terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Meu Amigo Tico e Outras Histórias

Um dia de cada vez, uma noite para se viver a cada entardecer… Com esse lema ela não perdia seu tempo racionalizando muito suas paixões, seus encontros e desencontros, mas naquela noite um fato novo abalaria aquela certeza travestida de rocha e amuleto existencial.

Meia luz, meia-noite, uma quinta-feira quase perdida. No balcão alguém pede ao barman uma dose do melhor Bourbon da casa... 

Depois disso e, de muitos olhares e alguns sorrisos - ela deixa de lado qualquer certeza em troca de uma conversa macia, alegre e sem muita pretensão. Alguém acabara de lhe evidenciar uma repentina vocação...

Na manhã seguinte ela percebeu o inevitável: 

Sim, o amor estava ao seu lado, e dividia a mesma cama que ela naquele dia nublado de fim de inverno.


Vitrola: Don’t Let Me Be Lonely Tonight - James Taylor

Toninho, o Tico para os amigos – sempre que Hyldon estremecia as caixas de som de qualquer bailinho dos anos 70, algo acontecia repetidamente...

Ele sempre me contava a mesma história... Um amor que ele guardava com carinho e do qual fazia questão de continuar alimentando. Tudo era marcante, mas quando “As Dores do Mundo” chegavam em seus ouvidos era automático ver seus olhos marejados e sua boca verbalizando a sua alma machucada por aquele amor de outrora, da Cida de BH e da única noite em que os dois dançaram de rostinho colado a canção pela primeira e última vez...


Tico já partiu e a Cida da história deve estar por aí vivendo outras paixões...



Vitrola: As Dores do Mundo - Hyldon

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Como Outrora


Nada Será Como Antes
Alvoroço em meu coração
Virando aquela esquina te encontro
O tempo me faz acertos
E ao olhar mais nitidamente me vejo cercado pelos amigos

Então, venham todos...



Vitrola: Nada Será Como Antes -Milton Nascimento e Lô Borges

God only knows


Tive uma ideia:
-Eu te amei e ponto.
Agora procuro outros temas
Outras razões, outros assuntos,
Mas jamais escondi da minha mente –

-God only knows...


Vitrola: God Onyl Knows – Jamie Cullun

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Após o Anoitecer


O escritor japonês Haruki Murakami adora contar seus romances tendo como fundo uma trilha sonora ambientada em gêneros como o jazz, o rock, e muzaks que tocavam em elevadores mundo a fora entre as décadas de 60 a 80.

Em “After Dark” – Após o Anoitecer não é diferente, contando estórias de jovens que perambulam pela noite de Tókio em vez de procurarem suas camas para uma noite de descanso.

Aqui dois momentos musicais dos livros do escritor e corredor japonês natural de Kyoto. Neste caso a coincidência é que essas canções são ouvidas no som ambiente da cadeia de restaurantes de Tokyo intitulada “Dennys”. 

É ali que a jovem Mari irá iniciar a sua notívaga e inesperada aventura.

Vitrola: Burt Bacharach - The April Fools




Vitrola: Go Away Little Girl - Percy Faith

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

Home


Em casa
em férias
Alguém me acompanha
Desde cedo até tarde da noite
Faça sol ou chuva
Calor ou frio
Ali está ele me olhando
Me chamando pra brincar
Para interagir com seu pequeno mundo
Tão especial
Tão colorido e lindo
Pra sorrir junto
Fazer graça
Ou simplesmente pular...
E eu fico pensando...
Será que mereço isso mesmo?
Aquela soneca de tarde
Enquanto leio um pouco e ouço algumas canções
A piscina
O supermercado
Um passeio na rua...
Sabe
Vou sentir falta de você meu filho
Quando não estiver mais aqui em casa
O tempo todo
E não se esqueça de uma coisa:
É muito bom amar você!

Vitrola: Michael Bublé - Home

domingo, 8 de fevereiro de 2015

Oração do Tempo 2


Uma despedida à altura da obra de Renato Manfredini Jr:
O Livro dos Dias é uma canção tristonha - composta por alguém que já sabia que não viveria muito mais do que aqueles meses do ano de 1996...

É bela pela natureza simples da vida, pois aqui se nasce, cresce e um dia partimos...

