sexta-feira, 29 de junho de 2012

Sem Surpresas



Era uma sexta-feira daquelas em que clamamos a todos os santos pela providencial chegada da segunda-feira.

Afrouxei a gravata e adentrei no elevador sem muita pressa. Ganhei o rumo da rua – um solitário sonhador em meio ao rush da Avenida Paulista, mais um na multidão, perdido na procissão dos pecadores da seis da tarde com um nó enorme preso na garganta.

Um vento frio vindo a leste batia contra o meu rosto e a garoa caía formando um balé esfumaçado junto às luzes na fria noite paulistana, enquanto meu mp3 executava “No Surprises” do Radiohead.

A cena parecia melancólica – ainda mais com o eco das buzinas de carros e motos no sentido da Consolação, mas não existe consolo algum no anonimato solitário da metrópole.

Era tudo que eu buscava naquela noite, um antidoto contra a indiferença, ante a monotonia cotidiana de nossos pequenos e colossais dilemas existenciais.

Radiohead - No Surprises

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