quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

Rotinas...


Escrevi tão pouco em 2015
menos do que gostaria
mais do que podia
2016 
outro ano
outra história
tomara mesmo...

lá fora sinto um certo cheiro de chuva.


Vitrola: The Style Council – The Paris Match

quinta-feira, 24 de dezembro de 2015

Renascer





Em uma noite dessas quando a lua simplesmente desapareceu

eu ouvi uma música, uma vibração traduzindo algo já esquecido

aqui dentro desse peito calejado

desgastado pelo mau uso


pela notada ausência de paixão

pela vida

pelas pessoas

pela natureza

pelos encantos

pequenos

e tão grandes

que movem o carrilhão

na direção do amor

por tudo

que me falta aqui e agora...



E um poeta me disse que preciso

me apaixonar novamente pelo dia a dia

para seguir vivendo

com certa condescendência

essa minha vidinha

mas que é a única que possuo

para olhar quem sabe

com esses olhos descrentes

o crescimento irremediável do meu pequeno menino

plantar então e regar essa criança no meu jardim secreto...



Se hoje é natal

preciso mais do que nunca renascer,

brilha estrela

a luz intensa sobre esse humilde escriba...



Vitrola: Astor Piazolla - Oblivion

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Sofro Calado


“É que Narciso acha feio o que não é espelho”...

Uma sinfonia não se escreve em apenas um dia, uma hora, quiçá alguns segundos...

O paraíso é artificial, o inferno é bem real...

Poucas palavras, tantas interpretações.



Vitrola: Milton Nascimento – Sofro Calado

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Diálogos Invisíveis


Faz tempo…
E digo que não mudou muito de lá pra cá,

Contra as mesquinhes das pequenas e ordinárias rotinas diárias que para muitos são tão grandes, mas veja, para mim não passam de um saco de estupidez e efemeridades banais.

Só posso responder na perspectiva artística, não tenho outras armas,
Continuo não tendo...

Vitrola: Waiting in Vain






segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

Então Siga


É mais
Ou
-
Dor
É
Sempre
Assim

Dias difíceis
Incompreensão
Gera
Angustia

É +
Ou
Menos
Vida
Deve seguir...

Vitrola: Deerhunter - Breaker


segunda-feira, 30 de novembro de 2015

Em Minha Mente...


Outro dia em uma estação dos trilhos da esperança avistei uma cena memorável:

-Na plataforma um casal, a moça em pé, enquanto seu namorado apresilhava a sua sandália,
algo bonito, pouco comum na célere manhã paulistana. Pensei logo, existe sim amor em SP,
basta uma olhadinha mais atenta...

E Brittany Howard solta sua voz para que eu possa recordar daquela tocante cena de uma manhã cinzenta da metrópole, porém tão afetiva!


Vitrola: Alabama Shakes - Over My Head

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Que venha o Sol


Há um sol lá fora
E deste modo é possível enxergar alguma esperança

Crianças sorrindo
Crianças brincando
Sorrindo com o sol

Sigo escutando Marley
Que venha o sol
Para nos aquecer...


Vitrola: Bob Marley - Sun Is Shining

quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Pequenas Asas


Mais um daqueles dias aborrecidos e tristes…
Colegas pagam o pato pela crise, ou, pela má gestão a quem é de direito...

Mas nessas horas os verdadeiros responsáveis evidentemente não dão as caras,
sobretudo se o viés for político.

Melhor ouvir a guitarra inconfundível de Jimi Hendrix e seu blues psicodélico,
queria ter pequenas asas a me sustentar em algum voo para bem distante...

Isso me lembra uma certa Dorothy Gale ...

Vitrola: Little wing- Jimi Hendrix.



terça-feira, 10 de novembro de 2015

Manhãs


Estudo acadêmico realizado por cientistas de Cambridge elegeu recentemente as 20 melhores canções para ajudar as pessoas a acordarem de “bom humor”...

