quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Tempo Para Recomeçar



Aconteceu quando eu trabalhava em uma cia.aérea no aeroporto de Guarulhos durante os anos 90. Eu fazia o translado por dentro da pista de passageiros vindos de países da América do Sul que não podiam desembarcar em São Paulo, pois estavam apenas realizando uma conexão por estas bandas.

Certa vez encontrei uma passageira Bósnia vinda da Argentina, estava realizando a sua viagem de volta para Sarajevo após a guerra.

Então perguntei a ela o que esperava encontrar em sua cidade. (acho que foi uma pergunta infeliz para aquele momento). Ela apenas olhou para mim, sorriu enquanto seus olhos enchiam d’água. Não precisava dizer mais nada. O que vi através dos seus olhos era um misto de tristeza, revolta e muita esperança por dias melhores. Ela contou que havia perdido diversos amigos e parentes durante o conflito, mesmo assim era a sua terra natal, continuava amando incondicionalmente seu povo, apesar da guerra.

Toda guerra é estúpida, brutal e insana. Esta canção do U2 me faz recordar daquela noite, daqueles quinze minutos em que conversei com alguém que havia vivido a pior experiência possível sobre o que é uma guerra, sobre o tempo de recomeçar das ruínas.

Dici che il fiume
Trova la via al mare
E come il fiume
Giungerai a me
Oltre i confini
E le terre assetate
Dici che come fiume
Come fiume...
L'amore giungerà
L'amore...
E non so più pregare
E nell'amore non so più sperare
E quell'amore non so più aspettare
Is there a time for tying ribbons
A time for Christmas trees
Is there a time for laying tables
And the night is set to freeze

Trilha Sonora
Artista: U2 Feat. Luciano Pavarotti
Música: Miss Sarajevo

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Canções Para Cortar os Pulsos



Eu queria ser um piano
Na noite que se esquiva
Da tortura, e da sina
De terminá-la sozinho

Sim,
Eu desejo ser o piano de Tom Waits
Quero caminhar por uma cidade fantasma
Entre ruas, prédios, casas e fábricas abandonadas
Um cenário desolador
Enquanto ouço os acordes
Dolorosamente tristes do piano

Ah! a noite
Num cabaré enfumaçado
Com o piano de Tom Waits
Parece bem escura
Triste e sozinha,
Mas os acordes me arrebatam
Com sua poesia áspera e apaixonante

Eu queria ser um piano
Para nunca... nunca...
...Deixar...
A emoção escorregar
Por entre meus finos dedos.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Bastardos Não Inglórios



Tarantino é o cara! Em “Bastardos Inglórios” ele retorna á sua grande forma. Não falo aqui de cinema ‘fast food’, trata-se de culinária nobre.

Subverter a história com agá é coisa para poucos – e aí entra em cena Quentin Tarantino “brincando” com detalhes que nos assombram.

Três estórias que quando se esbarram brilham, ou melhor, explodem em um apoteótico desenlace final.

Esqueça o politicamente correto, ele não faz parte da cartilha de Tarantino – e quem nunca desejou um segundo sequer na vida em queimar o seu pior inimigo?

Mas não se trata disso.

Bastardos Inglórios resgata o próprio cinema – o jeito de se fazer um cinema acessível sem que se caia na tentação da receita pronta fácil dos blockbusters. Com maestria sua obra resgata a linguagem, o sonho, a fantasia, o humor negro refinado. Se faltava algo épico na telona em 2009, Tarantino a preencheu!

Se a vida imita a arte, sob o ponto de vista de Tarantino ela sempre será divertida.

Ao menos para nós espectadores.

Trilha Sonora
Artista: KRAFTWERK
Música: THE MODEL

domingo, 13 de dezembro de 2009

Vozes Búlgaras



As Vozes Búlgaras...
Um sopro de vida contra a desesperança
A luz que emana d’alma
Quando se tem apenas
A voz
Para interromper
Uma vida inteira
Composta por muitos silêncios...

“Le Mystére Des Voix Bulgares passa uma sonoridade pastoral - numa sugestão das próprias montanhas balcâmicas - em todo o mistério da civilização, arte e cultura de raízes de uma das regiões do mundo praticamente desconhecidas a nossos poluídos e colonizados ouvidos”.

Um presente divino!

Trilha Sonora
Artista: The MAGIC Of Bulgarian  (Nellie Andreeva)
Música: Malka Moma / Little girl

sábado, 12 de dezembro de 2009

Pra Te Lembrar



Hoje eu acordei meio Nei Lisboa
Com um olhar duro,
Perdido e tristonho –
Então me lembrei de
“Te lembrar”,

A canção bela e singela,
Porque o simples é sempre mais bonito
E afaga aquela tristeza que todo
Poeta carrega em sua alma
Quando a melancolia bate
E a solidão impertinente rodeia

E se algumas lágrimas vierem me visitar
Deixe estar
Pois, as lágrimas são as palavras da alma.

Trilha Sonora
Artista: Nei Lisboa
Música: Pra Te Lembrar

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Los Abrazos Rotos



Assistir a um bom filme ainda pode ter os seus encantos. Isso se confirma quando o filme em questão é de Pedro Almodóvar.

