“Haverá um dia em que todas as coisas que ela disse encherão sua cabeça/Você não conseguirá esquecê-la/Mas nos olhos dela você não vê nada/Nenhum sinal de amor nas lágrimas, choradas por ninguém/Um amor que deveria ter durado muitos anos”.
Paul é um astro das palavras, com ele a observação cotidiana, ferramenta tão essencial aos escritores, tornou-se matéria obrigatória para os aspirantes a compositores dentro do cancioneiro pop.
Por essas e por outras razões, McCartney é considerado genial na arte das composições, e suas canções sobreviveram e não se perderam no tempo e espaço.
Então vamos lá; atirador mata ‘sozinho’ quase uma centena na Noruega. Na calçada da megalópole paulistana, o jovem professor é atropelado por um carro de luxo... já virou rotina.
Violência pra todo lado,
É gente xingando gente,
Gente que ofende a diferença
Seja lá qual for a diferença.
Conheço pessoas que não suportam a liberdade criativa alheia, acham que o mundo deveria ser rígido e imbecil como a vida delas.
Pra elas receito sempre uma injeção do seu próprio veneno,
Ler é muito agradável para quem gosta da imaginação como uma aliada para a vida. Viajar é a leitura cotidiana para quem trabalha em uma espécie de trailer (na verdade é algo bem maior) e a rotina dessa minha vida mambembe é sem script porque o roteiro é aberto, quase imprevisível, por isso mesmo saboroso e divertido, livre como sempre sonhei um dia.
Juntei um pouco daqui e dali e comecei a ouvir “My Baby Left Me” com a Rox, uma delicia de hit, uma figura bonita, ela, Rox. Dia desses conheci um garoto que possuí seus problemas mesmo sendo ainda apenas um menino.
Pedro é alegre, divertido, compulsivo em boa parte do dia, já tomou remédios para ansiedade, tem tiques. Foi uma criança adotada e vive em uma cidade pequena do interior paulista, pode assim andar solto pelas ruas, está sempre livre.
É de certa forma rejeitado por seu comportamento célere, mas encontrou lá na Unidade Móvel um lugar onde consegue observar o mundo com mais afinco, sem ser perturbado pelas inquisições da sociedade.
Observando um dia o modo compulsivo do Pedro em falar, gesticular, lembrei-me que ainda não havia lhe mostrado um dvd com o show de Michael Jackson. Quando falei do show ele simplesmente ficou mudo, arregalou seus olhos negros e amendoados, abriu um sorriso e pediu para assistir. Daí por diante não ouvimos mais a voz de Pedro, apenas víamos ele assistindo Michael, mexendo seus dedinhos como se pudesse imitar a coreografia alucinante do gênio.
Na vida por vezes topamos com os Pedros aqui e acolá. O que faremos então é o que passa a contar de fato em nossa existência.
Guilherme Isnard entoa um dos hinos do U2 dos anos 80, “New Year’s Day” música que fala da situação politica da Polônia daqueles tempos.
O arranjo pendeu para um standard jazzístico e ficou diferente numa levada bem insinuante. Para combater o mau-humor dessa manhã chata, sim, elas existem para todos.
A morte de uma jovem de 27 anos nunca será normal.
Amy tinha seus problemas como todo mundo e, o fato de ser talentosa com sua voz, sua música, sua sensibilidade artística, não tirava dela as dificuldades com a fama, a idolatria, ou simplesmente, com o sentido maior de sua vida. Amanhã será um dia bom para os tabloides sensacionalistas, para a mídia em geral, e para os corvos que adoram uma carniça.
Talvez Amy não se reconhecesse mais quando olhava seus olhos de gazela no espelho do banheiro do seu flat. Talvez fosse muito difícil para ela admitir que o palco seria sua vida por muito tempo, até envelhecer provavelmente.
O velho mito da eternidade (aquela história que um artista que morre cedo fica eternizado) não cola muito. Não creio que ninguém busque isso em sã consciência, com esse proposito claro e definido. Fica difícil julgar, dizer que era uma morte anunciada, isso, aquilo, etc.
Uma coisa eu digo: Não se pode acusar Amy de não ser uma artista autentica e transparente. Conheço muita gente, sem talento pra vida, é pra viver mesmo, não sabe fazer nada a não ser reclamar da vida, dos outros, de tudo enfim. Provavelmente essas pessoas irão viver 80, 90 anos, mas será uma vidinha mixa... sem graça!
