quinta-feira, 3 de junho de 2010

A Última Sonata



Foges
Tal qual a ventania que assopra a praia
Na hora da tempestade

São ventos relutantes
Rodopiando em redemoinhos
Acrobacias espirais
Num vaivém
Que sobe e desce
Em altivez soturna
De sombria dança
Trovejante

Enganas
Teu espírito livre
Acorrentado ao amor latente
Sofredor
Acolhedor contumaz e,
De fé inabalável

Corre tu
Corro eu
Pelas margens insanas
Leito eterno de todo amor
Que beija, ou, não
A vida:
A tua,
A minha,
A nossa,
A dela,
E de quem mais...
Quiser

Pagar o preço
De seguir amando
Pelejando sem jamais
Negar
O que fere de morte
A vossa alma

Foi áurea
E celestial
A manhã
A tarde e,
A Noite
De todos os dias
Resumidos em apenas um
Nascido da linda juventude
Intacta retina
Que ainda hoje
Prendes tua face à minha

Foges
Da luz convexa
Alentadora de sua dor
Quando deparas contigo
Frente a um espelho
De turva visão
Então tu estranhas
Tua própria fisionomia
Ardente luz
Que não reconheces mais
Na geografia humana
Quem tu eras
Ou quem sonhou ser

Levante da tumba
Renasça com a aurora
De um novo dia
Não ouse mais carregar
Sozinho
Todo o peso deste mundo

E quanto ao piano
Que atravessa a alma
Quando um nó
Quer-nos trancar a garganta,
Direi a ti apenas:

Sentirei,
Sentirás,
Os acordes
Que precedem
E agasalham
A nossa
Última sonata.

Trilha Sonora
Artista: Vítor Araújo
Música: Paulistanas n°1

Poesia By Jonathas Nascimento ®
Direitos autorais reservados lei 9.610 de

Um comentário:

Grasi disse...

Muito lindo... como tudo por aqui :)
Bjão e um ótimo feriado.