A voz de Renato neste disco é um ato quase heroico...

Renato sabia como poucos aliar elementos que juntos podem ser um desastre, ou então algo tão lindo quanto a última música do último disco da Legião Urbana ainda com ele...


O Livro dos Dias

Ausente o encanto antes cultivado
Percebo o mecanismo indiferente
Que teima em resgatar sem confiança
A essência do delito então sagrado

Meu coração não quer deixar
Meu corpo descansar
E teu desejo inverso é velho amigo
Já que o tenho sempre a meu lado

Hoje então aceitas pelo nome
O que perfeito entregas mas é tarde
Só daria certo aos dois que tentam
Se ainda embriagado pela fome

Exatos teu perdão e tua idade
O indulto a ti tomasse como bênção
Não esconda tristeza de mim

Todos se afastam quando o mundo está errado
Quando o que temos é um catálogo de erros
Quando precisamos de carinho
Força e cuidado

Este é o livro das flores
Este é o livro do destino
Este é o livro de nossos dias
Este é o dia de nossos amores


Vitrola: Legião Urbana – O Livro dos Dias

sábado, 7 de fevereiro de 2015

Birdman, Morrisey e Eu


Ontem à noite assisti “Birdman (EUA/2014) - (A Inesperada Virtude da Ignorância)” dirigido por Alejandro González Iñárritu e com elenco capitaneado por Michael Keaton, Zach Galifianakis, Edward Norton, Naomi Watts, Emma Stone, entre outros.

Para além da crítica avassaladora que o filme traça sobre o mundo do entretenimento o que inclui, sobretudo o próprio cinema, “Birdman” é uma aula sagaz de narrativa cinematográfica, de como é sim possível ainda realizar filmes inteligentes, embora esse definitivamente não seja uma película dedicada as massas, uma consequência inevitável da estética pobre gerenciada nas últimas décadas pelo mundo coorporativo do entretenimento em relação a tudo, teatro, cinema, literatura etc.

Algumas “coincidências” também chamam a atenção durante a exibição na tela desta obra, como por exemplo a escolha de Michael Keaton para o papel central - vivendo na tela o ator Riggan Thomson, preso a sua personagem de maior repercussão em sua carreira (O homem pássaro), e Keaton entende um pouco sobre o assunto  - basta mencionar a palavra “Batman” e tudo passará a fazer certo sentido.

Humor negro, situações conflitantes, metáforas hilárias, e uma boa dose de sonhos em alguns instantes compõe o arcabouço estético deste filme, e como é impossível dissociar a sua própria vida daquela telona à sua frente, eu enxerguei porções generosas de “Birdman” dentro do meu próprio ego, pois é fácil estar preso a sua persona mais popular durante a vida, o difícil mesmo e libertar-se disso e fazer o longo retorno a sua essência, algo que provavelmente ficou perdido em nossa infância.

Birdamn, Morrisey e eu – devemos mesmo fazer parte da mesma sala de aula de outrora e, isso vale a todos pois somos todos iguais nesta noite, pelo menos enquanto assistimos as acusações e peripécias de Iñárritu e seu incrível Homem Pássaro.


Vitrola: Morrissey - Please, Please, Please, Let Me Get What I Want

Oração do Tempo 1


Algumas vozes nos trazem constatações desconcertantes...

These are the day of the open hand
They will not be the last
Look around now
These are the days of the beggars and the choosers

This is the year of the hungry man
Whose place is in the past
Hand in hand with ignorance
And legitimate excuses

The rich declare themselves poor
And most of us are not sure
If we have too much
But we'll take our chances
'Cause God's stopped keeping score
I guess somewhere along the way
He must have let us out to play
Turned his back and all God's children
Crept out the back door

And it's hard to love
There's so much to hate
Hanging on to hope
When there is no hope to speak of
And the wounded skies above
Say "It's much, too much, too late"
Well maybe we should all be praying for time

These are the days of the empty hand
Oh, you hold onto what you can
And charity is a coat you wear twice a year

This is the year of the guilty man
Your television takes a stand
And you find that what was over there
Is over here

So you scream from behind your door
Say "What's mine, is mine and not yours"
I may have too much
But I'll take my chances
'Cause God's stopped keeping score
And you cling to the things they sold you
Did you cover your eyes when they told you
That He can't come back
'Cause He has no children to come back for

It's hard to love
There's so much to hate
Hanging on to hope
When there is no hope to speak of
And the wounded skies above
Say "It's much too late"
Well maybe we should all be praying for time.