Desse mal, a moça dos olhos de Gazela não padeceu... Viveu intensamente, errou muito, amou muito, sofreu muito, mas foi ela mesmo até o fim!
hey tried to make me go to rehab
But I said 'no, no, no'
Yes, I've been black, but when I come back
You'll know-know-know
I ain't got the time
Ok Amy, nossas lágrimas secarão sozinhas com o passar do tempo.
Não seria possível enumerar as dores daquele garoto, mas ele jamais queixou-se do que a vida lhe proveu. A fatalidade não parecia existir no caso de Ryan White, antes dela nutriu o seu imenso amor à vida.
The Last Song é uma justa homenagem aquele rapaz que enfrentou a intolerância com a coragem dos sábios, e com a paz dos anjos encarnados em pele e osso.
O Tears For Fears fará um show extra em São Paulo no dia 14 de outubro, no Credicard Hall. Os ingressos para o show do dia 6 de outubro na capital paulista estão esgotados. A banda faz mais quatro apresentações no Brasil, em Porto Alegre (04/10, Pepsi on Stage), Rio de Janeiro (08/10, Citibank Hall), Belo Horizonte (09/10, Chevrolet Hall), Brasília (11/10, Centro de Convenções).
Gosto da banda e deste videoclipe, vou dormir sorrindo!
Dennis Wilson foi baterista dos Beach Boys, mas frequentemente é lembrado por seu disco solo Pacific Ocean Blue (1977) e, não se trata de um disco qualquer. O álbum é considerado uma espécie de clássico perdido, sendo o primeiro disco solo de um membro dos Beach Boys. Nele Dennis Wilson trabalha com êxito sonoridades profundas que pega o ouvinte pela emoção de suas canções.
Uma pequena mostra do talento de Dennis é a faixa “River Song” acima no vídeo. Infelizmente Wilson morreu precocemente em 1983 em consequência dos seus excessos com álcool e drogas, deixando como legado Pacific Ocean Blue, um senhor disco.
Essa faixa do Hard Fi possuí a fisionomia da noite. É célere, animada, superficial, fugaz. Isso não significa que seja bom ou mau. Fujamos um pouco do maniqueísmo dos folhetins que os brasileiros tanto adoram. A única coisa que sei é que eu sou chato mesmo e, por isso, volto ao assunto:
Por que necessitamos tanto de “gastarmos” nosso tempo com a dita diversão que nos leva para longe do pensar mais profundo? (reflexão)
Veja bem, todo mundo tem o direito de se divertir e relaxar como preferir, mas não será isso uma espécie de ditadura do mundo atual?
Estaria o mundo tecnológico, digital, com suas redes sociais (cá estou eu utilizando uma dessas ferramentas) dissipando a nossa capacidade de questionamentos filosóficos? O ócio deve ser algo emburrecedor? E a nossa capacidade criativa onde fica nisso tudo? Sobra alguma migalha?
Deve haver outro caminho a seguir sem que a diversão se torne obrigatoriamente algo alienante.
Assisto agora uma entrevista com o publicitário Washington Luiz Olivetto, um dos poucos desta área no país que merece respeito. Isso me fez recordar de uma banda fantástica dos anos 70, o Television.
O primeiro nome da banda foi The Neon Boys, depois Tom Verlaine conduziu sua banda até o CBGB inaugurando o club para os sucessos posteriores como Ramones e Patti Smith Group. Graças a todos os citados o club virou lenda em Nova Iorque.
Seu primeiro álbum: Marquee Moon, é até hoje considerado um dos melhores álbuns de rock de todos os tempos, basta para isso reparar nas guitarras da faixa título para formar uma opinião favorável.
Wonder em um programa de TV, tudo indica durante os anos 60. A canção, um hit, faz sucesso até hoje. O soul americano dificilmente fica uma década sem que apareçam novos astros, e uma unanimidade entre eles é justamente o talento de Mr. Wonder.
Ontem à noite eu sonhei com John Lennon. No sonho Lennon me dizia angustiado:
-Parem com as armas! Parem com a destruição do planeta! O que vocês estão fazendo com este lindo planeta meu jovem?
Eu tentava dialogar com o beatle sobre a dificuldade de se conter a indústria armamentista americana; da impossibilidade de se frear o discurso truculento e expansionista de Mr. Bush. Lennon então se virou em minha direção e indagou:
- Quem é esse Mr. Bush?
De pronto respondi:
-Lennon, ele é o atual presidente dos EUA!
-Você tem certeza?
-Infelizmente sim!
-Me fale mais das ações dele enquanto presidente da América.
