quarta-feira, 26 de abril de 2017

Espera Silenciosa


Eu morri naquele dia. 

Quantas vezes precisaremos nascer de novo, nos reinventarmos, para seguir procurando por aquilo que jamais acontecerá?

Desesperança é a palavra da moda, talvez por causa de tanta cretinice solta pelos quatro cantos do planeta, talvez porque as pessoas mais sensatas (se é que elas de fato existem) estejam todas de férias, em uma espécie de século sabático, pois a guinada dos últimos anos é mesmo pra deixar qualquer ser um pouco mais crítico sem muita esperança.

Nessas horas, no entanto é bom se apegar a sutilezas, invisíveis, pequenas, mas saborosamente vivas. 

Tenho lido textos de Rubem Alves, sobre a vida, sobre a morte, sobre a esperança, sobre a falta de alento, sobre os filhos, sobre os mares, sobre as montanhas, sobre o amor...

Existem dias cinzentos e quietos, onde apenas ouço as vozes a lamuriar,
Entristecidas pela proximidade da morte.

Existem instantes em que mal consigo avistar o outro lado do rio,
Pois um nevoeiro teimoso parece me perseguir ...

Nesses dias não vejo nada,
Apenas o breu, porém sinto firmemente alguma espécie de poder
a guiar-me pela escuridão infinita.

E quase lá no final de tudo
quando de súbito abro os meus olhos
Tal qual um toque angelical eu antevejo
Os olhos e o sorriso lindo do meu filho...

Não sei se isso é uma ponta de esperança,
ou apenas mais uma poesia
para ler durante a espera silenciosa.


Depeche Mode – Poison Heart

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