Mostrando postagens com marcador rpm. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador rpm. Mostrar todas as postagens

sábado, 26 de maio de 2018

A Música Esquecida do RPM


Esquecida pelo tempo (como quase tudo no Brasil), a canção "Juvenília" do grupo RPM pode ser classificada na categoria de músicas subestimadas por seu tempo.

Felizmente, esse mesmo tempo é um antídoto capaz de redimir certos equívocos (mas não todos), e nesse caso ouvir Juvenília na era Temer/Patos Amarelos enquanto olhamos para a situação surreal na qual o país mergulhou (talvez afundou seja o termo mais adequado) – graças sobretudo, as mãos preconceituosas e a ignorância latente da nossa classe média (não poderíamos alterar para classe abaixo da média?); torna essa missão quase que naturalmente óbvia.

A grande questão, no entanto é saber se a juventude brasileira atual é capaz ainda de interpretar textos, compreender contextos históricos, apreciar poesias, ou mesmo uma simples letra de música que na época dava voz a um sentimento de não pertencimento, estranhamento, insatisfação dos jovens daquele país que tentava sair da UTI após duas décadas e meia de ditadura militar, sim a mesma que tantos agora clamam para retomar o comando de um Brasil chafurdado na lama da hipocrisia, injustiça social e desenfreada corrupção. 

Aqui qualquer semelhança não é mera coincidência!

Cada qual possui a sua própria resposta e motivos para elencar essa sequência infindável de fatos reais, que por vezes supõe e beiram a irrealidade.  

Mas enfim, as frases que mais me pegam nessa síntese melancólica sobre um país seus desmandos e consequentes desdobramentos são:

“Sinto um imenso vazio e o Brasil/que herda o costume servil/não serviu pra mim”, ou ainda, “Parte o primeiro avião/e eu não vou voltar/e quem vem pra ficar/pra cuidar de ti/terra linda/sofre ainda a vinda de piratas/mercenários sem direção/e eu até sei quem são, sim eu sei/e você sempre faz confusão, diz que não/e vem, vem chorando/vem pedir desculpas/vem sangrando/dividir a culpa entre nós”.

Quem dera Juvenília fosse apenas e tão-somente uma canção ingênua, uma modinha de uma época já passada, um hit radiofônico que tivesse dado bastante dinheiro aos seus músicos e produtores e pronto.

Não é esse o caso, primeiro porque é uma bela canção, que passou sim, despercebida durante o furacão RPM nos anos 80, época que tantos ainda insistem em denominar de geração perdida (o que falar então dos dias atuais), e segundo por sua força motriz residir exatamente no contexto histórico-político-literário de sua letra.

E assim seguimos cantarolando aqui e ali com o RPM, enquanto uma maioria esmagadora prefere desafinar gritando a sofrência dos neos sertanejos, emergentes sociais que tão bem representam uma elite que continua a ignorar a literatura, a arte, a filosofia, a história, até porque para eles o que importa no final das contas é mesmo o o trivial biombo status/dinheiro.

RPM - Juvenília

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Juvenília



“E um pedaço do meu coração é teu
destroçado com as mãos
pelas mãos de Deus”.


O lado B de Revoluções Por Minuto era sombrio e político. Sem dúvida uma bela análise do jornalista Arthur Dapieve no seu belo livro “BRock – o rock brasileiro dos anos 80”.

O showman Paulo Ricardo encantava as meninas adolescentes, e as mais experientes também. O RPM foi muito mais que apenas um vocalista/baixista bonito. Luiz Schiavon e sua parafernália tecnológica com seus teclados era a alma musical da banda, ao lado das guitarras de Fernando Deluqui e da bateria de P.A.

Deste modo o neoprogressivo pop do RPM encantava público e recebia elogios dos críticos mais severos. Bate certa nostalgia, eu mesmo preferia Titãs, Legião Urbana, Plebe Rude e Paralamas ao RPM, no entanto hoje reconheço que a banda foi importante na consolidação profissional do gênero rock durante os anos 80.

Juvenília é a minha preferida deste álbum de estreia do RPM, uma canção linda, repleta de metáforas sobre o que foi e, ainda é o Brasil. Política e música não precisam ser obrigatoriamente panfletárias.

Trilha Sonora
Artista: RPM
Música: Juvenília

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Sob a Luz do Sol



Quero das horas escuras cumplicidade em qualquer loucura
Quero as noites em claro a eletricidade, um luar de mil watts
Já não morro mais de medo que o tempo escorra pelos dedos
Já não sinto quase nada na madrugada fria
Quero a sujeira das ruas nas veias do asfalto quero me injetar
Quero o perigo correndo comigo sem nunca poder me alcançar
Já não morro mais de medo que o tempo escorra pelos dedos
Já não vejo quase nada sob a luz do sol
Quero a cidade vazia o clarão do dia me ofusca a visão
Minha cabeça lateja meu corpo cansado se espalha no chão
Já não morro mais de medo que o tempo escorra pelos dedos
Já não sou mais quase nada sob a luz do sol

Paulo Ricardo/Luis Schiavon

Trilha Sonora
Artista: Skank
Música: É Tarde