sábado, 4 de junho de 2011

Comentário sobre Carlitos



Modern Times (1936) cena final e, ponto.
Não saberia descrever a singeleza tocante e arrebatadora desta cena em minha vida. Apenas contemplo a magia do cinema e a humanidade de Carlitos.

Charles Chaplin não foi um gênio impunemente, aliás, ninguém é gênio ao acaso.

Quando filmou “Tempos Modernos” em 1936, Chaplin criticava o modo de vida industrial. Da repetição robótica da linha de montagem, à falta de sensibilidade dos patrões no trato com seus operários, Chaplin costurou um filme em que seu principal personagem, Carlitos, vivia peripécias em torno da neurótica vida de um operário.

Carlitos é excêntrico e, portanto jamais se curvaria ao jogo capitalista/industrial, então termina sendo engolido literalmente pelas máquinas da indústria em que trabalha, numa das cenas mais belas do cinema do século XX.

Ao final depois de idas e vindas, sofrimentos, trapalhadas mil, o vagabundo está em uma estrada junto ao amor de sua vida. Ambos estão tristes, mas o excêntrico não se curvará a aparente derrota.

De mãos dadas a amada caminha pela estrada sorrindo ao som da maravilhosa canção “Smile”. É um fim emblemático para o filme e para a trajetória de Carlitos, visto que este foi o último filme do eterno vagabundo. A cena é pura poesia, o fim perfeito para uma personagem que não casaria mais com o jogo politico e tampouco teria estomago para suportar a barbárie da segunda grande guerra.

Carlitos não merecia mais viver neste mundo sem pureza, gestos desinteressados, então, Chaplin aposenta sua maior personagem.

Mas hoje vale a pena questionar a respeito da vida tecnológica, pós-industrial, tal qual Chaplin no século passado:

Será que a nossa vida está se resumindo em estudar para ser ‘alguém’, trabalhar para ganhar muito dinheiro, acumular e comprar, comprar e comprar?

Aí que Saudades de Carlitos!

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