Foi aí que meio cabisbaixo John sacou o seu violão e tentou tocar Imagine, mas aborrecido preferiu parar logo nos primeiros versos.
-Não consigo! Fica melhor ao piano, mas o meu teclado celestial ficou preso na alfândega terrestre! Caramba, o mundo anda complicado hein meu jovem?
Foi quando percebi que estávamos sentados em algum lugar de Nova York, quando de repente surpreso Lennon bradou:
-Mas onde estão as Torres Gêmeas meu caro? Derrubaram elas para construir um parque? Puxa, isso é muito bacana! Ainda temos esperança para mudar este mundo meu rapaz!
Sem querer desapontá-lo pedi para que ele me ouvisse por alguns instantes:
Foram cincos longos minutos onde apenas o informei das transformações dos últimos 27 anos (Lennon morreu assassinado em 8 de dezembro de 1980).
Enigmático, um tanto pálido e bem triste o lendário músico apenas sorriu e disse:
- “Os anos passaram tão depressa! Uma coisa eu entendi. Estou apenas aprendendo a distinguir as árvores da lenha. Eu sei o que vem aí”.
Sem pestanejar e lamentando que ali em frente ao Edificio Dakota apenas eu podia escuta-lo, Lennon ao violão cantou a sua mais famosa canção:
“Imagine que não existe paraíso
É fácil se você tentar
Nenhum inferno abaixo de nós
E acima apenas o céu
Imagine todas as pessoas
Vivendo para o hoje
Imagine não existir países
Não é difícil de fazê-lo
Nada pelo que lutar ou morrer
E nenhuma religião também
Imagine todas as pessoas
Vivendo a vida em paz
Talvez você diga que eu sou um sonhador
Mas não sou o único
Desejo que um dia você se junte a nós
E o mundo, então, será como um só
Imagine não existir posses
Surpreenderia-me se você conseguisse
Sem necessidades e fome
Uma irmandade humana
Imagine todas as pessoas
Compartilhando o mundo
Talvez você diga que eu sou um sonhador
Mas não sou o único
Desejo que um dia você se junte a nós
E o mundo, então, será como um só”.
Ao final ele me deu um aperto de mão cortês, fitou os olhos naquela calçada de tristes lembranças suspirou e disse:
- “Há lugares dos quais vou me lembrar por toda a minha vida, embora alguns tenham mudado. Alguns para sempre, e não para melhor.
Alguns se foram e outros permanecem. Todos esses lugares tiveram seus momentos com amores e amigos, dos quais ainda posso me lembrar. Alguns estão mortos e outros estão vivendo. Em minha vida, já amei todos eles”.
É hora de ir! Pelo que vejo tenho muitos outros sonhos para visitar, fique em paz simpático brasileirinho e leve consigo duas coisas que acho que continuam valendo para este planeta chamado terra:
“Fico orgulhoso de ser o palhaço neste mundo em que as pessoas ditas sérias estão matando e destruindo nas guerras como a do Vietnã (Iraque/terrorismo)"
“Quando fizeres algo nobre e belo e ninguém notar, não fique triste. Pois o sol toda manhã faz um lindo espetáculo e no entanto, a maioria da platéia ainda dorme...”.
Quando acordei tive a sensação clara que no mundo conturbado onde vivemos, a diferença entre os Lennons e os Hitlers residem tão somente na fé! A fé que move e transforma vidas; e a descrença que corroí e destrói a natureza e o próprio homem! Talvez isso...
Desejo sonhar esta noite, com pais que amam seus filhos; com filhos que amam e respeitam seus pais. Não gostaria mais de ouvir noticias trágicas de pessoas que jogaram uma criança do sexto andar. Nem de bandidos que arrastaram no asfalto um menino preso a um carro.
Tampouco de homens que amarram bombas junto ao próprio corpo para em sacrificio ‘santo’ levarem consigo tantos inocentes.
"Todos nós temos nossas máquinas de tempo. Algumas nos levam de volta, elas são chamadas recordações. Algumas nos levam adiante, elas são chamadas sonhos." (Jeremy Irons). *
Todas as citações exceto * pertencem a letras e declarações de John Winston Lennon, (1940 – 1980).
Escrevi este texto há alguns anos atrás. Penso que por ser tão ingênuo chega a ser belo, então resolvi posta-lo neste espaço.
Ele olhava fixamente para o céu enquanto sorria com o semblante voltado na direção do sol. Era mais um dia vencido, apesar de tantas dificuldades e, o oceano sereno cintilava um laranja solar compondo uma visão quase surreal.
