
e isso me faz recordar daquela imagem do homem pisando na lua

Sim, me leva pra sempre, Beatriz
Me ensina a não andar com os pés no chão

Fiz algumas contas:

Quando você alcançar os quinze anos
cá estarei eu com os meus 57
Daqui a trinta anos
eu estarei mais preocupado em dormir tarde
para não despertar tão cedo, 72

e assim iremos em compassos diferentes
por hora o que mais conta é ver como
um pinguinho de gente mobiliza os marmanjos
como eu
seja benvinda!

Trilha Sonora
Artista: Milton Nascimento
Música: Beatriz