sexta-feira, 8 de março de 2013

Primeiro Parágrafo



Eu tinha 37 anos e estava a bordo de um Boeing 747. A imensa aeronave descia atravessando nuvens carregadas de chuva, preparando-se para aterrissar no aeroporto de Hamburgo. Sob a chuva fina e fria de novembro, tingindo a terra de um tom escuro, tudo se revestia do ar melancólico das paisagens retratadas nas pinturas da escola de Flandres: os operadores de terra em capas impermeáveis, a bandeira no mastro em cima da sóbria construção do aeroporto, um outdoor da BMW. Alemanhã, eis-me de volta, pensei.

NORWEGIAN WOOD - HARUKI MURAKAMI

Vitrola: Laura Nyro- Wedding Bell Blues

quarta-feira, 6 de março de 2013

Don't Cry...



Eu adoro esta cena do filme, "You've got Mail" (1998), dirigido por Nora Ephron. É bem tola é verdade, mas por vezes a beleza e a sedução residem exatamente nas tolices e obviedades da vida.

O roteiro é composto de falas inteligentes e sarcásticas, o duo entre Tom Hanks (Joe Fox) e, Meg Ryan (Kathleen), funciona redondinho, tudo sem maiores pretensões.

A cena final roteirizada no River Park West em Nova Iorque é o desenrolar de um emaranhado de encontros e desencontros entre duas personagens apaixonadas por livros, mas distanciadas por outras tantas diferenças. É quase impossível não torcer pelo romance de Kathleen e Joe Fox e, a cena derradeira traduz muito bem essa opção de Nora Ephron por um desfecho improvável, mas feliz.

Esta lá na cena final o encontro de uma bela paisagem do parque em perfeita sintonia com a canção "Over the Rainbow" - o eterno canto dos exilados – interpretada na trilha do filme por Harry Nilsson.

Nada é por acaso no cinema e esta cena lembra vagamente "Breakfast At Tiffany's" (1961), mas aqui o gato vira cachorro, e Meg Ryan decididamente não é Audrey Hepburn.

“Don’t cry... don’t cry”...

Mesmo assim, vale a pena olhar e rever a cena várias vezes de tempo e tempo.

terça-feira, 5 de março de 2013

Ouro de Tolo



Um fulano desses que adora dar conselhos coorporativos (hoje chamam de consultoria) resolve dar dicas de filmes para candidatos a concursos públicos. 

Bem, paciência se o cara até quando esta descansando pensa em seu
oficio, no fim das contas ele apenas gosta mesmo do que faz. 

senão aqui são mesmo as recomendações que sinceramente não irão fazer o candidato, pelo menos descobrir ou vivenciar alguma experiência artística
relevante através do cinema. Filmes não são apenas filmes e pronto.

Ele recomenda filmes que não estão relacionados diretamente a temas de estudos, mas que em sua opinião ‘servem’para motivar o candidato (a maldita mania de achar que tudo precisa servir para algo). E não precisam cara pálida? Acho que não cara torta! 

Aqui algumas de suas predileções:

•       Homens de honra
•       Rocky
•       Menina de ouro
•       Invictus

O professor indica assistir a filmes pelo menos uma vez por semana, de
preferência durante os finais de semana. “Aproveita-se para estudar e
passar um tempo com a família”, diz.

Só faltou algum filme sobre lutador de MMA, ou, jogador de futebol que
era pobrezinho e um dia enriqueceu financeiramente, mesmo não aprendendo nada de libertador sobre a vida.

Penso apenas que as pessoas buscam uma oportunidade de trabalho, algumas aspiram muito mais é claro, mas a maioria precisa mesmo apenas de um emprego que lhes dê o sustento. Logo, ficar teorizando sobre o tema é perda de tempo, justamente o mesmo que eu perdi escrevendo essas mal traçadas linhas.

Azar o meu!

Vitrola: Ouro de Tolo – Caetano Veloso

domingo, 3 de março de 2013

You Make Me Feel Brand New



E quando eu escutei essa canção hoje eu me lembrei de alguém que eu ainda não conheço, ainda não toquei, mas que já amo.

God bless you
You make me feel brand new
For God blessed me with you
You make me feel brand new
I sing this song 'cause you
Make me feel brand new

É o que desejo a você meu pequeno Gustavo.

Vitrola: Simply Red – You Make Me Feel Brand New

sexta-feira, 1 de março de 2013

Diálogos Improváveis (Nem tanto)




Da série diálogos improváveis:

- Pai, esste tal de Beto Guedes é irmão do Edu Guedes?

-Ele canta o quê? Sertanejo? Rap? Axé?

Que venham essas e outras questões pertinentes a quem começa a chegar a este novo mundo.

“Sou quem vê a miragem
E quer acreditar no que vê
Seus olhos de jade
Que invadem meu ser”.

Vitrola: Beto Guedes – Olhos de Jade



quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Herança da Casa-Grande e os Novos Ricos



Paul cantando esta linda canção enquanto me recordo de um artigo do jornalista Mino Carta que foi publicado na Revista Carta Capital em janeiro deste ano.

Uma pena não aprendermos com os nossos erros, ao contrário, no Brasil fica cada vez pior. Os novos ricos tupiniquim são simplesmente ridículos e perniciosos mentalmente.   

Vitrola: Paul McCartney - Tug Of War

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Velejar



E que o dia e a vida sigam como a brisa do vento, serena.
Hoje eu apenas desejo velejar... velejar e mais nada.


Vitrola: Christopher Cross - Sailing

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Mais Uma Vez



Ele faria 70 anos hoje e fatalmente faria sua guitarra chorar gentilmente emocionando milhões de admiradores por este mundo afora. Se tivesse o direito de fazer um pedido a Deus, pediria a ele para deixar George descer aqui mais uma vez e tocar sua guitarra por alguns minutos... Toca George mais um pouquinho que nós aqui estamos carentes de artistas autênticos.

Vitrola: George Harrison - My Sweet Lord 

domingo, 24 de fevereiro de 2013

Sem Memória



Um homem sem memória é um homem sem passado. Mas um homem que não sabe fantasiar é um homem sem futuro. 

Albert Camus

Prontidão é sempre estar alerta
mesmo que hoje não seja
the last day of the world

Eu sou um estrangeiro decidido
a desvendar e poetizar
o por que do brilho em teu olhar?

Não, não, não!
Jamais haverá consenso entre nós
pois não sou teu
nem tu és minha
logo é fácil perceber
que metade do que esboço, intento e falo
não flui e fica pelo chão.

Não tente teclar aquele piano
nossa música está gasta e muda
o som é de parafina
é um instante desconcertante
o qual lembra-me
daquele silêncio ofegante
do pós ato de amor. 

Vitrola: Lô Borges e Samuel Rosa - Clube da Esquina nº 2

sábado, 23 de fevereiro de 2013

Foi no Verão



Eu queria ser um músico de jazz e sonhar acordado enquanto executo um tema... O jazz pode parecer prolixo, mas não é! Então por isso tudo eu tocaria “Last summer in Rio” durante boa parte da noite tendo como companhia amigos e uma taça de vinho enquanto não chega a luz do dia pra avisar que a magia terminou.

Vitrola: Azymuth - Last Summer in Rio