Essa canção do St. Lucia de 2013 ficou em 2º lugar perdendo apenas para o midiático Coldplay e seu hit mundial “Viva La Vida”...

Pesquisas, estudos, listas, não importa muito são opiniões baseadas em alguns critérios e devem ser respeitadas é claro, mas não somos obrigados a ratificar com louvor as escolhas dos outros, já que podemos realizar o nosso próprio estudo elegendo então nossa lista de 20 músicas para inspirar as nossas manhãs.

Particularmente “Elevate” é uma canção gostosa de se ouvir, lembra bastante as canções dos anos 80, tem um ritmo dançante mais tranquilo e de fato passa uma atmosfera bem otimista, principalmente para quem enfrentará um longo dia de trabalho.

Tentarei quando possível criar uma lista própria sobre o tema.

Ótimo dia a todos, belas manhãs à frente no que nos resta de 2015.

Segue a lista de Cambridge:

1. Coldplay - Viva La Vida
2. St. Lucia - Elevate
3. Macklemore & Ryan Lewis - Downtown
4. Bill Withers - Lovely Day
5. Avicii - Wake Me Up
6. Pentatonix - Can't Sleep Love
7. Demi Lovato - Confident
8. Arcade Fire - Wake Up
9. Hailee Steinfeld - Love Myself
10. Sam Smith - Money On My Mind
11. Esperanza Spalding - I Can't Help It
12. John Newman - Come and Get It
13. Felix Jaehn - Ain’t Nobody (Loves Me Better)
14. Mark Ronson - Feel Right
15. Clean Bandit - Rather Be
16. Katrina & The Waves - Walking on Sunshine
17. Imagine Dragons - On Top of the World
18. MisterWives - Reflections
19. Carly Rae Jepsen - Warm Blood
20. iLoveMemphis - Hit The Quan



Vitrola: St. Lucia - "Elevate"

quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Backup


As luzes do meu computador estão piscando
Assim como respingam as gotas da chuva
Batendo na vidraça da minha janela nesta noite
Tão fria
Embalando algum ritual 
de despedida logo ali virando a esquina

Ele se foi
E ela agora está sozinha...

Mas os carros, as motos, as pessoas
Continuarão passando por ela – por eles
Pois assim é a vida
E não haverá um retorno
Um final feliz
No máximo
Um backup
Salvo na memória de ambos

Algo quase em vão...

Vitrola: Suede - He's Gone live at the Royal Albert Hall



sábado, 24 de outubro de 2015

Lá Fora



Parece que a noite assistiu
aquela canção que fala em silêncio
e que me afoga na melancolia

Eu ouço vozes
já te disse isso antes?

Olhos azuis
vestido negro
e tudo o que procuro
é um céu alaranjado
que me traga uma paz
quase fulminante

Eu continuo ouvindo vozes
e a loucura pode ser nada
romântica aqui dentro
por esses lados a noite
é quase cega
mesmo mantendo
meus olhos bem abertos...

Vitrola: Suede -Outsiders

quinta-feira, 22 de outubro de 2015

Homesick


Então a chuva da noite passada sequer foi capaz de apagar aquela mágoa
não existem caminhos fáceis para a nossa realidade
meninos fortes e meninas frágeis
mulheres sábias e homens tolos
nada no entanto, poderá ferir o sorriso da criança
nem mesmo a incerteza dos adultos
e a teimosia dos anciões
olho ao lado
cenas de um dia interminável
lamentos
a esperança parece alheia
quando a luz na noite se apaga
quem sabe um novo dia
ilumine a aldeia...

Vitrola: The Cure – Homesick


terça-feira, 20 de outubro de 2015

Contigo Partirei


Estava em uma igreja
olhava como incrédulo
não entendia aquele rito
nem sequer aquelas imagens
ditas celestiais...

Ouvia como um reú ouve sua sentença
resignado com o novo e eterno futuro
mas aquela música explodiu a minha alma
me tirou do chão
elevou o meu espirito
então:
o cego vislumbrou algo belo
o reú sentiu-se liberto
e aquela igreja acolheu mais um pecador...

