terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Dois Mundos


Estava escrito em algum lugar, como se fosse um alerta sobre o porvir...

“Sonhe como se fosse viver para sempre; viva como se fosse morrer hoje”
James Dean

Ele gostaria muito de carregar essa frase como seu lema de vida, talvez uma frase para sua lápide, mas quem liga para isso hoje em dia?

Quando se é jovem e o mundo inteiro parece estar ao seu dispor e acreditamos ter uma vida inteira pela frente, torna-se muito fácil crêr em certos sofismas vendidos em embalagens atraentes e sedutoras pelos supermercados da rede otimistas s/a, empresa que possui clientes em larga escala mundo afora, quiçá até em outros planetas e galáxias, dizia ele a boca miúda em momentos raros de humor e sorrisos.

O que ninguém consegue prever, no entanto é quando essa longa e duradoura jornada se findará, sim pois a vida nos demite tal qual empresas, sem avisar e sem nos deixar saber o real motivo, a principal razão desse adeus.

Então apenas partimos.

Sua inadequação social ficava patente, sempre que não conseguia disfarçar o que brotava em seu coração, a definição mais plausível para rotulá-lo era simples, mágoa.

Mas será mesmo? Não haveriam outras razões para defini-lo, apenas mágoas, ressentimentos e frustrações? 

Definitivamente o coro dos contentes não combinava com sua pele, seus olhos e, sobretudo com sua alma de artista...

Logo, um sonhador incurável, mas isso não é paradoxal?

Sim, o mundo deve gerar infinitamente mais dúvidas do que respostas, era sempre a sua deixa em discussões mais acaloradas.

De quando em quando resolvia sair de casa à noite, apenas para olhar o céu negro e suas estrelas cintilantes, talvez um antídoto guardado desde cedo pela memória afetiva mais remota da infância sonhadora e perfeita.

Uma noite por fim declamou em seu auto deserto:

- “Existem dois mundos: o mundo que podemos medir com régua e compasso e o que sentimos com nosso coração e imaginação”.
― Leigh Hunt

Desde então não ouvimos mais falar nele. Dizem que as mágoas o levaram para tão longe,que até hoje não teria conseguido encontrar o caminho de retorno para sua antiga e solitária casa, onde ainda reinam a imaginação e a liberdade sem amarras.

Gabrielle Aplin - Space Oddity


Nenhum comentário: