Quando criança, Sonan Yuki Vladisk, sonhava em pilotar aviões. Depois de levar uma vida com os pés fincados na esbórnia um dia ele teve um encontro místico que alterou sua rota pecaminosa.
Ouvindo vozes polifônicas e descobrindo vultos ao redor, Sonan deixou de perambular pelo mundo para refugiar-se em um monastério no Sri Lanka. Acordava cedo, meditava por horas a fio sobre o Karma dos pecados cometidos outrora. Era uma vida bem mansa diga-se de passagem...
E foi assim até uma noite fria de dezembro de 2005. Em uma visita ao templo de sua ordem em Londres, Sonan conheceu uma garota de nome Amy...
Daí por diante você pode até imaginar que ele e Amy engataram um lindo romance e viveram felizes para sempre... porém esta história é bem bizarra e merece um final trágico.
Amy atualmente é conhecida por seu sobrenome ‘Winehouse’ enquanto nosso herói Sonan... Bem, Sonan retornou ao monastério e decepou a cabeça dos trinta integrantes de sua ordem no Sri Lanka durante uma sessão de jejum. Depois disso alistou-se na al-Qaeda, aprendeu a pilotar aviões de verdade e pensa seriamente em viver no Brasil, quem sabe no Rio de Janeiro...
Uma ficção ao som de Terence Trent D'arby só poderia mesmo ser algo assim, meio sem pé nem cabeça. Melhor consertar: Totalmente out!
E qual a conexão entre Solano e George? Não sei... talvez nenhuma, talvez toda!
Na Índia pós-Segunda Guerra os americanos em sua expansão do 'American way of life' perguntavam frequentemente aos indianos:
-Vocês preferem as vacas vivas ou mortas?
A resposta era franca:
-Viva é claro! O seu excremento é a fonte de renovação da fertilidade do solo e, consequentemente, da sustentabilidade da sociedade humana e, além do mais ela ainda nos fornece leite.
Adentrou ao bar cabisbaixo por volta das onze da noite. Era uma segunda-feira fria – um convite a sombria solidão. Foi ao balcão e pediu um Bourbon, teria que ser duplo...
Fugiu-lhe a memória alguns traços da face do ser amado, mas restava-lhe ainda um detalhe da silhueta esvoaçante presa à meia-luz daquele boteco esfumaçado e empoeirado.
Pagou a conta e partiu. Sumiu pelas ruas do centro tal qual perdera sua chance de encontrar alguém.
Carregou consigo a frase: Tente novamente, o que lhe gelava a alma assim como o frio daquela madrugada.
Na tela John Travolta e Cynthia Rhodes. O filme foi um fiasco e teve na produção e direção, Sylvester Stallone, que como vemos na cena da multidão aparece rapidamente de óculos escuros.
A balada é dos Bee Gees – e como sempre é linda – vale a citação.
O Capital Inicial fez uma homenagem justa e bacana ao Aborto Elétrico – primeira banda de Renato Russo e dos irmãos Lemos, Felipe (bateria) e Flávio (contrabaixo), ambos integrantes do Capital. Construção Civil é uma das relíquias guardadas de um Renato ainda adolescente. É fácil delinear as aptidões de Renato para a prosa, poesia e fina ironia.
Em ano de eleições eu sempre me recordo desta composição, mas por que será afinal?
Não fisicamente, mas certamente de maneira espiritual. Quantas delas seguiram as artes após este encontro com a legenda Burt Bacharach? Isso não importa tanto, o mais importante é que suas vidas fatalmente foram transformadas de algum modo pela inspiração artística do maestro, compositor e pianista norte-americano.
O mundo é um circulo, a vida é cíclica, Bacharach é um gênio da raça e ponto.
Like a break in the battle was your part, o-o-oh, o-o-
Não tinha muito como fugir do olhar e da voz marcante de Chrissie Hynde, a paixão era questão de tempo, muito pouco neste caso.
Esta é uma das baladas que ainda hoje quando escuto sou capaz de sentir a mesma alegria das primeiras audições. Aqui no Brasil muita banda de pop rock imitou os Pretenders, de São Paulo ao Ceará, do Oiapoque ao Chuí.
Eu não tenho tempo
Eu não sei voar
Dias passam como nuvens
Em brancas nuvens
Eu não vou passar
Eu não tenho medo
Eu não tenho tempo
Eu não sei voar
Eu tenho um sapato
Eu tenho um sapato branco
Eu tenho um cavalo
Eu tenho um cavalo branco
E um riso, um riso amarelo
Eu não tenho medo
Eu não tenho tempo
De me ouvir cantar
Eu não tenho medo
Eu não tenho tempo
De me ver chorar
Eu não tenho medo
Eu não tenho tempo
E eu não sei voar
E o tempo voa como um solo de guitarra...