Contigo partirei...

Vitrola: Sarah Brightman & Andrea Bocelli


terça-feira, 6 de outubro de 2015

O Bom da Vida


Vitrola: Maxwell - Whenever Wherever Whatever


Vitrola: Stevie Wonder – Ribbon In The Sky

Houve um entardecer em minha vida
em algum paraíso perdido
desses de cinema
feito impressões em tela
de quadros em galerias de arte
das grandes metrópoles
expostas a própria sorte
de quem vende
ou quer comprar
ou mesmo
somente apreciar a beleza daquilo
tal qual a música que Max canta agora...

E havia múltiplas cores
entrelaçando
um céu alaranjado
envolto por nuvens finas
avizinhando uma lua
na exata forma e tamanho
da mágica tênue
capaz de seduzir
o olhar mais puro
da criança que diz:

-Papai a lua está redonda/parece uma bola...

Por outro lado
Stevie acaba de me lembrar
das cores daquelas águas
de uma certa fita no céu
demarcando sentidos
esvaziando qualquer aspereza
cedendo espaço
ao infinito sabor
da lembrança
dos amigos
dos amores
do lado bom dessa vida
e de suas celebrações...

Eu juro que consigo ouvir
Stevie e Max sussurrando um certo:

-Feliz Aniversário!

segunda-feira, 5 de outubro de 2015

Enquanto Houver Sol


Don't let the sun go down on me
Although I search myself, it's always someone else I see

Enquanto Elton canta eu me recordo de outras palavras...

Pegue um sorriso e doe-o a quem jamais o teve.
Pegue um raio de sol e faça-o voar lá onde reina a noite.
Descubra uma fonte e faça banhar-se quem vive no lodo.
Pegue uma lágrima e ponha-a no rosto de quem jamais chorou.
Pegue a coragem e ponha-a no ânimo de quem não sabe lutar.
Descubra a vida e narre-a a quem não sabe entendê-la.
Pegue a esperança e viva na sua luz.
Pegue a bondade e doe-a a quem não sabe doar.
Descubra o amor e faça-o conhecer ao mundo"

Mahatma Gandhi


Vitrola: Elton John - Don't Let The Sun Go Down On Me

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

Trilhos e Vãos


Meu vagão descarrilhou
me sinto a própria ferrovia
repleta de curvas sinuosas na descida da serra
nessa hora o melhor é mesmo
rir de si próprio
é o que me sobra...

Canta Morrissey, não é para mim, mas fica sendo...

Haven't had a dream in a long time
See, the life I've had
Can make a good man
Bad


Vitrola: The Smiths - Please Please Please Let Me Get What I Want

sábado, 19 de setembro de 2015

To You


Cenas de “Emotional Maturity” (1957) ao som de “I Know It's Over” dos “The Smiths”.

A Você

Estranho! se, ao passar, você me encontrar e desejar falar comigo, por que não falar comigo?
E por que eu não falaria com você?

To You

Stranger! if you, passing, meet me, and desire to speak to me, why should you not speak to me?
And why should I not speak to you?

Walt Whitman


 Vitrola: The Smiths - I Know It's Over

sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Garoa


“Procuro à noite,
Um sinal de ti.
Espero à noite,
Por quem não esqueci.

Eu peço à noite,
Um sinal de ti.
Quem eu não esqueci...”

Por quem ele procura na noite fria da cidade?

Sujeitos sem rumo perambulam pelo centro por entre ruas estreitas e escuras
enquanto ele resolve deitar sob a marquise de um prédio antigo que servirá de abrigo para a longa noite.  

Não há muito o que escolher nessa situação: nem amigos, nem rostos conhecidos, nem mimos...

É apenas o frio, a garoa, a noite e ele.

Vitrola: Sétima Legião –  Por Quem Não Esqueci



quinta-feira, 17 de setembro de 2015

Show +


Julho de 1985 o Queen faz de sua participação no Live Aid algo simplesmente
arrebatador...