Vitrola: George Michael At Palais Garnier, Paris '' Praying for time ''

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Fast Car


Maybe we make a deal
Maybe together we can get somewhere

e uma lua quase sorridente apareceu lá no céu...


Vitrola: Sam Smith - Fast Car

Música e Solidão

Existem momentos na vida em que você pergunta a si próprio:

What have I got to do to make you love me?
What have I got to do to make you care?

E então você ouve um piano no escuro, você não vê, mas ouve.

“É de noite que tudo faz sentido
No silêncio eu não ouço meus gritos”.

E de repente surge Joe despejando emoção com sua linda voz, cantando serenamente a melodia da salvação.

Ele parece buscar com sua voz um braço para amparar a solidão de quem a ouve, procura por seu amor próprio, pelo caminho de casa.

E você lembra de um poeta torto sussurrando em seu ouvido uma letra que ainda te fere,

“O tempo todo
Estou tentando me defender
Digam o que disserem
O mal do século é a solidão
Cada um de nós imerso em sua própria
Arrogância”,

E Joe insiste em cantarolar enquanto você está triste no escuro, mas não há mais tempo para chorar, a balada está por um fio...

Você olha para objetos inanimados, percebe os lustres, a pouca luz...

É o fim.


Vitrola: Joe Cocker - Sorry Seems To Be The Hardest Word

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

Beijos


Beijar você
é como voltar a ser criança
uma alegria incontrolável
apenas por ver o Mickey Mouse pintado no muro da avenida
então vamos passear ali, aqui,
em Paris, sei lá no paraíso quem sabe...
Espero por você no meio da praça em um dia cinzento de inverno
Mas me traga seus beijos não os esqueça
As flores irão sorrir por nós
Daí sumiremos sem deixar paradeiro...
Tchau, 
e boa noite!


Vitrola: Michael Bublé - Kissing A Fool

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Perfeição?


Ela ouvia uma prece em forma de música religiosamente todos os dias às 10h da matina. Naquele dia de chuva não a ouviu, ficou inquieta, fisionomia grave, sem alegria nos olhos e saiu em desespero para a rua. Quase foi atropelada, xingou o motorista, berrou palavrões, riu de lado e partiu novamente em disparada...

À frente brigou na banca de jornal, tentou roubar um pedaço de torta de chocolate na doceria da grande avenida, fez gestos obscenos quando passou em frente a academia de ginástica do bairro, era um péssimo dia... um desastre por completo.

Quando cansou decidiu retornar para casa, sozinha sem guarda-chuva, exposta ao frio e ao relento, parecia calma, cumprimentou uma senhora na rua, sorriu para a garota da livraria da esquina, parou no semáforo e enfim adentrou em casa para o encontro com seu compacto de Lou Reed, queria ouvir “Perfect Day”, gostava de acreditar que tudo em sua vida necessitava de opostos bem definidos...

You're going to reap just what you sow,

Martelava sua mente junto à delicadeza do piano da canção, no final de uma manhã perfeita - dividida entre a fúria repentina e uma inescapável e curiosa paz...

Caiu no sono no inicio da tarde e, sonhou com minguantes luas, amores e amigos.

Vitrola: Lou Reed - Perfect Day

Lamento


"Não fumo, não bebo e não cheiro. Meu único defeito é que minto um pouco".

Tim Maia

Eu lamento por tanto
Ou por Pouco
Ou simplesmente por nada
Ou porquê no fim das contas
Cada um de nós possuí mesmo
a sua própria maneira de ser...

Vitrola: Tim Maia – Lamento



Vitrola: Tim Maia – Where Is My Other Half (versão em inglês para Lamento)

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Por Hoje


Eu tenho uma vida pequena, porém valiosa...
eu sou um desajeitado e por isso mesmo
não irei indagar nada neste momento...

A vida segue e hoje é mais uma segunda-feira em minha vida.

E isso é tudo por hoje!

Vitrola: Joan Osborne - One of us