sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Raul Seixas Esbofeteia a Classe Média



Raulzito. Eis aí um artista popular brasileiro com letras maiúsculas, na minha opinião até mais popular do que Roberto Carlos (mas que heresia moço!).

Ouro de Tolo é clássico dos anos 70 – ditadura, milagre brasileiro, família, religião – lembram disso na aula de história?

Pois é, Raul Seixas era o ídolo preferido dos adolescentes do começo dos 80’s.

Eu tinha dois colegas de classe na escola, o Júlio César e o Marcelo Passos, que eram enfeitiçados pelo Raul. De em vez em quando lá estavam os dois burlando a segurança para adentrar em um show do Raul, era bem divertido ouvi-lós contando as histórias e aventuras dos shows do Raul Seixas. Algo místico para eles, na época um pouco distante para a minha realidade, mas eu curtia ouvir aquilo tudo bem adolescente, fantasioso, mas com um fundo bem real.

Com esta canção Raulzito cravou os dois pés no ego inflado da classe média brasileira – e ego é como aquele boneco inflável, o João Bobo –

Balança, balança, e não sai do lugar.

Uma lembrança após mais de vinte anos da morte do maluco beleza, e cada vez fica mais claro, com a distância que só tempo nos cofere, quem era quem na dupla Raul Seixas, Paulo Coelho. Um era a honestidade, a transparência altiva travestida de loucura. O outro o marqueteiro, a publicidade a favor de alguma causa monetária, é claro. O áudio do discurso de Raul no final do vídeo diz tudo, preste atenção.

2 comentários:

Raul disse...

Jonathas, eu estava pensando muito nas letras das músicas de Raul Seixas. Andei um pouco para chegar aqui em casa (flat) e algumas canções pareciam obsessivas em minha mente.
Por essas e outras razões eu não acredito em coincidências. Pois, tenho o hábito de ler diariamente suas postagens e não mais me admira ler você escrever sobre temas que fizeram parte das minhas experiências e conversas.
Mas, ontem, quinta, foi especial. No cinesesc, às 22he30min, foi exibida a última sessão de filmes da 33ª mostra internacional de cinema de SP. A sala praticamente vazia e na tela um filme extremamente lírico e hiperrealista: o espanhol "o pequeno indi" (poesia e crueldade em 90 minutos de instabilidade emocional intensa).
Durante toda essa semana estou tendo companhia para as sessões, porque está havendo o XXVII congresso brasileiro de psiquiatria lá em sto amaro (transamérica) e alguns alunos estão hospedados aqui.
Quando terminou a sessão, nós fomos tomar um café (a temperatura finalmente baixou um pouquinho na madrugada de hoje) e conversamos sobre a hipocrisia reinante, a ousadia de poucas pessoas (aí entrou as músicas do raul, etc). Citei como exemplo de crítica à muitos temas da nossa realidade, uma postagem muito pertinente do seu blog sobre o caso da universitária hostilizada. Indiquei está página aqui para que os alunos lessem.
Na verdade, eu tinha saído de casa um pouco triste. Talvez, a leitura da postagem "elton joão" tenha reforçado o pessimismo ou até mesmo eu me sinta, com meus comentários longos às suas postagens, o próprio "não astral" desse blog (para usar uma expressão que você escreveu do dia 30/10). Enfim, estava em plena sintonia com a "crueldade" disfarçada que o diretor imprimiu nessa película.
Resumindo: o "pequeno indi" deixa de ser uma fábula quando é reforçada nossa percepção que tanto o protagonista do filme como nós mesmos vivemos num mundo real repleto de maldades e mentiras. Temos medo pelos nossos descendentes... Por nós mesmos... Mas, estava na hora de deixar o "café" e voltar para "casa"...
A chuva leve e fina que caiu ao longo da av. paulista me fez lembrar que está chegando a hora de ir... De voltar para a "terra da neblina"... Nem tudo está perdido. Existem muitas alegrias. Grande abraço e um bom final de semana repleto da Paz do Ùnico Ser que pode nos conceder a felicidade plena.

acervopop disse...

Encontrei um conhecido de São Luís na semana passada em pleno centrão da cidade. Fiquei mais ou menos com a mesma impressão que a sua, falta mais criatividade, mais ócio neste mundo do progresso imediato, urgente. Ele estava participando da Mostra internacional de cinema, eu infelizmente desta vez não pude ir. Mas não fique triste com o post de Elton, aquilo todos nós sentimos na vida, e muitas vezes.Se sentir vontade ligue.

Abraços,
Paz!