Vitrola: Queen – Live AID - 1985



segunda-feira, 14 de setembro de 2015

Tender


No documetário “No Distance Left To Run” do Blur – algumas histórias da banda e do chamado Brit Pop dos anos 90 aparecem como pano de fundo para enredar a história dessa banda inglesa, e daquele movimento espontâneo que terminou por capitular a Grã-Bretanha naquele período. 

No vídeo acima uma das canções mais bonitas do Blur é cantada em um concerto beneficente e, lá estão juntos além Damon (vocais) e Graham (guitarras), Noel do Oasis – a banda que rivalizou com o Blur durante os anos 90, (hoje todos são amigos), além de Paul Weller (da segunda geração de astros britânicos do final dos anos 70) brincando na bateria.

Tender é um gospel lançado no belo álbum “13” um dos melhores do Blur em 1999, o canto do cisne da agitada década de 90.

Vale conferir!

Vitrola: Noel Gallagher, Paul Weller & Blur - Tender


quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Apenas Dor


A aurora quase triunfal
Um dia após a batalha
Como sorrir após a vitória
Enquanto caminho por um campo
Passando por sobre homens mortos
Imaginando que suas famílias agora
Estão despedaçadas
Então
Não existe a vitória
Apenas a dor...

A Sinfonia n°2 de, Gustav Mahler, intitulada – Ressurreição - é uma jóia rara. Nela Mahler Faz uso de grande orquestra, inclusive de músicos nos bastidores, fora do palco, algo não usual.

Nesta sinfonia, a escrita contrapontística de Mahler é um fato que nos prende, hipnotiza. Muitas vezes, o compositor pensa de forma polifônica e é possível seguir a linha de cada conjunto de instrumentos: cada linha é independente, tem um sentido e é indispensável para o todo.

Aqui um pequeno trecho da sinfonia regida pelo Maestro Leonard Bernstein.

Nunca ouvi nada antes mais próximo do que seja uma ressurreição. Malher conseguiu intuir, trouxe uma mensagem poderosa, magnífica sobre o poder da vida e o desespero da ausência dela.

A condução de Leonard Bernstein também é rica, digna da mais pura lágrima, talvez a melhor tradução ao sublime espetáculo da ressurreição de Gustav Mahler.

Vitrola: Bernstein conducting Mahler's 2nd



terça-feira, 8 de setembro de 2015

Romance


Eu hoje amanheci esquálido
beirando o abandono
exalando o tal perfume da solidão
e quando olhei o meu retrovisor
nada enxerguei
além dos pingos da chuva
batendo ferozmente
no meu para-brisas
ouvindo Nei sussurrando
aquelas belas palavras
em forma de balada...

“Todas as bobagens que eu já disse
Dariam pra encher um caminhão
Mesmo assim encontro no caminho
Milhares mais otários do que eu

Por isso meu amor
Não leve tão a sério
Nem o que eu digo nem o que eu deixo de esconder
Não vai ter graça o dia
Em que bater na porta
E você não abrir pra responder

Todas as pessoas que eu conheço
Cabem bem juntinhas na palma da mão
Pra você guardei um universo
Quando falta espaço eu faço verso e durmo na canção

Por isso meu amor não pense que é brinquedo
Eu tenho medo e morro de paixão
Não vai ter graça o dia
Em que eu abrir a porta
E a tua mão vazia disser não

Por isso meu amor
Não leve tão a sério
Se eu morro de medo
Brinco de paixão
Não vai ter graça o dia
Em que eu te ver na porta
E não souber se entro
Ou faço uma canção...”.

Vitrola: Nei Lisboa – Romance


sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Poema para Aylan Kurdi

Aquela foto de um pequeno imigrante
estirado à beira do oceano
não traduzirá jamais
a sua alegria em viver...

