Assistir a um bom filme ainda pode ter os seus encantos. Isso se confirma quando o filme em questão é de Pedro Almodóvar.
No frio fora de época do sábado, na sala 1 do Reserva Cultural, um encontro com “Los Abrazos Rotos”, novo filme do cineasta espanhol.
Olho para os detalhes do antigo Cine Gazetinha – e lá está uma foto de sua inauguração, mas não é uma foto qualquer: Sophia Loren, a própria, na abertura daquela casa em 1967.
Assim o começo daquela sessão não poderia ser mais promissor.
Mateo Blanco, ou, Harry Caine? Faça a sua escolha.
Almodóvar nos brinda com duas narrativas que correm em paralelo sobre o mesmo homem, o diretor e roteirista Mateo Blanco (Lluís Homar).
A película contém cenas memoráveis, que tornaram o sábado deste narrador menos monótono.
Com enredo e roteiro convincentes, “Los Abrazos Rotos” traz as cores e o melodrama com pitadas de humor à moda “almodovariano”, e também pode ser compreendido enquanto o retrato de um afeto maduro, da melancolia que aflige o ser humano quando algo frustra sonhos, planos e termina por arruinar o curso “normal” da vida.
Por isso a metáfora com o cinema não poderia ser mais feliz ao cutucar tal ferida.
Então surge na tela o amor de Mateo por sua estrela de última hora, Lena, vivida por Penélope Cruz (em grande atuação) e deste encontro assistimos momentos de pura sensibilidade:
Uma praia linda, Villa Famara, um casal e sua paixão capaz de irromper barreiras caminhando com o som de Cat Power ao fundo – e como um mau pressentimento o vento que sopra carrega um jornal e, com ele noticias e razões que levarão o amor de Mateo e Lena a uma encruzilhada que resultará em súbita e brutal separação.
A parti daí descobrimos o porquê da existência do pseudônimo Harry Caine na vida de Mateo Blanco.
Com suas personagens encantadoras como, Judit Garcia (Blanca Portillo) e seu filho, Daniel (Tamar Novas), e outros mais canastrões – observe o empresário Ernesto Martel (José Luis Gómez), Almodóvar prende o espectador na poltrona por cerca de duas horas e meia, com direito a risos e lágrimas.
Sua possível ‘fraqueza’ no final da película causa-nos a nítida impressão que o quebra-cabeça que pode ser a montagem de um filme, ou, os próprios meandros da vida, são montados e remontados inúmeras vezes.
Los Abrazos Rotos não deixa de ser um conto sobre a superação humana, pois mesmo quando tudo parece às escuras, até mesmo nestes momentos ainda é possível enxergar e se emocionar com as cores impressas por Almodóvar.
Los Abrazos Rotos não deixa de ser um conto sobre a superação humana, pois mesmo quando tudo parece às escuras, até mesmo nestes momentos ainda é possível enxergar e se emocionar com as cores impressas por Almodóvar.
Trilha Sonora
Artista: Cat Power
Música: Werewolf
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