sábado, 7 de dezembro de 2013

Coração de Vidro


Ela passeava pelas calçadas da avenida das ilusões. Sonhava com as vitrines, com as promoções das famosas liquidações do final da estação. Black Friday, sonhos azuis de consumo fácil, o dom de iludir seus próprios botões a qualquer custo.

Por que a gente sempre precisa impressionar a quem ama?

A frase perambulava por aquela cabecinha, a insegurança dos farsantes profissionais.

A noite foi a opera, mesmo sem compreender que uma ópera não pode ser comparada a uma vitrine de loja, ou, a um restaurante caro da moda. Soprano, tenor, mezzo soprano, contralto, primeiro ato, segundo ato... Série infindáveis de perguntas internas.

Ela é kitsch, ela é linda, ela é fake, ou ela é apenas ela mesmo?

Parei aqui, pois a personagem me abre leques que me levariam a um labirinto, do qual ainda não sou capaz de desvendar.

Talvez ela combine mais com uma discoteca. Isso não é uma critica, talvez beire o elogio.

E assim desfilam pela avenida os corações de vidro, guardando para si os poemas perdidos.

Vitrola: Blondie - Heart Of Glass

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