Fico aqui pensando
Que você poderia ser o meu pequeno filho
O meu sangue
O meu coração
A minha única riqueza neste mundo
Que sacrifica crianças
Por interesses vergonhosos

Daí surgem as diferenças
Que vão matando milhares
Em cenas que nos lembram
Um passado triste e tenebroso
Da humanidade
Ou,
Melhor falando
Da ausência de humanidade

São Inocentes como você
Querido Aylan
Que estão morrendo
De verdade
Não apenas nas fotografias
Deste pobre mundo rico

Minhas lágrimas não servirão de nada
Pois, você se foi
Com suas pequenas asinhas
Voar em outras paragens
Conhecer oceanos mais limpos
Quem sabe existirá
No lugar que te recebe agora
O que nos falta neste mundo
Sorrisos autênticos e mãos estendidas...

Perdoe-nos a nossa falta de humanidade.





quarta-feira, 2 de setembro de 2015

Roxy Music


Eis a banda que influenciou nove entre dez bandas que produziram rock em terras inglesas no início dos anos 80 do século 20.

Roxy Music (1972)

(Revista Bizz edição 15,Outubro de 1986)

"Muita gente descordará de que o Roxy Music tenha definido os anos 70; ao contrário, todos estarão de acordo com que a importância dos Beatles para os anos 60 tenha sido básica e radical. Não devemos estranhar. Os 60 foram anos de esperança, os 70, de confusão. Os 60, anos de unidades; os 70, anos de dispersão."
Como Ramón de España - que o enunciou em um interessante livrinho sobre a banda (Ediciones Jucar, Madri, 82) -, acho que essa é a chave da compreensão da importância do Roxy Music para o rock contemporâneo. O conceito Roxy, tal como foi formulado por Bryan Ferry, ataca o nó cultural daquela década obscura em muitas das suas variantes: consumo versus arte, melodia versus ruído, saída pessoal versus solução coletiva.
Bryan andou metido em uma escola de artes (foi aluno do pintor David Hamilton) antes de decidir que o rock era um suporte mais adequado para as suas aspirações estéticas. Descobriu isso por acaso - ele era crooner, por hobby, em uma banda soul de Newcastle, Inglaterra, por volta de 67. E sabia tocar o "bife", ou pouco mais, ao piano. Mudou para Londres. Comprou um piano (!). Suas exposições de pintura não foram muito bem-sucedidas, mas em 70 ele já tinha diversas composições, competentes o suficiente para não escandalizarem Andy Mackay, um novo amigo, saxofonista com trânsito na música experimental.
Com Mackay e um velho parceiro do grupo de soul, o baixista Graham Simpson, trabalharam o repertório enquanto experimentavam colaboradores: Dexter Lloyd; depois Paul Thompson na bateria, David OÕList (ex-Nice), depois Phil Manzanera para a guitarra. Mas o achado foi um jovem vanguardista, apaixonado pela eletrônica, que além do mais era a única pessoa conhecida capaz de tocar o sintetizador ("Meu Deus, o que é isso?!") que Mackay tinha comprado: Brian Eno.
Eis que, em 72, a EG Records e o letrista/produtor Peter Sinfield, recém-rompido com o King Crimson, resolvem lançá-los. Nesse meio tempo, as primárias canções de Ferry foram rearranjadas, reagindo magnificamente com suas letras cultas, entre o surreal, o irônico e o romântico. Da parte interna da capa do primeiro LP (por fora a modelo Kari-Ann se espalha numa colcha de cetim, sem um apelo sexual) cinco figuras exóticas, topetes pontudos, óculos de homem-mosca, jaquetas de oncinha, lançavam seu manifesto: re-faça, re-modele.
"Re-Make/Re-Model", a primeira faixa, começa com ruídos de festa. É esse o sentido da exuberância dos rapazes: celebração, e não bichice. O som evoca, freqüentemente, o rock dos anos 50. Mas este é um disco de idéias, mais do que música. O primeiro compacto, com a faixa "Virginia Plain", já tinha posto a banda em evidência. Os trinados de Ferry tratavam de uma de suas obsessões, o glamour do cinema hollywoodiano ("o real e confiável/é que Baby Jane está em Acapulco/e todos estamos voando para o Rio"), de um jeito provocador (Baby Jane Holzer foi estrela em alguns filmes underground de Andy Warhol). Sintetizador, sax e guitarra festejavam.
No LP, esses motivos estão expandidos. Além da profusão de efeitos eletrônicos futuristas, o trabalho de Eno no sintetizador amplia a noção de textura, até então pouco presente no rock. Os timbres de teclados, guitarras, sax (e oboé, o outro instrumento de Mackay) se combinam em camadas, se distribuem em solos rápidos, num certo sentido de música visual, gráfica.
Mas sobretudo é Mr. Ferry derramando-se em charme, ao piano, nos vocais brincalhões ou ressentidos, nas letras ricas em images, apaixonadas e apaixonantes - não fosse o nome Roxy inspirado naquelas salas de cinema onde se assistiam aos doces encontros e desencontros do amor. "Parece que foi ontem/que te vi pela primeira vezÉ/Como podia esquecer um dia assim?"

