Estou ministrando palestras de como não ser feliz, é isso
mesmo, não se espante. O que mais ouvimos nos dias atuais são receitas de como
ser feliz no amor, no trabalho, na vida enfim.
As igrejas estão com pessoas saindo pelo ladrão (e outras
ficando lá dentro mesmo), os marqueteiros criam sempre peças publicitárias
falando dela, a felicidade. Lair Ribeiro rodou o país falando da importância de
ser feliz, e as músicas que mais vendem no mundo tecem uma variação sobre o
tema.
A felicidade está focada no poder aquisitivo, em quanto você
possui em sua conta bancária, em tudo que esse dinheiro poderá te render
materialmente, é sempre a mesma ladainha do pragmatismo, o discurso
motivacional da vitória, da superação, de como chegar a felicidade.
Pois bem, na minha filosofia de botequim, a impressão que
tenho é que o homem nasceu para atender outras questões mais urgentes antes de
ter tempo para racionalizar a tal felicidade e suas implicações.
Mas desconfiem
do meu discurso, pois sou tipicamente alguém que costuma ser do ‘contra’,
negativo para outros, mas na real não é nada disso, apenas não faço parte do
coro dos contentes, que costuma sorrir de tudo e de todos.
A felicidade tal qual vendem por aí é aborrecida, egoísta e
superficial. Na verdade o que mais ouvimos no mundo hoje são mentiras de todos
os estilos, tamanhos e variações. Não sei aonde se escondeu a verdade, mas as
mentiras estão soltas por aí, prestes a pegar você, principalmente no golpe da
felicidade.
Nessa me recordei da antiga canção de Raul (toca Raul) e de
repente me peguei em dúvida:
-Será que eu sou
Um sábio chinês
Que sonhou
Que era uma borboleta
Ou serei uma borboleta
Sonhando que era um sábio chinês...
Ps: Jamais moraria em uma rua, bairro, ou cidade com nomes
de Felicidade, Jardim da alegria, recanto
da alma feliz e por aí vai...
Vitrola: Raul Seixas – O Conto do sábio Chinês
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