Hoje estréia o novo filme de Tarantino, “Bastardos Inglórios”, e daí? O que isso tem a ver com a belíssima versão de “Se Eu Quiser Falar com Deus” do Gil, na voz do Pedro Mariano?
Provavelmente nada, ou, quem sabe tudo!
Ao piano César Camargo Mariano passeia com destreza pelas notas enquanto seu filho, Pedro, exala emoção pelos poros. Afinal, foi com esta canção que tudo começou, diz Pedro.
Bonito ver a reverência com que Pedro trata o pai chamando-o carinhosamente de maestro, o que César é de fato.
Reverência emoldurada também na interpretação frase a frase: “se eu quiser falar com Deus/tenho que ficar a sós/tenho que apagar a luz/tenho que calar a voz/tenho que encontrar a paz/tenho que folgar os nós/dos sapatos, da gravata/dos desejos, dos receios”, e a emoção vai subindo, e o silêncio se faz mudo no Canecão.
Eu me lembro muito bem a primeira vez que ouvi Gil cantando essa música, o quanto este trecho mexeu comigo, “tenho que ter mãos vazias/ter a alma e o corpo nus/se eu quiser falar com Deus/tenho que aceitar a dor”, e depois a pá de cal nos versos seguintes:
Tenho que me ver tristonho
Tenho que me achar medonho
E apesar de um mal tamanho
Alegrar meu coração
Se eu quiser falar com Deus
Tenho que me aventurar
Tenho que subir aos céus
Sem cordas pra segurar
Tenho que dizer adeus
Dar as costas, caminhar
Decidido, pela estrada
Que ao findar vai dar em nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Nada, nada, nada, nada
Do que eu pensava encontrar”.
Aí a gente para, olha, se vira, deixa o César fazer o último arpejo ao paino, pra depois chorar junto com o Pedro.
Encontrar Deus não é coisa fácil e, talvez, Tarantino saiba fazer isso melhor do que eu.
Talvez...
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