Ela ouvia
uma prece em forma de música religiosamente todos os dias às 10h da matina. Naquele dia de chuva não a ouviu, ficou inquieta, fisionomia grave, sem alegria nos olhos e saiu em desespero para a rua. Quase foi atropelada,
xingou o motorista, berrou palavrões, riu de lado e partiu novamente em disparada...
À frente brigou
na banca de jornal, tentou roubar um pedaço de torta de chocolate na doceria da
grande avenida, fez gestos obscenos quando passou em frente a academia de ginástica
do bairro, era um péssimo dia... um desastre por completo.
Quando
cansou decidiu retornar para casa, sozinha sem guarda-chuva, exposta ao frio e ao
relento, parecia calma, cumprimentou uma senhora na rua, sorriu para a garota
da livraria da esquina, parou no semáforo e enfim adentrou em casa para o
encontro com seu compacto de Lou Reed, queria ouvir “Perfect Day”, gostava de
acreditar que tudo em sua vida necessitava de opostos bem definidos...
You're
going to reap just what you sow,
Martelava
sua mente junto à delicadeza do piano da canção, no final de uma manhã perfeita - dividida entre a fúria repentina e uma inescapável e curiosa paz...
Caiu no sono no inicio da tarde e, sonhou com minguantes luas, amores e amigos.
Caiu no sono no inicio da tarde e, sonhou com minguantes luas, amores e amigos.
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