Esta
noite um mar de gente saiu às ruas para dizer que as coisas como estão precisam
ser alteradas...
O
povo nas ruas é como deve ser... Chega de comodismo, muitas coisas estão
erradas, muito roubo, muita corrupção, tudo tem um limite... Prefiro ver os jovens protestando a vê-lôs babando por aquele timinho tosco do sargento Felipão.
Nossa
primavera é quase no inverno, mas enfim chegou!
A semana foi longa. Caí de cama, trouxe comigo da França não apenas boas lembranças, uma irritante Faringite veio a contrapeso. Cansei de não fazer nada além de tomar antibiótico, resolvi postar algo no acervo.
Assisti uns filmes, descobri que muita gente na vida se contenta com um big mac e um tênis Nike para achar que é feliz... (Delírio).
Acharam uns ratos no senado federal... Que novidade!!!
Essa vai para o “magrão” um revolucionário nato que talvez um dia este país possa entender a sua grandeza e generosidade.
Sócrates Brasileiro Sampaio de Souza Vieira de Oliveira, o Doutor, resolveu sair de cena na madrugada do último domingo, dia em que o seu Corinthians festejaria um título, porém a imagem do dia foi à homenagem dos jogadores e torcedores corintianos no Pacaembu erguendo seus braços antes do inicio da partida.
Perguntaram a ele quando ainda treinava no Botafogo de Ribeirão Preto:
-O que você faz na vida além de jogar bola?
-Eu estudo medicina.
-Que pena meu filho, pois o mundo poderia ver um dos maiores jogadores de todos os tempos...
Mesmo assim o Doutor encantou nos gramados e principalmente fora deles com sua postura firme, fosse contra quem fosse.
Quando morre um contestador, morre um pouco da minha alma inquieta. John Lennon e Sócrates, apenas para que eu nunca esqueça que na vida – ser você mesmo ainda é a melhor maneira de dizer SIM aos seus sonhos e inquietações.
Ontem à noite eu sonhei com John Lennon. No sonho Lennon me dizia angustiado:
-Parem com as armas! Parem com a destruição do planeta! O que vocês estão fazendo com este lindo planeta meu jovem?
Eu tentava dialogar com o beatle sobre a dificuldade de se conter a indústria armamentista americana; da impossibilidade de se frear o discurso truculento e expansionista de Mr. Bush. Lennon então se virou em minha direção e indagou:
- Quem é esse Mr. Bush?
De pronto respondi:
-Lennon, ele é o atual presidente dos EUA!
-Você tem certeza?
-Infelizmente sim!
-Me fale mais das ações dele enquanto presidente da América.
Foi aí que meio cabisbaixo John sacou o seu violão e tentou tocar Imagine, mas aborrecido preferiu parar logo nos primeiros versos.
-Não consigo! Fica melhor ao piano, mas o meu teclado celestial ficou preso na alfândega terrestre! Caramba, o mundo anda complicado hein meu jovem?
Foi quando percebi que estávamos sentados em algum lugar de Nova York, quando de repente surpreso Lennon bradou:
-Mas onde estão as Torres Gêmeas meu caro? Derrubaram elas para construir um parque? Puxa, isso é muito bacana! Ainda temos esperança para mudar este mundo meu rapaz!
Sem querer desapontá-lo pedi para que ele me ouvisse por alguns instantes:
Foram cincos longos minutos onde apenas o informei das transformações dos últimos 27 anos (Lennon morreu assassinado em 8 de dezembro de 1980).
Enigmático, um tanto pálido e bem triste o lendário músico apenas sorriu e disse:
- “Os anos passaram tão depressa! Uma coisa eu entendi. Estou apenas aprendendo a distinguir as árvores da lenha. Eu sei o que vem aí”.
Sem pestanejar e lamentando que ali em frente ao Edificio Dakota apenas eu podia escuta-lo, Lennon ao violão cantou a sua mais famosa canção:
“Imagine que não existe paraíso
É fácil se você tentar
Nenhum inferno abaixo de nós
E acima apenas o céu
Imagine todas as pessoas
Vivendo para o hoje
Imagine não existir países
Não é difícil de fazê-lo
Nada pelo que lutar ou morrer
E nenhuma religião também
Imagine todas as pessoas
Vivendo a vida em paz
Talvez você diga que eu sou um sonhador
Mas não sou o único
Desejo que um dia você se junte a nós
E o mundo, então, será como um só
Imagine não existir posses
Surpreenderia-me se você conseguisse
Sem necessidades e fome
Uma irmandade humana
Imagine todas as pessoas
Compartilhando o mundo
Talvez você diga que eu sou um sonhador
Mas não sou o único
Desejo que um dia você se junte a nós
E o mundo, então, será como um só”.
Ao final ele me deu um aperto de mão cortês, fitou os olhos naquela calçada de tristes lembranças suspirou e disse:
- “Há lugares dos quais vou me lembrar por toda a minha vida, embora alguns tenham mudado. Alguns para sempre, e não para melhor.
Alguns se foram e outros permanecem. Todos esses lugares tiveram seus momentos com amores e amigos, dos quais ainda posso me lembrar. Alguns estão mortos e outros estão vivendo. Em minha vida, já amei todos eles”.
É hora de ir! Pelo que vejo tenho muitos outros sonhos para visitar, fique em paz simpático brasileirinho e leve consigo duas coisas que acho que continuam valendo para este planeta chamado terra:
“Fico orgulhoso de ser o palhaço neste mundo em que as pessoas ditas sérias estão matando e destruindo nas guerras como a do Vietnã (Iraque/terrorismo)"
“Quando fizeres algo nobre e belo e ninguém notar, não fique triste. Pois o sol toda manhã faz um lindo espetáculo e no entanto, a maioria da platéia ainda dorme...”.
Quando acordei tive a sensação clara que no mundo conturbado onde vivemos, a diferença entre os Lennons e os Hitlers residem tão somente na fé! A fé que move e transforma vidas; e a descrença que corroí e destrói a natureza e o próprio homem! Talvez isso...
Desejo sonhar esta noite, com pais que amam seus filhos; com filhos que amam e respeitam seus pais. Não gostaria mais de ouvir noticias trágicas de pessoas que jogaram uma criança do sexto andar. Nem de bandidos que arrastaram no asfalto um menino preso a um carro.
Tampouco de homens que amarram bombas junto ao próprio corpo para em sacrificio ‘santo’ levarem consigo tantos inocentes.
"Todos nós temos nossas máquinas de tempo. Algumas nos levam de volta, elas são chamadas recordações. Algumas nos levam adiante, elas são chamadas sonhos." (Jeremy Irons). *
Todas as citações exceto * pertencem a letras e declarações de John Winston Lennon, (1940 – 1980).
Escrevi este texto há alguns anos atrás. Penso que por ser tão ingênuo chega a ser belo, então resolvi posta-lo neste espaço.
Têm gente querendo apagar a história para justificar o presente. (entenda aqui)
O país perde uma grande chance de mudar, crescer, arejar, e mandar um bocado de parasitas pra casa, ou melhor, pra cuidar de suas terras a perder de vista e deixar o osso de lado. Como dizia o Henfil, “que país foi este?”.