Será um novo dia amanhã, pensava quando lembrava a barra pesada de dias atrás.
E neste sábado gelado eu me apeguei a uma canção quase solitária, “Culto de Amor”que surgiu assim meio de repente e cá estou a ouvi-la por algumas vezes, porque no fim das contas nós somos mesmo é feitos de sonhos...
Vou deitar e, sonharei com a voz de Bárbara e a guitarra de Edgar até o raiar da próxima manhã gelada.
Já faz tempo... E essa música continua engasgada aqui na minha garganta, tal qual a famigerada poesia que nunca consigo finalizar.
Não sei por que temos que achar tempo para esquecer-se das coisas mais importantes desta vida. E assim vamos inventando as tais horas para diversão, tudo para fugir do pensar, refletir...
E agora vamos nos divertir?
Chega não?
Será que alguém pensa em diversão na hora da morte? Mas não é preciso deixar o importante para o fim.
É pouco provável.
Oh Mother, I can feel the soil falling over my head…
Não sei aonde vai dar nem como chegar mas de certo a perderei de vista não esquecerei no entanto que um dia fui Zampanò noutro um louco... La strada é longa como esses dias em que o mar me lembra um súbito precipício.
Trilha Sonora Artista: Nino Rota Música: La Strada
Revi este filme recentemente. Simplesmente hilário, humor nota 1000! Além do mais a trilha sonora é inesquecível, um cult movie que recomendo com fervor.
"Nenhum homem deve passar pela vida sem experimentar uma vez a saudável, ainda que entediante, solidão no ermo, dependendo exclusivamente de si mesmo e, assim, descobrindo a sua força oculta e verdadeira".
Jack Kerouac
Eu acho que eu cantaria esta canção em um karaoquê numa dessas noites de solidão extremada, seria ao menos bastante divertido. É verdade que o Air Supply é uma daquelas bandas dos anos 80 imprópria para “diabéticos”, mas é daí?
Talvez essa fosse uma das diversões daqueles tempos, não sou saudosista, o mundo anda/avança, só que diversão deve existir no passado, presente e no futuro. Ainda assim prefiro um Air Supply na mão a dois Luan Santana voando por aí...
O holandês Hans Hoogerbrugge é um artista multimídia que construiu fama e reputação graças, sobretudo ao seu trabalho com a arte eletrônica. Sua popular série “Neurotica” – intitulada originalmente Modern Living Han / Neurotica – foi uma história em quadrinhos que ele descreveu como um "curso de auto-retrato", que narrou sua vida como artista durante os meados da década de 1990. Foi durante essa época que ele decidiu adaptar sua idéia sobre a Neurotica para a internet e começou a publicar Neurotica Modern Living em seu próprio site primeiro como Animated Gif é e mais tarde usando o Flash da Macromedia , quando introduziu sua primeira tentativa de criação de mídia arte interativa .
Seu sarcasmo beira o hilário, é desconcertante e ao mesmo tempo estimulante. Hoogerbrugge é um pintor de ofício que vislumbrou na arte eletrônica seu caminho natural para expressar suas inquietudes sociais. Quando ironiza as neuroses urbanas da vida moderna expõe com talento sua capacidade de aglutinar arte/filosofia/humor como poucos artistas da atualidade. Trabalhou também como diretor de videoclipes, dirigindo artistas do calibre da dupla Pet Shop Boys.
Vale a pena visitar sua página na internet e entender porque a arte eletrônica é hoje em dia, algo mais que apenas experimentação. O delírio às vezes é a melhor manifestação de um artista!
Dos desenhos animados da minha infância, “Pepe Le Pew” (1957), é sem duvida um dos mais adoráveis. A estória de um Gambá que corre desesperadamente atrás de uma linda gatinha – pensando ser ela uma fêmea de sua espécie – é graciosa, divertida, e não deixa de ser uma metáfora de nossas vidas.
Ninguém gosta muito de ser identificado com um Gambá, e o motivo obvio é o odor que a espécie exala, (em sua própria defesa diga-se) mas quantos de nós já não viveu o seu dia de Pepe Le Pew?
Quantas vezes idealizamos uma relação amorosa impossível, improvável, daquelas que ninguém apostaria um centavo, mas aquela pessoa é a nossa Penelope Pussycat e sendo assim, teimamos cegamente nessa aventura.
Por essas e por outras adorei rever o primeiro episodio da série. Divirtam-se enquanto não tiram o link da rede.