Ela
passeava pelas calçadas da avenida das ilusões. Sonhava com as vitrines, com as
promoções das famosas liquidações do final da estação. Black Friday, sonhos
azuis de consumo fácil, o dom de iludir seus próprios botões a qualquer custo.
Por
que a gente sempre precisa impressionar a quem ama?
A
frase perambulava por aquela cabecinha, a insegurança dos farsantes
profissionais.
A
noite foi a opera, mesmo sem compreender que uma ópera não pode ser comparada a
uma vitrine de loja, ou, a um restaurante caro da moda. Soprano, tenor, mezzo soprano, contralto, primeiro ato, segundo ato... Série infindáveis de perguntas internas.
Ela
é kitsch, ela é linda, ela é fake, ou ela é apenas ela mesmo?
Parei
aqui, pois a personagem me abre leques que me levariam a um labirinto, do qual
ainda não sou capaz de desvendar.
Talvez
ela combine mais com uma discoteca. Isso não é uma critica, talvez beire o
elogio.
E
assim desfilam pela avenida os corações de vidro, guardando para si os poemas
perdidos.
Vitrola: Blondie - Heart Of Glass
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