Alex Antunes


Vitrola: Roxy Music – Re-Make/Re-Model

terça-feira, 1 de setembro de 2015

Coletivos


Compra coletiva de estupidez
Compra coletiva de cinismo
Compra coletiva de descaso
Compra coletiva de falta de caráter
Compra coletiva de corruptos
Compra coletiva de corruptores
Compra coletiva de futilidade
Compra coletiva de mau gosto
Compra coletiva de insanidade
Compra coletiva de atitudes (fakes)
Compra coletiva de cansaço
Compras
Compras
Compras...

Eis o mundo atual...


Vitrola: Eric Clapton - While my guitar gently weeps (Concert for George)

segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Dismaland


Um artista ‘insolente’ que adora questionar
O belo mundo da alegria fabricada... dos contos de fada...

Viva Banksy e sua Dismaland!

Achei genial a ideia da contradição com a famigerada Disneylândia.... Hahahaha!!!


Vitrola: Heaven or Las Vegas - Cocteau Twins

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Acalanto...


Tudo que a gente deseja
é às vezes ser relevante
Mas...

Billy irá cantar mais uma vez “Just The Way You Are” e, pela enésima vez
ficarei martelando aqui dentro as minhas incertezas...

Vitrola: Billy Joel - Just The Way You Are


segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Diferente? Maybe


Uma forma diferente de apreciar a música dita clássica...
Pode ser divertido, ou, não!
Só mesmo experimentando...



Vitrola: CLASSICAL MUSIC RAVE. MENGEL & BERG

domingo, 16 de agosto de 2015

Carnavais


O Aerosmith é o meu lado mais próximo do rock testosterona, já gostei bastante da banda e, penso que ainda merecem o meu respeito por sua história e ótimas composições.

Lembro-me de um carnaval há décadas atrás quando muitas coisas aconteceram de bom e também de errado, mas ‘o importante é que emoções eu vivi’, o resto é história...

Lady and gentlemen, let's welcome the Greatest Rock 'n' Roll Band in the World!

Aerosmith…

Rocks (1976)

(Edição Revista Bizz 103,Fevereiro de 1994)

