Aqui
dois exemplos do jogo dos contentes que vez por outra cito neste espaço. São
duas capas da Revista Isto é, a da direita é a capa desta semana, e da esquerda é mais antiga. Em comum as duas com intenção ou não, terminam por vender uma
ideia de felicidade que nos persegue cotidianamente. Nos dois casos a
felicidade está focada no crescimento econômico dos personagens citados nas
respectivas capas e matérias.
Não
existe nenhum problema em traçar um perfil de pessoas que cresceram economicamente
nos últimos anos em solo pátrio, tampouco revelar que alguns brasileiros da
dita terceira idade vão muito bem obrigado em suas vidas.
Mas... mas...
O
que incomoda nos dois casos é a falta de um contraponto, de outro olhares, como
que o leitor pudesse indagar espontaneamente:
-Mas
e os outros que não tiveram essa sorte, oportunidade, ou quem sabe apenas foram
honestos durante suas vidas e desta forma não enriqueceram, não prosperaram. E
daí? Existem? São pessoas fracassadas é isso que vocês querem dizer? Mas por quê?
Porque
infelizmente uma minoria de pessoas com mais de 60 anos vivem dignamente neste
país... Muitos idosos estão internados em hospitais públicos, sem sequer
receberem um atendimento médico adequado e terão um final de vida melancólico.
Este
tipo de matéria apenas endossa uma vaga sensação de mascaramento social, de uma
sociedade do faz de conta, distante de outras tantas possibilidades, inclusive
a de ser alguém dito feliz sem ter nenhum tipo de sucesso. Me parece razoável
destoar da maioria neste caso...
A
mídia como um todo no país é muito unilateral, vende o que lhe interessa,
melhor dizendo, vendem geralmente ficção, estórias onde a veracidade é tão
concreta e sólida tal qual qualquer telenovela. Não existe responsabilidade
neste caso, ficção vira realidade e pronto. Acredite se quiser!
Neste
jogo dos contentes me parece cada vez mais proposital este intento arrogante de
não aprofundar nada, é algo como se as pessoas não fossem capaz de analisar
realidades dispares, o leitor no fim das contas é tratado como um idiota, um imbecil
incapaz e, querendo ou não a imagem que perpassa é: Todos nós precisamos ser
felizes a qualquer preço, sobretudo ganhando muito dinheiro, adquirindo bens,
consumindo muito, tendo saúde, corpos bem esculpidos, etc. e tal...
Quer
saber? Prefiro viver a vida de outra maneira, sem afetação, um dia de cada vez.
Nenhum comentário:
Postar um comentário