segunda-feira, 27 de agosto de 2018

Um deus humanizado


Porque a vida é sim muita dor,
Solidão e algumas
pequenas e esparsas alegrias...

E se você ouvisse alguém dizer que não cometeu suicídio na fase mais sombria de sua vida, apenas porque se estivesse morto não poderia mais beber.

O que você faria?

Bem, eu ficaria quieto, pois cada um sabe o tamanho e a profundidade da sua dor, de suas incapacidades, traumas, impotência frente a problemas e muros que a vida nos impõe diariamente, enfim cada um de nós convive com sua própria tragédia pessoal e, infelizmente não há muito como fugir disso.

A frase em questão foi de Eric Clapton, no auge de sua depressão e alcoolismo. Sim parece difícil acreditar que alguém tão talentoso e sensível artisticamente possa um dia ter dito isso.

Nem tanto, afinal o artista quando sofre parece sofrer mais do que nós, levando a fundo a carga pesada do sofrimento.

Após um hiato de alguns anos sem gravar e nem realizar shows, o guitarrista ressurgiu durante os anos 70 para registrar talvez a melhor fase de sua música. Com o seminal Derek And The Dominos gravou um disco pra lá de bonito, repleto de canções marcantes como a lindíssima Bell Bottom Blues e a antológica e inesquecível Layla.

Anos mais tarde Eric passaria por mais uma tragédia pessoal com a morte prematura de seu então único filho, Conor de quatro anos.

Um pouco dessas referencias e historias estão retratadas no documentário "Life In 12 Bars", sobre a vida pessoal desse gênio das guitarras, que faz questão de não dissociar seu trabalho e talento de seus momentos dolorosos, prestando deste modo um relevante serviço a quem imagine por ventura que a vida de um artista esteja imune a um cotidiano repleto de dissabores, dificuldades e até mesmo trágicas passagens nada glamorosas.

Clapton é humanizado como pouco vezes o cinema conseguiu, gerando sem dúvida uma empatia direta com o público, fãs ou não de sua maravilhosa obra artística.    


Derek And The Dominos - Bell Bottom Blues

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