O ano de 76 foi um divisor de águas no calendário do rock. Os primeiros acordes do punk marcaram a ruptura com o passado de um gênero que evoluiu além de suas medidas. Mas nem todos os grupos que surgiram no início da década ou antes, haviam virado dinossauros ou então trocado a rebeldia por aquelas soníferas progressões sinfônicas.
Herdeiro direto do passado do Led Zeppelin e dos Rolling Stones, o Aerosmith estava disposto a manter viva a tradição, com sua orgia de rock/adrenalina unindo seus amplificadores envenenados a distorções nos últimos limites.
O grupo surgiu em 70, como o trio Chain Reaction, em New Hampshire, EUA. Era composto por Steven Tyler (que na época era o baterista), Joe Perry (guitarra) e Tom Hamilton (baixo). ComTyler assumindo os vocais e a adição de Brad Whitford (segunda quitarra) e de Joey Kramer (bateria), eles encontraram a formação definitiva, que foi modelar seu som numa base que unia rock, blues, country, rhythm'n'blues e funk.
A discografia deles começou um tanto tímida com um par de álbuns: "Aerosmith" (72) e "Get Your Wings" (74), ficando promissora com "Toys In The Attic" (75). Mas foi em 76 que eles gravaram o álbum fundamental para seu vôo rumo ao estrelato. Unindo violência com sedução em doses arrebatodoras, Rocks produziu um efeito devastador na época de seu lançamento. Um disco pesado, mas bem balançado. O Aerosmith somava ótimas passagens melódicas e um punch vindo da música funk à selvageria explícita dos riffs.
A faixa de abertura, "Back In The Saddle" (com sua introdução ritualística, culminada pelos relinchos das guitarras), assim com "Sich As A Dog" tornaram-se clássicos.
Impossível apontar uma só música em todo o álbum que não atraísse o ouvinte a uma emboscada sem fuga de rock'n'roll. A voz esganiçada de Steven Tyler sugeria o grito de ordem de um sumo-sacerdote, comandando uma espécie de festival de imolações, angústias e tensões fulminantes.
A entrada macia de " Last Child" ameaçava uma balada, mas o baixo demolidor de Tom Hamilton confiscava a melodia inicial para os domínios do funk rock. Guitarras aceleradas davam a partida para o ritmo de "Rats In The Cella". A festa seguia quando "Combination" irrompia em uma levada sensual, com vocais à beira do gozo. "Nobody's Fault" entrava com a fúria de um touro no meio da arena e - no climax - a voz de Tyler cuspia uma seqŸencia de versos encadeados.
As tensões aquietavam-se no boogie de "Get The Lead Out", mas era retomada na floresta elétrica de "Lick And A Promise". Para encerrar, "Home Tonight" era uma última e desesperada tentativa de balada - desta vez bem sucedida. O que era uma descarga incessante de energia acabava em uma dilacerante canção de amor.
Um disco que celebrava o tempo todo o espírito de rebeldia e diversão juvenis numa voltagem tão intensa não poderia ter outro nome. Com "Rocks", o Aerosmith conquistou a fama de grande banda e conseguiu a forma definitiva para um som que iria seduzir multidões nos anos seguintes.

Eduardo Bastos

Vitrola: Aerosmith – Home Tonight

sábado, 15 de agosto de 2015

Ela


Ela irá surgir e desaparecer
com a mesma rapidez de um raio que cruza os céus
ela me encanta com seus olhos esverdeados
ela me leva para lugares que nunca sonhei em conhecer
e que talvez nunca venha a conhecer...

Ela me conduz a sensações humanamente inatingíveis
tudo nela é ímpar, lindo e humano
até mesmo a sua solidão
é passível de louvor
e ela não sai da minha mente,
pois ela é linda,
é simplesmente assim
e nada mais...

Vitrola: Elvis Costello – She


sexta-feira, 14 de agosto de 2015

Television


Sonzeira…Solos de guitarra inspirados, boas lembranças!


Television

Marquee Moon (1977)

(Edição Revista Bizz de 22,Maio de 1987)

