Acabada
a sopa de nabos, um ferreiro cochilou por instantes junto ao fogo, depois foi
deitar-se ao lado da esposa, soprou a vela e adormeceu.
Sonhou
que subia em uma carruagem. Os cavalos galopavam, galopavam, e embora a noite
fosse interminável, logo chegaram a uma cidade e pararam diante de uma
edificação nobre e grandiosa. O ferreiro saltou, atravessou o grande umbral,
subiu a escadaria de pedra. Seus pés conheciam cada degrau. Chegando ao alto,
abriu a segunda de muitas portas de uma longa galeria e, apressado para não ser
colhido pela manhã, despiu-se e meteu-se entre os lençóis na grande cama de
dossel vermelho. O dossel ondulou de leve, sua cabeça despencou no sono.
Acordou
com a primeira luz da manhã varando a janela e cortinado. Suas roupas estavam
na cadeira. Vestiu-se rapidamente, abriu a porta, desceu a escadaria, e entrou
na carruagem.
Os
cavalos galoparam, galoparam e embora o dia parecesse não ter fim, logo era
noite e chegaram a uma aldeia. Pararam diante de uma casa. O ferreiro saltou,
empurrou a porta que sua mão conhecia tão bem, sentou-se à mesa e começou a
comer. Acabada a sopa de nabos, cochilou por alguns minutos junto ao fogo,
depois foi deitar-se com a esposa, apagou a vela como quem apaga o dia, e
entregou a cabeça ao travesseiro.
Lá
fora, a carruagem esperava.
*Um
conto de autoria de Marina Colasanti
Guilherme
Arantes – Pérolas de Neon
Nenhum comentário:
Postar um comentário