Cena da cinebiografia de Heleno de Freitas lançada
em 2011. Considerado o primeiro craque problema da história do futebol brazuca,
Heleno de Freitas (1920-1959) foi um jogador de futebol, advogado e boêmio que
rendeu muitas manchetes de jornais além das quatro linhas do campo de jogo.
Isso devido, sobretudo ao seu comportamento temperamental, arredio, arrogante,
sincero ao extremo.
Heleno foi um jogador talentoso, elegante com seus
1,82 de altura, goleador nato que amava o Botafogo a ponto de oferecer seus
préstimos de graça caso fosse necessário, o que lhe rendeu a fama de romântico
do futebol. Já para os sócios do ‘Clube dos Cafajestes’ - uma espécie de
fuzarca que alegrou a vida carioca nas décadas de 1940 e 1950 e que era
composta por rapazes folgazões e irreverentes, uns nascidos em famílias da alta
burguesia e outros bem instalados na vida, sempre rodeados de belas mulheres –
Heleno era chamado carinhosamente de ‘Gilda’, referencia direta a personagem de
Rita Hayworth no cinema devido ao seu temperamento inclassificável.
Acometido pela Sífilis, o jogador enlouqueceu ao
longo dos anos, e foi tornando o que já era controverso ainda mais próximo do
caos. Por fim, após anos jogando pelo Botafogo, acaba sendo vendido para o Boca
Juniors da Argentina.
Heleno retorna ao país e joga pelo Vasco da Gama
onde enfim ganha seu único título. No final da carreira ainda consegue jogar 35
minutos pelo América no seu único jogo no ‘maior do mundo’ o Estádio do
Maracanã, local que sonhara disputar a copa do mundo um dia.
O final de sua vida é melancólico, em um hospício
na cidade mineira de Barbacena, entre seus sonhos megalomaníacos e a realidade
dos efeitos da Sífilis.
Heleno de Freitas foi um jogador muito mais
interessante do que qualquer Neymar da vida, em um tempo onde a personalidade
do ser humano ainda valia alguma coisa no futebol, obviamente foi
incompreendido, pois qualquer cidadão que fala o que pensa na lata paga um alto
preço pelo ‘atrevimento’, e o que não dizer desse destempero no mundo do
futebol.
Hoje seria impossível Heleno alcançar o estrelato, pois os jogadores
se tornaram autênticas marionetes nas mãos de empresários e assessorias de
imprensa que pensam apenas em como lucrar cada vez mais com o objeto “craque do
futebol”. Neste mundo no caso as opiniões e ações são todas premeditadas para
soarem politicamente corretas.