Na
raia eu nadava todos os dias, fizesse sol ou chuva, calor ou frio.
Na
avenida ele, alguém aparentemente distante, caminhava todas as manhãs,
observando o cotidiano da cidade que nunca dorme. Em pouco mais de dois quilômetros
de caminhada pela avenida enfeitiçada ele colecionou panfletos. Tinha de tudo
um pouco: anúncio de trabalhos espirituais para trazer o amor de volta, formulas
milagrosas de emagrecimento, propaganda de planos médicos, clube de dança e até
um convite para assinar um abaixo assinado contra a polinésia francesa.
A
noite no seu retorno para o lar, os telões exibiam lances de uma partida de
futebol, em meio a uma propaganda de um banco que anunciava a ‘sustentabilidade’,
o mundo já foi menos cínico, pensou ele. Cruzou calçadas repletas de mesinhas
de bares, que não pagam imposto para utilizar o passeio público,viu ali jovens incinerados
pelo cigarro e embriagados da felicidade fulgaz de uma porção de álcool...
Já
era tarde para ele e para tantos outros que dormiriam por ali mesmo, abraçados
ao chão duro e enrolados pelo papelão de produtos caros de pessoas ricas que
habitam aquela mesma cidade. Sejamos sinceros: Não existe igualdade! É só música urbana...
Vitrola:
Música Urbana 2 – Legião Urbana
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