Já faz um tempo que eu não ouço esta balada do Joe Cocker. Ela já foi cantada pelo próprio em uma homenagem a Lady Di, e com certeza muitas outras mulheres (ou não) já ouviram suas estrofes de namorados embevecidos. Aqui ele improvisa, inventa algo diferente na segunda parte, e a música continua linda do mesmo jeito.
Não vai fazer mal ouvi-la mais uma vez... Vai?
Trilha Sonora
Artista: Joe Cocker
Música: You Are So Beautiful (Live at Montreux 1987)
O escritor inglês Nick Hornby escreveu anos atrás um livro onde descreve 31 canções prediletas. Ele disse que o número 31 é ao acaso já que poderiam ser 50, 100, 4, 3, 10, ou qualquer outra combinação.
Mark Mulcahy aparece na lista com a meiga “Hey Self Defeater”, o que me faz pensar que talvez para Hornby o que mais importa em uma canção seja o impacto, ou, a indiferença em relação à mesma.
João Gilberto e outros músicos já diziam aos quatro cantos que o banheiro era o melhor lugar de uma casa para tirar um som.
Os ‘garotos’ do Housemartins parecem ter levado ao pé da letra essa premissa, pelo menos para registrar parte deste vídeo na década de 80.
Como curiosidade, além do som rápido, rasteiro e divertido da banda do Reino unido, vale lembrar que no contrabaixo elétrico está nada mais nada menos do que Mr. Normam Cook, hoje mundialmente conhecido pela alcunha de Fatboy Slim – um dos magos da música eletrônica.
Andava trôpego
Feito um notívago
Sozinho à beira-mar
Zunia um vento traiçoeiro
Intrépido ancião
De amores impossíveis
Suas mãos tremulas traziam flores artificiais
Enquanto seu peito carregava o amor de uma mulher
Flutuando acesso na madrugada fria
Ao ponto exato de acalentar a triste dor
Ouviu a valsa
Sonhou com a lua
Transpôs aquela melodia
Na fina areia praiana
Um rabisco
Nada mais
Traços de um rosto aflito
Desfigurado e
Sem afeto
Então dançou lúcido
Abraçado ao oceano
Sob a luz
Incontrolável
Da crescente lua
No avesso do dia
Envolto pelos tons sombrios
A valsa
Encantada
Que dissipa o pavor
Da incompreensão
Da boca que fere a alma
Quando diz:
Não!
As flores imersas
Em súbita maré
A carregar... carregar...
Lentamente...
Vagarosa...
O brilho dos seus olhos
As forças do seu corpo
A beleza do seu amor
Em direção às profundezas
Do lugar onde habita
A solidão dos poetas
Disfarçada
Em pequenos trechos
De notas musicais
Marteladas por um piano
Torpe,
Singelo,
Capataz da noite fria
Que
Beija
Acaricia
Comunga e
Tripudia
O fortuito encontro
Entre a magnitude lunar
E o rodopiar da valsa...
...Feroz...
...Urgente...
Como quem relutante
Trancafia a emoção
Num quarto acanhado
Escuro
Esquecido
Vazio
Longe o bastante da lua
Perto demais
Do frágil coração.
By Jonathas Nascimento ®
By Jonathas Nascimento ®
Direitos autorais reservados lei 9.610 de 19/02/98
Trilha Sonora Artista: Vítor Araújo Música: Valsa Para a Lua
Ele passava diariamente em frente aquela casa sem cor e, prendia o seu olhar a menina que o fitava por de trás da cortina na janela lateral do quarto de dormir.
Florisvaldo era tímido de nascença, molecote franzino, de traços afeiçoados e de olhar perdido. Não precisava de muito para corar feito uma tinta vermelha fresca, e aquela janela era o maior prazer de suas manhãs. Quem é ela? Será que eu pego?
Até o dia em que descobriu que flertava com uma boneca de cera, empalhada, de olhos vidrados na direção da rua por onde caminhava logo cedo a caminho da escola. Era uma boneca cega para os seus sentimentos de menino.
Sorriu de leve, não sabe se de alívio ou por piedade, mas só sei que ele sorriu a vida como ela é.
Uma pequena preciosidade de Rufus Wainwright. Eu adoro a musicalidade de Rufus e também o seu senso de humor apurado. Quando percebe que vai começar a canção sem a presença das duas cantoras líricas que fariam uma participação na canção ele logo brinca com a situação.
