domingo, 11 de junho de 2017

Clube do tempo


Tomo de assalto as palavras do poeta em letra e melodia.

Eis que agora são 48, metade de 96 que intuo jamais alcançar e não vejo nisso nenhum drama, nenhuma dor insuportável, nada que fuja do correr natural da vida, seja para o bem e, também se for para o mal.

“Não me iludo
Tudo agora mesmo
Pode estar por um segundo...”


Em dias atribulados, repletos de cinismos e retóricas capengas, Miltons, Gilbertos, Caetanos entre outros me parecem escolhas simples e poéticas para este dia...

Porque se chamava moço
Também se chamava estrada
Viagem de ventania
Nem se lembra se olhou pra trás
Ao primeiro passo, aço, aço
Aço, aço, aço, aço, aço, aço

Porque se chamavam homens
Também se chamavam sonhos
E sonhos não envelhecem
Em meio a tantos gases lacrimogênios
Ficam calmos, calmos
Calmos, calmos, calmos

E lá se vai
Mais um dia

E basta contar compasso
E basta contar consigo
Que a chama não tem pavio
De tudo se faz canção
E o coração na curva
De um rio, rio, rio, rio, rio

E lá se vai
Mais um dia

E lá se vai
Mais um dia

E o rio de asfalto e gente
Entorna pelas ladeiras
Entope o meio-fio
Esquina mais de um milhão
Quero ver então a gente, gente
Gente, gente, gente, gente, gente

E lá se vai
Vai
Vai
Vai

Milton Nascimento - Clube da Esquina nº 2


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