sábado, 7 de novembro de 2009

Um Apátrida



Gustavo era um homem modesto, um menino adorável. Cresceu assistindo no seio familiar uma guerra quase surda entre os pais.

Água e fogo, doçura e teimosia, viés de um mesmo laço.

Ouvia de longe os sons da banda do quartel militar da esquina, foi o seu primeiro contato com o onírico.

Quando jovem descobriu que não pertencia a lugar algum, apátrida, assim sentia-se no mundo.

Aos poucos percebeu que o caminho estava mesmo ali, na música, que curiosamente seu pai (fogo) lhe incentivara a trilhar.

Conheceu a cidade das catedrais e tantas outras, mas foi na bela Viena que debutou a brilhar em uma carreira profissional. Escreveu sinfonias atemporais e, com elas derrubou antigas fronteiras, abrindo espaço para um novo tempo.

Mas um coração não vive apenas de partituras, então o amor o visitou numa tarde de primavera. Dele duas sementes brotaram e, infelizmente uma sucumbiu anos mais tarde revelando a ele a outra face da dor.

Perambulou por aí, não havia mesmo limites para sua musicalidade – foi quando compreendeu porque na América ‘a época da inocência’ exalava ódio em espécie.

Voltou para casa (mesmo sendo um apátrida) todos temos um lar. Preparou-se para o inadiável encontro final, escrevendo como nunca obras recheadas de humanidade.

Foi quando em 1911 tornou-se definitivamente imortal.

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