Trilha Sonora Artista: Zeca Baleiro/Fagner Música: Não Tenho Tempo
Alguém na rua pergunta: Existe mesmo fila de espera para adentrar aos céus?
Com meu tolo racionalismo respondo: É claro que sim! Pois se há no Burger King uma fila de incautos comedores de carne vermelha à espera de prazer tão servil, porque não haverá no paraíso milhões de candidatos enfileirados de frente aos portões celestiais?
Eu adoro café preto expresso, daqueles que provocam azia, mas de tão bom vale o risco. Ouvindo Julie London então a sensação piora, ou, melhor, descamba...
Lá fora chove e eu com o meu expresso me deleito ao som da voz de Julie,
Por mais que eu queira não consigo. Todas as manhãs eu corro para esquecer as minhas dores, frustrações e horrores pessoais. Dia desses me deparei com ela, quase sem querer...
Era uma gata sossegada, de olhar imbatível – porque dizem que os olhos são as janelas da alma – e eu de vez em quando ainda acredito nisso...
Desde então eu pareço um míope se esgueirando pelas ruas da cidade a procura de alguém que se perdeu no tempo e no espaço.
É certo que a noite lá nos meus sonhos mais calientes a encontrarei sorrindo e me provocando.
Acordei naquele domingo cansado da vida. Não levantei cedo, não tomei café, não escovei os meus dentes, não sorri quando avistei a Fedora.
Ficaria um dia inteiro descrevendo os nãos daquele dia, prefiro então enumerar outras causas.
Primeiro: Porque alguém é feliz simplesmente por ter um domingo de folga?
Segundo: Será que existem outros pratos além da lazanha e da famigerada macarronada para se comer aos domingos?
Liguei o som no talo e ouvi Morrissey sussurrando:
Everyday is like Sunday
Everyday is silent and grey
Pronto: Acabara de preencher o vazio do meu domingo, pelo menos por quatro eternos minutos.
Depois disso li Neil Gaiman, escrevi alguns versos, lembrei de alguém (sempre, sempre a mesma história), e no final da noite após comer um omelete de queijo e presunto com ervas, cantei sozinho “Everyday is Like Sunday”, me deu uma vontade pavorosa de chorar, mas era apenas mais uma noite solitária de domingo em minha vida suburbana.
O crepúsculo dos deuses. Perceba a indiferença entre John e Paul. Veja um Ringo petrificado e um George murcho, sem graça.
São os momentos finais dos FAB Four, e lá estava Yoko ao lado de Lennon, não existia mais clima. Talvez até por isso esta versão – que é a original para “The Long and Winding Road” pareça ser ainda mais bela. No órgão vemos a figura de Billy Preston um músico de mão cheia, que faleceu em 2006. Paul não consegue disfarçar o mal estar...
…Nos somos uma espécie de elétron sem núcleo. Temos um cartão de crédito no lugar do cérebro. Um aspirador no lugar do nariz, e nada no lugar do coração...”
Lolita pille
A vida ensandecida de Hell contaminou a minha sanidade numa noite de terça-feira. Ao terceiro e derradeiro sinal, o mais temido para atores e diretores em noite de pré-estréia, as cortinas do inferno caíram bem ali na minha frente. Do cenário à meia-luz e da trilha sonora envolvente, “Demain” na voz da bela francesa Berry, emerge em cena a persona Hell.
Ao cair da noite e quando escurece Paris muda de cor e sentidos...
A fumaça dos cigarros de Hell adverte: serão noventa minutos de angústia narradas em primeira pessoa pela personagem principal que nos leva a uma história de amor, intensa, cega, e sem limites.
A banalidade da vida de Hell (Bárbara Paz) e Andrea (Ricardo Tozzi) é devastadora, uma polaróide da vida irreal ornamentada por drogas, álcool, sexo, luxo, e futilidades...
O cheiro do cigarro que Bárbara Traga em cena invade as minhas narinas, ao redor ouço o barulho de tosse em todo o teatro. Se o diretor Hector Babenco queria transpor Hell das páginas do livro para o palco a fim de traumatizar-nos a todos, a sociedade hipócrita, ele foi feliz em seu intento: sinto-me por alguns segundos dentro do inferno chamuscando a minha alma de dores intransponíveis, iludindo os meus olhos com a beleza física e teatral de uma Bárbara Paz possuída por sua personagem, até desaparecer ao som da trágica "La Traviata" numa cena comovente.
Quando tudo acaba então percebo que aos poucos retorno para o mundo real... Avisto Marina Lima, Bruno Barreto, Rubens Ewald Filho, Daniel Piza, Tereza Collor, dentre outros ilustre convidados, mas minha mente não pára de pensar e memorizar a figura de Hell, com quem certamente ainda sonharei por alguns longos anos.
