sábado, 4 de agosto de 2012

A Via Láctea



Na tristeza a gente sempre enxerga tudo deformado, bem turvo, escuro, mesmo assim ainda enxerga. Nos últimos dias fiquei um bocado triste, por vários motivos, alguns relevantes outros nem tanto.

Na estrada eu encontro muita gente com problemas sérios, e isso me faz duvidar da real justiça dessa tristeza que vez por outra me assola. Mas é a minha vida não é?

Eu me lembro do Renato Russo cantando “Hoje a tristeza não é passageira/hoje fiquei com febre a tarde inteira/e quando chegar à noite cada estrela parecerá uma lágrima”. Esse trecho da canção é muito triste mesmo, me lembra de tantas coisas que já passei nessa breve vida, me faz de fato querer chorar, porque de vez em quando é necessário colocar pra fora aquilo que angustia, machuca, retraí, contamina a consciência e, a alma. Isso é exercer certa humanidade, pelo mesmo consigo próprio. 

Às vezes acordo sem ânimo pra convencer a mim mesmo que terei que fazer tudo novamente, a velha rotina de clamar no deserto, o velho estigma social de ser alguém que pensa diferente, não se adapta facilmente a quase nada, mesmo assim me cobram compreensão incondicional quando na verdade o que desejo é mandar meio mundo pro inferno de vez. Seria um alívio! (rsrsrsrs)

Por hoje farei como o poeta, “só me deixe aqui quieto que isso passa/
amanhã é um outro dia/não é?/eu não sei por que me sinto assim/
veem de repente um anjo triste perto de mim...”.

Anjinho fica aí, me faz companhia que amanhã a gente vê o que faz!

Vamos dar um tempo em nossa solidão.

Na vitrola: Legião Urbana – A Via Láctea

3 comentários:

Orestes disse...

"se gritasse, quem me escutaria entre exércitos de anjos?"

"sou um caracol que se desliza pelo vazio... não sei aonde vou. uma vez pensei que sabia... aonde vou?"

em "Paisagem na Neblina" dirigido por Theo Angelopoulos.

Hospício Temporário disse...

Tem dias que é melhor esperar pela chegada do outro... e só tomando versos emprestados para explicar.

Abraços

Hospício Eterno disse...

é melhor roubar versos que tomar emprestado... até porque não tenho intenção de devolvê-los e nem de explicar. o outro nunca vai chegar.