Malcolm McLaren sabia que os "pais da matéria" estavam nos EUA. Foi lá que ele buscou inspiração para que o movimento punk acontecesse - de forma concentrada - na Inglaterra. O que seria do punk sem o despojamento dos N.Y. Dolls, a demência dos Stooges, o antilirismo do Velvet e a agressividade do MC 5? E não foram só estas - todas elas, bandas extintas anos antes do punk - as fundamentais. Nova York fervilhava de bandas que acabariam traçando os moldes do que viria depois do punk. Eram as bandas new wave de Nova York e, dessas, a mais importante, ao lado dos Talking Heads e dos Voidoids de Richard Hell, foi o Television.
A história deles começa com o grupo Neon Boys, fundado por Tom Verlaine (guitarra/vocais) e Richard Hell (baixo/vocais) em 71. Richard Lloyd (guitarra) e Billy Ficca (bateria) completavam o grupo, que alguns anos depois mudaria de nome para Television. Hell saiu por volta de 74, e Fred Smith, ex-baixista da Blondie, foi chamado para substitui-lo. Em 74, o TV gravou um single e em 77 eles assinaram com a Elektra para gravar o "Marquee Moon", o primeiro LP.
Em meio à avalanche punk em que a maioria das bandas fazia um som rápido e primário (Ramones, Dead Boys) ou flertava com o pop (Blondie, Marbles), o Television optava por uma linha musical mais elaborada, com melodias harmoniosas, convivendo com ruídos e músicas longas que, ao vivo, se transformavam em verdadeiras jam sessions.
O som do TV remete a uma gama de referências musicais, que vão de Byrds a Neil Young, de Doors a Velvet Underground. Não que o TV soasse como uma das bandas citadas. Ela parecia querer ser todas elas ao mesmo tempo e um pouco mais.
A música de "Marquee Moon" é leve em seus ingredientes e pesada em sua atitude. Os instrumentistas não usam efeitos ou pedais. É rock'n'roll puro, de uma fluidez impressionante. Verlaine e Lloyd formam uma das duplas de guitarristas de rock que mais deram certo. Ambos solam, se alternam em riffs, bases e harmonias. Ambas as guitarras - principalmente a de Verlaine - alcançam sonoridades que às vezes parecem com guinchos, grunhidos e gritos. Ficca e Smith formam uma cozinha "à francesa" leve, com toques jazzísticos, sem abusos.
As letras - todas de Verlaine - sugerem mais do que dizem, como na faixa de abertura "See No Evil" ("Eu entendo tudo/ a destruição urge/ela parece tão perfeita/eu vejo/eu não vejo nenhum mal"). As texturas sonoras são molduras perfeitas para as letras, como na faixa seguinte, a balada "Venus", em que Verlaine cai "direto nos braços da Vênus de Milo". Em "Friction" o destaque vai para o solo esquizofrênico de Verlaine, assim como na comprida "Marquee Moon" (que, aliás, tem um belíssimo falso gran finale).
O lado B começa com uma jóia, "Elevation" ("A última palavra/é a palavra perdida/por que você não o diz então?"), onde o junkie Lloyd faz um solo emocionante. "Guiding Light" (única co-parceria de Verlaine no disco - com Lloyd) é mais uma balada que demonstra a sensibilidade harmônica de Verlaine. Em "Prove It", a combinação de base sonora simples com o caleidoscópio de images evocadas por Verlaine é mais uma vez perfeita. Em "Tom Curtain", a última música do disco, outra magnífica combinação: a voz chorosa de Verlaine relembra os anos passados, enquanto sua guitarra estridente rola suas lágrimas mais amargas.
Nem o Television (que acabou em 79) nem seus integrantes em carreira solo conseguiram fazer um disco à altura de "Marquee Moon" (que na edição nacional saiu com um ridículo carimbo de "punk rock" na capa). É este o disco que prova que eles eram, instrumentalmente, uma das bandas mais integradas da década de 70, e não há músico ou não-músico - de qualquer gênero - que, ao ouvir o disco, não se convença disto.

Celso Pucci/Thomas Pappon


Vitrola: Television - Elevation

quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Meio Bossa Nova e Rock'n Roll


Filho da saudosa atriz Renata Fronzi e do radialista César Ladeira, o músico Renato Ladeira nos deixou ontem, após 63 anos de vida. Tecladista fez parte do grupo de rock Herva Doce na década de 80. Entre suas composições destaca-se a bela bossa “Faz Parte do meu Show” parceria com o amigo Cazuza.


Invento desculpas, provoco uma briga, digo que não estou
Vivo num clipe sem nexo
Um Pierrot retrocesso
Meio bossa nova e rock'n roll


E a vida segue...



Vitrola: Cazuza – Faz Parte do Meu Show