Ela guardou um segredo por décadas a fio, mas próximo aos 50 anos desistiu de qualquer aparente moralidade. Foi na sala de jantar de sua casa de frente a família reunida numa data festiva:
- Preciso confessar: Eu sou a Madonna, não pense que estou louca, eu sou a Madonna!
Desse dia em diante Madonna nunca mais se arrependeu de ser ela mesmo.
Eu me lembro vagamente de um carnaval há muitos anos. Foi em uma cidade do interior, será que foi em São Carlos, São Roque ou Santo Anastácio? Curiosamente são todas cidades com nomes de santo e, “meu filho vai ter nome de santo”, se um dia eu tiver um, é claro.
Então você já reparou como as crianças não fazem acepção entre o profano e o sagrado? Ah... Isso é genial! Alguns diriam até infernal...
Mas...O que me importa agora são as lembranças do meu primeiro olhar fortuito e malicioso lançados na direção de uma mulher... Isso quando eu nem sonhava com o dia em que ousaria desvendar o que vem a ser o universo feminino.
Bem... Esse dia desconfio que jamais chegará, e disso todos nós homens adultos já sabemos de cor e salteado desde adolescência, antes mesmo de levarmos o primeiro e inesquecível fora da garota mais bonita da escola, da rua, ou de marte!
E que mulher era aquela...
Ela era linda, simplesmente estonteante como um dia de sol à beira de uma cadeia de montanhas que aparentemente são inatingíveis. Meus olhos saltaram, meu coração disparou, meu sangue ferveu, eram sensações ainda inéditas para um garoto tolo da roça...
E de repente algo aconteceu, se era que alguma coisa mais surpreendente me poderia ocorrer naquele instante. Eu notei que ela caminhava na minha direção, passo a passo, lentamente desfilando uma elegância ímpar a bordo de um vestido branco adornado com discretas bolinhas pretas, olhos castanhos ressaltados por longos cílios postiços, bolsa vermelha a tiracolo, boca grande, dentes brancos perfeitos que compunham um sorriso extrovertido, tão sensual quanto a cor do seu batom vermelho.
E no meio daquela passarela estava eu, um garotinho inofensivo, de cabelos encaracolados, olhos assustados, magrelo, e eletrificados pelas formas geométricas de uma legitima representante do mundo desconhecido das fêmeas da minha espécie.
Foi aí que quase desapareci do mundo:
- Oi benzinho! Que garoto fofo! Carinha angelical a sua não? Você sabia que algumas mulheres dariam tudo e um pouco mais para terem um rosto como o seu em casa? Ah! Existem outras que desejam carinhas mais sapecas, de moleque atrevido, você entende o que eu falo?
-Eeeuuu?
A minha barriga começou a doer, eu acho que eu tremia como um cachorro quando vai ao veterinário. Tudo o que eu gaguejando consegui expressar com muito esforço e alguma nitidez foi:
-éééé... mesmo?
Encabulado pela beleza extraordinária da moça eu sucumbi em vermelhidão facial e outros distúrbios bem característicos da idade.
-Ela veio, conversou, apalpou o meu rosto e na mesma maciez com que chegara partiu deixando como consolo uma visão de um paraíso inalcançável para um garoto que ainda mal havia saído das fraudas.
É...A memória é mesmo algo que ninguém pode roubar-nos, a não ser é claro o malditoAlzheimer.
Sim, o nome daquela pequena? Talvez fosse Judy, Audrey, Scarlett, Rita, Marylin, Ludmila, ou até mesmo Maitena.
Eu sou feita de madeira
Madeira, matéria morta
Mas não há coisa no mundo
Mais viva do que uma porta.
Eu abro devagarinho
Pra passar o menininho
Eu abro bem com cuidado
Pra passar o namorado
Eu abro bem prazenteira
Pra passar a cozinheira
Eu abro de sopetão
Pra passar o capitão.
Só não abro pra essa gente
Que diz (a mim bem me importa . . .)
Que se uma pessoa é burra
É burra como uma porta.
Eu sou muito inteligente!
Eu fecho a frente da casa
Fecho a frente do quartel
Fecho tudo nesse mundo
Só vivo aberta no céu!
Vinícius de Moraes
Trilha Sonora Artista: Richard Hawley Música: Open Up Your Door
Era uma vez um garoto esquisito que adorava cantar, dançar e compor...compor... Compor compulsivamente. O rapazinho cresceu e parece ter voado para outras galáxias...
Eis Prince e todo seu suingue sangue bom...
Virou símbolo, depois voltou a certa realidade...
Mas sujeitos como ele definitivamente não vivem neste mundo...