É
perigoso a gente ser feliz
A
gente começa a achar tudo lindo, divino, maravilhoso
Nossos
olhos não perdem mais certo brilho
Parece
que achamos uma constelação...
É
perigoso a gente ser feliz
Porque
a gente começa a acreditar que todos são felizes
E
se esquece do peixinho dentro daquele misero aquário
Solitário,
mudo e quase invisível.
Ele
está prestes a morrer
Será
que mesmo assim ele sorriu?
É
perigoso a gente ser feliz
Porque
assim deixamos de ver aqueles que suspensos
Pairam
sobre nós
À
margem nas calçadas
No
metro
Viadutos
nas
praças escondidos
sobre
seu único teto,
a
imensidão do céu
sem
abrigo ao frio, calor, sol ou chuva.
É
perigoso a gente ser feliz
Pois logo a propaganda de margarina
e
a capa da revista serão um referencial de vitória
mascarando naquele sorriso a amargura
do
egoísmo, da falsa necessidade, da vida supérflua e miúda
sem
grandes gestos
É
perigoso a gente ser feliz
Quando
se perde a sensibilidade do olhar
Quando
a atriz despenca do sétimo céu e não há redes
Para
amortecer a sua queda.
Mesmo
assim
Peço
ao poeta:
Sim,
me leva pra sempre, Beatriz
Me
ensina a não andar com os pés no chão...
Vitrola:
Maria João e Mário Laginha – Beatriz
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