“il y a toujours quelque chose d’absent qui me
tourmente” (Existe sempre alguma coisa ausente que me atormenta).
Eu mergulhei nas palavras da velha catedral
francesa. Envolto pela garoa fina que caia do branco céu parisiense. Eu andava
sozinho pela île de la Cité acompanhado do vento cortante do inverno europeu,
abismado com a força libertaria da distancia, de pisar ruas seculares e
respirar a bruma do Sena.
Eu era Dylan cantando Blowin’ in Wind e Quantos
caminhos um homem precisa percorrer antes, que seja chamado de homem?
Mas então vezenquando fico cá a pensar: eu sei que
ali eu nasci, pelo menos no que diz respeito ao meu amor por uma terra
estrangeira da qual sinto cheiro quando puxo pela memória as manhãs charmosas
de janeiro. Estou sempre correndo na direção dos Jardins de Luxemburgo por
entre as cirenes da quase histérica policia francesa que atravessa o bulevar de
Montparnasse em disparada perseguição. Só não sei ao certo ao que tanto
perseguem. São os terroristas, penso cá eu, nem um pouco preocupado, pois em
Paris a maior indagação deve ser: Como não sonhar com esta cidade?
Sim, aquele Palácio e aquele jardim agora são meus!
Então cuidem bem dele, de suas árvores de suas flores e plantas, de sua terra,
de suas estatuas, de sua infinita beleza. Habito por lá, mesmo estando ainda
aqui na fuligem paulistana, onde sequer podemos pensar em caminhar ao largo do
moribundo Tiête.
As odes são sempre temperadas pelo exagero, pela
traição da memória que registra-nos apenas o que nos agrada quando estamos a
passeio.
Eu, o tagarela do metro parisiense – tentando
acertar a pronuncia das estações, e fazendo todos ao lado abrirem um discreto
sorriso.
The Style Council - Down In The Seine
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