“Litle Sister” é uma bela cantiga de um artista que geralmente está muito inspirado pelo presente, por aquilo que vivemos agora. A história de vida de Rufus não é exatamente um conto de fadas, mas sua música poderia estar facilmente em qualquer obra de Walt Disney.
Esta versão é comovente!
Trilha Sonora Artista: Rufus Wainwright Música: Little Sister
Talvez um voltasse, talvez o outro fosse. Talvez um viajasse, talvez outro fugisse. Talvez trocassem cartas, telefonemas noturnos, dominicais, cristais e contas por sedex (...) talvez ficassem curados, ao mesmo tempo ou não. Talvez algum partisse, outro ficasse. Talvez um perdesse peso, o outro ficasse cego. Talvez não se vissem nunca mais, com olhos daqui pelo menos, talvez enlouquecessem de amor e mudassem um para a cidade do outro, ou viajassem junto para Paris (...) talvez um se matasse, o outro negativasse. Seqüestrados por um OVNI, mortos por bala perdida, quem sabe. Talvez tudo, talvez nada
Bem... Este é um site sobre música pop – que resume bem o meu pequeno mundo. Não citar aqui várias vezes os noruegueses do A-ha seria uma espécie de sacrilégio.
O single em questão é “You Are The One” uma das melhores canções composta pela banda. É pop da primeira virada de bateria até o seu último acorde de sintetizador.
Eu confesso que sofro da síndrome de transparência – falo e escrevo o que penso, sempre que possível é claro – e revendo este clipe do A-ha fico tentado a dizer que nos anos 80 a vida parecia mais sincera (será?), mais romântica (talvez), e eu sei que as incertezas não resistirão por muito tempo, quem sabe uns três minutos e pouco...
Mas... olhando o clipe original de “You Are The One” (não esse) e vendo lá as Torres Gêmeas, os garotos brincando de fazer música pop em Nova Iorque com este hit tão sonoro e esteticamente pop, a tentação citada lá em cima torna-se quase real!
Também é verdade que o vocalista Morten Harket cantava muito melhor com a ajuda dos recursos de um estúdio do que ao vivo (o registro de 1991 é a prova definitiva).
Dizem que temos saudades daquilo que não vivemos, então às coisas ficam menos complicadas para mim, porque eu não curtia muito o A-ha nos anos 80, não pelo menos da maneira como curto agora.
Esta canção me lembra de uma colega de trabalho, a Fernanda. Seu codinome era Catarina, uma garota bacana, sorridente, alto astral. Fernanda foi atropelada em plena calçada de uma rua no bairro de Interlagos numa noite do inverno de 2000. Passou por cirurgias, por longos dias na UTI e caminhava para sua reabilitação, mas partiu antes, de repente.
A última vez em que conversei com a Fernanda trocamos figurinhas musicais e, ela cantarolou comigo “Coisas da Vida” da Rita Lee. Ela me disse textualmente: “essa música é muito linda, eu adoro esse trecho que diz:
Eu não tenho nada pra dizer
Por isso eu digo
Que eu não tenho muito o que perder
Por isso jogo
Eu não tenho hora pra morrer
Por isso sonho
Fiquei abalado com tudo o que seguiu adiante. É difícil aceitar a morte, principalmente de alguém tão jovem. E aí só me resta lembrar do sorriso e alegria da ‘Catarina’.
Em Wall Street (Poder e Cobiça/1985) o diretor Oliver Stone retrata sob seu ponto de vista o que existe de mais fétido por trás da aparente grandeza do mundo corporativo. E todas as pessoas com um pouco mais de sensibilidade e, muito menos ganância na pior derivação possível da terminologia, deveriam pelo menos uma vez na vida agradecer a Stone por nos ensinar através de Bud Fox que a vida não pode ser baseada na força desleal da grana.
Pois esse som do Everything But the Girl é exatamente para confrontar alicerces sensoriais...
Melhor ouvir uma bossa do que a vã gritaria dos pregões da bolsa... azar de quem prefere o contrário...
Numa noite dessas eu me peguei sonhando... De repente alguém me pediu para cantar “Out of Time” do Blur, então peguei o meu violão e simplesmente cantei... cantei...
