quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Sobrenatural de Almeida



"E até quem me vê lendo o jornal
Na fila do pão, sabe que eu te encontrei
E ninguém dirá que é tarde demais
Que é tão diferente assim
Do nosso amor a gente é que sabe, pequena".

Olhou para a TV e franziu a testa, então deu as costas e saiu.

Ganhou às ruas, avistou um taxi e acenou para o chofer.

-Boa noite! Daqui pro Méier por obséquio e, de preferência na manha do gato.

Foi quando o "sobrenatural de Almeida" o visitou antes da meia-noite.

Seus olhos já cansados pelas turbulências da vida olharam de relance para alguém de áurea cintilante, olhar meigo e fixo, sedutor e determinado. Ele não resistiu à tentação:

-Alô... qual o nome da belezura?

Deu para ouvir o silêncio em toda a Guanabara – segundos de intenso suspense...

-Idalina. Ao seu dispor cavalheiro.

Naquele duplo Ás entre a sedução e a fantasia, a cartada final parecia ter hora certa para chegar.

Bebidas e copos sobre a mesa enquanto o sol já queria dizer bom dia.

Saíram da boate entrelaçados pelas mãos, embora soubessem que o jogo estava perto do seu fim.

Deu empate no tempo final de jogo! Mas tal qual um clássico que se preze – aquele não teria sido o encontro derradeiro, os ventos carregavam um perfume diferente pelo ar.

Novidade é seu nome quando acontece de repente.

Em sua roda de amigos as únicas palavras concretas foram: Enfim! Paulo conheceu o amor!

Parece ter encontrado aquilo que nunca teve na vida, um romance.

PS: Sobrenatural de Almeida foi uma expressão cunhada por Nelson Rodrigues em suas crônicas esportivas


Trilha Sonora
Artista: Los Hermanos
Música: Último Romance

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