Raulzito. Eis aí um artista popular brasileiro com letras maiúsculas, na minha opinião até mais popular do que Roberto Carlos (mas que heresia moço!).
Ouro de Tolo é clássico dos anos 70 – ditadura, milagre brasileiro, família, religião – lembram disso na aula de história?
Pois é, Raul Seixas era o ídolo preferido dos adolescentes do começo dos 80’s.
Eu tinha dois colegas de classe na escola, o Júlio César e o Marcelo Passos, que eram enfeitiçados pelo Raul. De em vez em quando lá estavam os dois burlando a segurança para adentrar em um show do Raul, era bem divertido ouvi-lós contando as histórias e aventuras dos shows do Raul Seixas. Algo místico para eles, na época um pouco distante para a minha realidade, mas eu curtia ouvir aquilo tudo bem adolescente, fantasioso, mas com um fundo bem real.
Com esta canção Raulzito cravou os dois pés no ego inflado da classe média brasileira – e ego é como aquele boneco inflável, o João Bobo –
Balança, balança, e não sai do lugar.
Uma lembrança após mais de vinte anos da morte do maluco beleza, e cada vez fica mais claro, com a distância que só tempo nos cofere, quem era quem na dupla Raul Seixas, Paulo Coelho. Um era a honestidade, a transparência altiva travestida de loucura. O outro o marqueteiro, a publicidade a favor de alguma causa monetária, é claro. O áudio do discurso de Raul no final do vídeo diz tudo, preste atenção.