Cantava com a alma leve, serena, diluída na madrugada poética com direito no final a frase que se repetia por cinco vezes:
“me diga que eu não estou sonhando, mas nós estamos fora do tempo”...
Phil Collins lançando seu segundo álbum em 1982. Ao lado de uma banda bacana, metais, combinações sonoras negras, compostas por um inglês branquelo. E quem foi que disse que a alma tem cor? Que a música tem cor?
Ouvindo este som décadas depois eu ainda sinto o cheiro de verão que me impregnava sempre que a ouvia no meu antigo K7 em um Walkman. Quanto as cores, o mundo é ‘ligeiramente’ colorido, bem... Talvez seja mesmo em preto e branco ... Sei lá, o que importa isso?
As batidas inimitáveis do Tom Tom Club misturadas a imagens coloridas de um videoclipe transpirando pop art pelos poros. Um clássico que ficou meio esquecido na minha mente até esta manhã.
As cores dão sentido a vida, ou, a vida pinta nossos caminhos tal qual uma aquarela? Alguns dirão que depende, a vida é relativa. E você o que prefere?
"A cena da música folk havia sido um paraíso do qual eu tinha que sair, como Adão teve que deixar o jardim. Era simplesmente perfeito demais. Dentro de poucos anos, se desencadearia uma tempestade de bosta. As coisas começariam a ser queimadas. Sutiãs, certificados de alistamento, bandeiras americanas, pontes também - todo mundo estaria sonhando em se dar bem.
A psique nacional mudaria, e em muitos aspectos lembraria a noite dos mortos-vivos. A estrada seria traiçoeira, e eu não sabia para onde ela iria levar, mas a seguiria mesmo assim. Era um mundo estranho que se desenrolaria à frente, um mundo trovejante, com arestas pontudas luminosas. Muitos entenderam errado e jamais conseguiriam entender direito. Fui direto para dentro desse mundo. Ele estava escancarado. Uma coisa era certa: não apenas não era governado por Deus, como também não era governado pelo diabo"
Bob Dylan (no parágrafo final de Crônicas Vol. 1.)
O texto, a música e o vídeo são de arrepiar. A década de 60... quando muita coisa começou a mudar...
Não existe nada tão fétido quanto a política brasileira. Então em época de eleições os milagres acontecem: do nada você olha políticos andando pelas ruas por entre o povo, como se eles, políticos, fossem iguais a nós. O candidato come o churrasquinho da esquina, o mocotó da dona fulana, o pastel do japonês, o kibe do árabe, tudo tão democrático... Daí eles beijam e babam as crianças, apertam as mãos da gente mais simples, ouvem queixas e pedidos, tudo lindo e maravilhoso. Incrível como em nosso país a política do pão e circo ainda é a mais eficaz.
O negocio é o seguinte: se a novela das nove está bombando, então tudo está maravilhoso para 70% da população e, os outros trinta que se virem, não é isso? Ou seja: para os mais ricos e para os mais tolerantes o Brasil é mesmo uma ilha de prosperidade.
Isso tudo já me cansou há muito tempo. Estes larápios só estão lá porque outros vermes que estão deste lado os colocaram no poder em troca de algum beneficio. O que abunda no Brasil é um tal manual prático da picaretagem institucionalizada, em outras palavras: é tudo ladrão e farinha do mesmo saco!
Eu quero é mais que a ‘princesa’ chore... e muito.
Talvez Lucinda Williams seja daquelas artistas que existem para lembrar-nos que para além de qualquer dor existem remédios, caminhos, sutilezas a serem descobertas, apreciadas em nossas vidas.
E lá vai ela com sua voz arrastada soletrando angustias, dor, solidão, mas acima de tudo exalando o perfume da vida.
Há escolas que são gaiolas e há escolas que são asas.
Escolas que são gaiolas existem para que os pássaros desaprendam a arte do vôo. Pássaros engaiolados são pássaros sob controle. Engaiolados, o seu dono pode levá-los para onde quiser. Pássaros engaiolados sempre têm um dono. Deixaram de ser pássaros. Porque a essência dos pássaros é o vôo.
Escolas que são asas não amam pássaros engaiolados. O que elas amam são pássaros em vôo. Existem para dar aos pássaros coragem para voar. Ensinar o vôo, isso elas não podem fazer, porque o vôo já nasce dentro dos pássaros. O vôo não pode ser ensinado. Só pode ser encorajado.