No frio fora de época do sábado, na sala 1 do Reserva Cultural, um encontro com “Los Abrazos Rotos”, novo filme do cineasta espanhol.


Olho para os detalhes do antigo Cine Gazetinha – e lá está uma foto de sua inauguração, mas não é uma foto qualquer: Sophia Loren, a própria, na abertura daquela casa em 1967.

Assim o começo daquela sessão não poderia ser mais promissor.

Mateo Blanco, ou, Harry Caine? Faça a sua escolha.

Almodóvar nos brinda com duas narrativas que correm em paralelo sobre o mesmo homem, o diretor e roteirista Mateo Blanco (Lluís Homar).


A película contém cenas memoráveis, que tornaram o sábado deste narrador menos monótono.

Com enredo e roteiro convincentes, “Los Abrazos Rotos” traz as cores e o melodrama com pitadas de humor à moda “almodovariano”, e também pode ser compreendido enquanto o retrato de um afeto maduro, da melancolia que aflige o ser humano quando algo frustra sonhos, planos e termina por arruinar o curso “normal” da vida.

Por isso a metáfora com o cinema não poderia ser mais feliz ao cutucar tal ferida.

Então surge na tela o amor de Mateo por sua estrela de última hora, Lena, vivida por Penélope Cruz (em grande atuação) e deste encontro assistimos momentos de pura sensibilidade:

Uma praia linda, Villa Famara, um casal e sua paixão capaz de irromper barreiras caminhando com o som de Cat Power ao fundo – e como um mau pressentimento o vento que sopra carrega um jornal e, com ele noticias e razões que levarão o amor de Mateo e Lena a uma encruzilhada que resultará em súbita e brutal separação.

A parti daí descobrimos o porquê da existência do pseudônimo Harry Caine na vida de Mateo Blanco.

Com suas personagens encantadoras como, Judit Garcia (Blanca Portillo) e seu filho, Daniel (Tamar Novas), e outros mais canastrões – observe o empresário Ernesto Martel (José Luis Gómez), Almodóvar prende o espectador na poltrona por cerca de duas horas e meia, com direito a risos e lágrimas.

Sua possível ‘fraqueza’ no final da película causa-nos a nítida impressão que o quebra-cabeça que pode ser a montagem de um filme, ou, os próprios meandros da vida, são montados e remontados inúmeras vezes. 


Los Abrazos Rotos não deixa de ser um conto sobre a superação humana, pois mesmo quando tudo parece às escuras, até mesmo nestes momentos ainda é possível enxergar e se emocionar com as cores impressas por Almodóvar.

Trilha Sonora
Artista: Cat Power
Música: Werewolf

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O Sublime



Parece o mar
Em suas ondas oscilantes
Da calmaria à tempestade
Em poucos segundos
Da serenidade à loucura
Som e fúria
Paixão,
Acalanto e desespero
Morte e vida.

A Sinfonia n°2 de, Gustav Mahler, intitulada – Ressurreição - é uma jóia rara. Nela Mahler Faz uso de grande orquestra, inclusive de músicos nos bastidores, fora do palco, algo não usual.

Nesta sinfonia, a escrita contrapontística de Mahler é um fato que nos prende, hipnotiza. Muitas vezes, o compositor pensa de forma polifônica e é possível seguir a linha de cada conjunto de instrumentos: cada linha é independente, tem um sentido e é indispensável para o todo.

Aqui um pequeno trecho da sinfonia regida pelo Maestro Leonard Bernstein.

Nunca ouvi nada antes mais próximo do que seja uma ressurreição. Malher conseguiu intuir, trouxe uma mensagem poderosa, magnífica sobre o poder da vida e o desespero da ausência dela.

A condução de Leonard Bernstein também é rica, digna da mais pura lágrima, talvez a melhor tradução ao sublime espetáculo da ressurreição de Gustav Mahler.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Saudades do Garoto de Ipanema



“Eu sei que vou sofrer a eterna desventura de viver
A espera de viver ao lado teu
Por toda a minha vida”.

Só quem não veio a este mundo a passeio,
é capaz de rabiscar e musicar versos tão lindos.

Vinicius e Tom,
Devem estar cantando esta poesia por aí...

Trilha Sonora
Artista: Tom Jobim
Música: Eu Sei Que Vou Te Amar

terça-feira, 8 de dezembro de 2009

John




“Quem souber dizer a exata explicação
Me diz como pode acontecer
Um simples canalha mata um rei
Em menos de um segundo
Oh! Minha estrela amiga
Porque você não fez a bala parar”.

Trilha Sonora
Artista: John Lennon
Música: (Just Like) Starting Over

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Dualidade





Dois...
Apenas dois.
Dois seres...
Dois objetos patéticos.
Cursos paralelos
Frente a frente...
...Sempre...
...A se olharem...
...Pensar talvez:
Paralelos que se encontram no infinito...
No entanto sós por enquanto.
Eternamente dois apenas.

Pablo Neruda

Trilha Sonora
Artista: Lúcio Maia
Música: Sem Conserto